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Atividade industrial no PIM próximo ao nível pré-pandemia

Atividade industrial no PIM próximo ao nível pré-pandemia

Depois de registrar três altas seguidas, a atividade industrial se aproxima dos níveis pré-pandemia, em termos de produção e uso de capacidade instalada, ensejando otimismo entre os empresários do setor, assim como maior intenção de investir e contratar. É o que apontam os dados mais recentes da Sondagem Industrial da CNI (Confederação Nacional da Indústria), referentes a julho.

Lideranças do PIM ouvidas pelo Jornal do Commercio apontam que a retomada da indústria incentivada segue em ritmo acelerado rumo à recuperação, apresentando níveis médios de UCI (utilização da capacidade instalada) mais de dez pontos acima da média nacional (67%) chegando a picos de 90% em duas rodas, eletroeletrônicos e bens de informática – embora segmentos como o relojoeiro sigam na marca dos 30%. A avaliação local é que também já começa a surgir espaço para o retorno dos investimentos e contratações.

O levantamento da CNI aponta que, após quatro baixas, julho foi o primeiro mês que a indústria registrou aumento no número de empregados. A UCI, no entanto, começou trajetória de recuperação  mais cedo, largando de 49%, em abril, para os atuais 67% – 1 ponto percentual abaixo do observado em fevereiro de 2020 e julho de 2019.

A sondagem aponta que o horizonte é promissor para o empresário industrial. Todos os índices de expectativa, que já estavam acima da linha de 50 pontos em julho, continuaram trajetória ascendente em agosto. A expectativa para demanda foi o indicador que registrou o maior valor (61,4 pontos), um aumento de 4,8 pontos percentuais na comparação com o número anterior. O índice de expectativa de exportação registrou nova alta (+1,3 ponto) e chegou aos 52,4 pontos.

Para compras de matéria prima, a expectativa, após a nova expansão, ficou em 58,7 pontos, uma diferença de 4,4 pontos percentuais na comparação com o mês anterior. O índice de expectativa de número de empregados também cresceu pelo quarto mês seguido. De julho para agosto o indicador foi de 50,4 pontos para 53,5 pontos.

O cenário otimista puxa para cima a intenção de investir. Em agosto, o índice aumentou 4,3 pontos percentuais na comparação com julho e chegou a 51,0 pontos. A alta acumulada desde abril foi de 14,3 pontos e, com isso, o índice voltou a superar a média histórica (hoje em 49,4 pontos). Realizada mensalmente, a sondagem da CNI ouviu 1.890 empresas de pequeno, médio e grande porte, diversos segmentos, em todo o território nacional – inclusive do Amazonas –, entre os dias 3 e 13 de agosto.

“Sinal de arrancada”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, confirma que o setor secundário está dando uma boa resposta de recuperação após o período mais intenso da pandemia. De acordo com o dirigente, o aquecimento da produção acontece em razão do crescimento da demanda por produtos manufaturados, não apenas de gêneros alimentícios, mas também pelos demais produtos essenciais nessa volta ao “novo normal”.

Antônio Silva

“Isso é revelado pelo aumento da capacidade instalada das fábricas, em função do incremento da produção e da retomada do emprego. Tudo isso também ocorre aqui, na ZFM, com aumento da compra de insumos nacionais e importados, um sinal inequívoco de arrancada de produção que nos situa muito bem no contexto nacional. As expectativas dos próximos meses são muito boas e esperamos os dados definitivos de julho para confirmar nossas previsões de mais crescimento”, afiançou.

De acordo com Antonio Silva, a média da utilização capacidade instalada no PIM atualmente supera 78,5%, nível bem superior às marcas de maio (77%), abril (62%) e março (74%), mas ainda abaixo dos patamares de fevereiro (82%) e janeiro (81%). O presidente da Fieam diz que a tendência é que o setor siga retorno gradativo ao ritmo pré-pandemia e salienta que a média acumulada no primeiro semestre do ano já supera o número registrado no mesmo período do ano passado.

“As expectativas para o segundo semestre são otimistas, porque esperamos em julho ver consolidada essa tendência de crescimento, reduzindo ao máximo nossas perdas com a pandemia. O aumento da demanda em nível nacional e da produção local, nos anima a dizer que pode, sim, motivar e atrair investimentos e empregos. O que destoa dos setores primário e secundário, é o setor terciário, que apresenta dificuldades de recuperação a nível nacional. Entretanto, a tendência é ser motivada a recuperação do setor de serviços, ao reboque do crescimento industrial”, asseverou.

Favorecido pela pandemia

Na mesma linha, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, avalia que o otimismo no setor é um fato, dado os números crescentes da indústria, mês a mês, e das expectativas de que a política anticíclica do auxilio emergencial seja estendida até as festas de fim de ano, em tempo de atender o período de tradicional aquecimento da manufatura.

O dirigente considera que alguns segmentos despontam como promissores justamente em virtude da pandemia, a exemplo das indústrias de motocicletas e de bicicletas, dado que o consumidor já começa a evitar o vetor de contágio do transporte coletivo, entre outros fatores. Da mesma forma, bens de informática e eletroeletrônicos em geral foram favorecidos pela amplitude do uso do home office e pelo desejo do consumidor de melhorar o ambiente do lar, segundo Périco.

“Esperamos que o mercado se mantenha aquecido e que isso se reflita na atividade industrial. Existem diferenças de comportamento de mercado para cada segmento. Aquelas indústrias que trabalham com gêneros de primeira necessidade, por exemplo. O que pode trazer algum risco para nós não temos indústrias desse tipo de produto no PIM. As que aqui estão são majoritariamente de bens duráveis. A dúvida é se isso vai se manter assim para o que fazemos aqui”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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