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Associação Comercial do Amazonas continua lutando pelo Estado

Uma das instituições mais longevas do Amazonas, a ACA (Associação Comercial do Amazonas) completou 150 anos no dia 18 passado. Curiosamente, um dos primeiros presidentes da ACA, o escocês James Baird, é trisavô de Sócrates Bomfim Neto, CEO do Jornal do Commercio, agraciado com a “Medalha do Mérito do Sesquicentenário”, instituída em comeração aos 150 anos de criação da entidade empresarial, em solenidade em comemoração à data, na noite de sexta-feira, no Centro Cultural Palácio Rio Negro.

“Os 150 anos de fundação da ACA comemoram um marco histórico na vida social, política e econômica do Amazonas”, falou o presidente da Assembleia Geral da Associação.  “Em meu nome, em nome do Jornal do Commercio e dos meus antepassados James Baird, Sócrates Bomfim e Guilherme Aluízio, quero agradecer a homenagem da ACA.  Ela é uma associação extremamente importante para vida comercial, política e empresarial do Amazonas e da cidade de Manaus e me sinto orgulhoso e honrado de poder fazer parte da história dessa associação, já na quarta geração”, afirmou Sócrates Bomfim Neto. 

Durante a solenidade, também foram empossados os novos membros de um terço da diretoria plena da ACA para o triênio 2021/2024 e realizada a entrega da “Medalha do Mérito J.G. Araújo” a empresários que registram muitos anos de dedicação à atividade comercial, contribuindo com o desenvolvimento do Estado por meio da geração de emprego e renda. Na ocasião, também foi feita, ainda, a homenagem às 20 empresas mais longevas do setor.

Um pouco de história

Uma das medidas iniciais tomadas por D. João VI quando de sua mudança para o Brasil, em 1808, foi liberar a abertura dos portos às nações amigas, principalmente para a Inglaterra, a maior potência industrial da época.

Foram necessários mais 58 anos para que a mesma medida fosse tomada para os portos da distante e ainda desconhecida Amazônia. Em 1866, sob o Império de D. Pedro II, finalmente uma Lei autorizou a abertura do rio Amazonas à navegação internacional.

“Depois de acirrados debates legislativos, pela Lei Geral nº 3749, de 7 de dezembro de 1866, o Império do Brasil finalmente abriu à navegação internacional, o rio Amazonas até Tabatinga e os baixos cursos do Negro, Tapajós, Tocantins e Madeira, além do São Francisco, ato complementado pelo Regulamento de 31 de julho de 1867, estabelecendo a Alfândega de Manaus, instalada a 27 de março de 1869”, escreveu o historiador Antonio Loureiro em seu livro ‘História da Navegação do Amazonas’.

 O primeiro pleito

Mas o que isso tem a ver com a instalação da ACA (Associação Comercial do Amazonas), em 18 de junho de 1871, na capital da província?

As potências estrangeiras tinham grande interesse em conhecer a região, até então fechada, e não necessariamente comercializar com a ínfima população. Manaus possuía 17 mil habitantes, mas os poucos comerciantes que aqui já existiam tinham o maior interesse em vender seus produtos, extraídos da floresta, para o mundo, e ter seus direitos respeitados, por isso trataram logo de criar a ACA, conforme um dos artigos de seu estatuto, com o objetivo principal de “promover por todos os meios ao seu alcance, o desenvolvimento das classes empresariais, a sustentação e defesa de seus legítimos direitos e interesses”.

Desde a criação da província do Amazonas o comércio de produtos da floresta exportados para o mundo via porto de Belém, era intenso, segundo Loureiro: cacau, couros, breu, jutaicica, sebo, piaçaba, pirarucu, peixe boi, puxuri, café, cumaru, cravo, borracha, grude de peixe, urucu, guaraná, salsa, tabaco, óleo, manteiga de tartaruga, mixira, estopa e castanhas, entre outros. Com a vinda dos navios estrangeiros, chegavam os produtos de diversos outros países, tanto que o primeiro pleito da ACA, já em 25 de novembro de 1871, foi desobrigar a navegação local da prioridade de carga para Iquitos, dirigido ao general José de Miranda da Silva Reis, presidente da Província. No ano seguinte, 10 de junho de 1872, foi pedido ao Congresso um benefício fiscal para o Amazonas de isenção de direitos sobre mercadorias estrangeiras. Um prenúncio da futura Zona Franca. 

Ações de James Baird

A partir de 1881, James Baird aparece como um dos presidentes da ACA, além de outros estrangeiros como Adolpho Gotteschals, A. H. de La Baume e Arthur Johnston.

Entre as ações destes homens constam a solicitação, em 1881, da criação de um banco e a construção de um trapiche em apoio à exportação, que desempenhava um valor crescente na cidade. Em 5 de janeiro de 1884 foi solicitado ao Imperador facilidade nos despachos de importação. Em 1888 a Província do Amazonas sofria crise sem precedentes, como reflexo no escasseamento das reservas brasileiras, atingindo de forma alarmante a subsistência da economia. A 12 de dezembro de 1888 era pedido um prazo de 20 dias, mediante assinatura de letras, nos direitos de exportação vencíveis nos três meses seguintes. Em 20 de setembro de 1889 a ACA pediu providências urgentes para regularização das dívidas da Província ao funcionalismo e aos fornecedores. Dois meses depois, agora sob o sistema republicano de governo, a ACA procurou de imediato a Junta Provisória, que governava o Estado, fazendo pleitos e emitindo pareceres e informações sobre o ponto de vista comercial. Em 28 de novembro de 1889, os integrantes da Junta Provisória prometeram que a mudança do regime em nada alcançaria as atividades comerciais.

Em 21 de abril de 1939 foi lançada a pedra fundamental da sede onde hoje funciona a ACA, à rua Guilherme Moreira, 28, sob a presidência de José Nunes de Lima, com projeto do ex-presidente, engenheiro Aluízio de Araújo.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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