Pesquisar
Close this search box.

Atacarejo é preferência nacional

Mais de 60% dos lares brasileiros realizam pelo menos uma compra por ano em atacarejos –lojas que vendem produtos tanto no atacado quanto no varejo. Esse é o formato de varejo alimentar com maior penetração no país, seguido pelos supermercados.

Mas nem sempre foi assim. Em 2015, quando o Brasil vivia outra crise, a taxa de penetração do atacarejo era de 47%, perdendo para os supermercados (58%). A situação se inverteu em 2017, segundo dados da Nielsen. Desde então, os atacarejos reinam absolutos na preferência dos compradores brasileiros.

“Esse modelo de negócio performa muito bem em momentos de crise. Tivemos três crises sequenciais, que fizeram com que esse formato ganhasse destaque e a preferência do consumidor brasileiro e dos pequenos comerciantes”, afirma Eduardo Yamashita, diretor de Operações da consultoria Gouvêa Ecosystem.

Segundo ele, esse comportamento não é exclusivo do brasileiro. “Nos Estados Unidos e países da Europa, quando o desemprego aumenta e a renda diminui, o consumidor começa a buscar preços menores em detrimento da qualidade dos serviços”.

Por que isso acontece?

Porque o consumidor espera encontrar no atacarejo preços menores do que os cobrados nos hipermercados e supermercados. “A gente já viu a força do atacarejo em crises anteriores e isso não foi diferente em 2020. Em situações de crise, as pessoas buscam estratégias para manter seu poder de compra”, diz Bruno Achkar, coordenador de atendimento ao varejo da Nielsen.

São duas as estratégias mais usadas para fazer o dinheiro render mais em situações de crise financeira. “O consumidor pode migrar para uma marca mais barata ou se manter fiel à marca e buscar um canal de vendas mais barato. Normalmente, a fidelidade à marca é maior do que ao canal de compra. É aí que o atacarejo se destaca”, afirma Achkar.

Como tem sido o desempenho do atacarejo?

O atacarejo vende muito mais que outros formatos de negócio. De janeiro até 14 de março, as vendas do atacarejo subiram 22,8% na comparação com igual período de 2020. Já o faturamento do varejo físico total, que inclui supermercados, hipermercados, atacarejos e farmácias, cresceu 14,5%.

O formato com menor crescimento foi o de hipermercados, com incremento de 6,3% no mesmo período. Isso explica a decisão de grandes varejistas de converter seus hipermercados em atacarejos.

“O investimento em um atacarejo é muito menor do que em um hipermercado, seja pela localização do terreno (são mais afastados) ou pelos gastos com a infraestrutura do negócio. Por incrível que pareça, mesmo com margens apertadas, o atacarejo traz mais lucro que o hiper”, afirma Yamashita.

Mas é só pessoa física que compra em atacarejo?

Não mesmo. Yamashita diz que de 40% a 60% das vendas dos atacarejos são feitas para pequenos comerciantes. “Esse é o formato de negócio mais vantajoso para pequenos comerciantes, donos de bares, restaurantes e até de supermercados menores. Por isso, o volume de vendas no atacarejo é tão grande”.

“Há um equilíbrio entre os perfis de consumidores finais e comerciantes. Somos a primeira opção de compra entre os microempreendedores e pequenos comerciantes, mas, ao mesmo tempo, cada vez mais os consumidores finais descobrem as vantagens de comprar nos atacarejos”, diz Marco Oliveira, vice-presidente do Atacadão.

No Assaí, 50% das vendas são para pessoas físicas e 50% para pessoas jurídicas.

Esse formato vai crescer?

Achkar diz acreditar que sim. “Esse canal ainda não está desenvolvido, ainda tem espaço para crescer.” Segundo ele, 40% das vendas do varejo tradicional já acontecem nos atacarejos. No Nordeste, esse percentual chega a 60%. “Alguns anos atrás, eles representavam 30%. Não acredito que o desempenho vá parar nesses 40%, vai continuar crescendo”.

Planos de expansão

O Atacadão está presente em mais de 160 cidades de todo o país, com 215 lojas de autosserviço. “Para este ano, nosso objetivo é manter o plano de crescimento com base, com a abertura prevista de 20 novas lojas por ano”, disse Marco Oliveira, vice-presidente do Atacadão.

Em 2021, além da conclusão da integração das 30 lojas do Makro adquiridas no ano passado, ele diz que o Atacadão vai fortalecer sua operação de e-commerce. “No quarto trimestre de 2020, tivemos 131 mil clientes via canais digitais e as vendas online cresceram 142% sequencialmente, demonstrando a escalabilidade e a força destas plataformas. Se olharmos para o ano passado como um todo, as vendas online de alimentos, consolidadas aumentaram cerca de 240%.”

O Assaí possui 185 lojas distribuídas em 23 Estados (incluindo Distrito Federal). O plano da companhia é abrir 28 novas lojas este ano e mais de 25 por ano até 2023.

Foto/Destaque: Divulgação

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar