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Aspectos centrais sobre TI na gestão institucional – parte 7

Gerenciar, que é a mesma coisa que administrar, é gerar resultados a partir do uso racional de recursos, entendida, aqui, a racionalização como o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar. Assim, quando se fala em gerenciamento a primeira coisa que deve vir à mente são os resultados pretendidos e, sem seguida, o processo através do qual esses resultados serão gerados, compreendido o termo processo como sequenciamento lógico de etapas cuja etapa final é a materialização de determinado produto ou serviço. Isso quer dizer que não há a possibilidade de se pensar gestão sem resultados e sem processos. E como as etapas dos processos são interligadas, começa-se a se surpreender com a enormidade de necessidades dos serviços de TI que apenas aquele profissional que saiu da área de atuação da própria TI consegue suprir. Este artigo tem como objetivo mostrar a função da TI no gerenciamento institucional das organizações de ciência e tecnologia.

As organizações de ciência e tecnologia, de uma forma geral, têm que produzir pelo menos um dentre cinco tipos de produtos: ensino, pesquisa, extensão, inovação tecnológica ou empreendedorismo tecnológico. O melhor e mais adequado seria dizer “negócios” ao invés de produto, uma vez que um negócio é justamente uma família de produtos. Dessa forma, o “negócio” ensino seria desdobrado em vários tipos de produto, como o ensino profissional, o ensino tecnológico, o ensino profissional tecnológico, o ensino científico etc. O que queremos chamar a atenção é para o fato de que cada linha de produtos exigem um sistema de produção e, consequentemente, um sistema de produção com ele integrado. Assim, uma organização que atua nos cinco negócios teria cinco sistemas de produção/informação apenas sob o ponto de vista operacional.

Como toda atividade-fim necessita das atividades-meio necessárias para que possa funcionar com adequação, é necessário inteligar os sistemas de produção com os sistemas de apoio à produção, que são justamente as atividades-meio. Isso deslumbra outra dimensão do funcionamento das organizações de ciência e tecnologia que a concentração da atenção do pessoal de TI apenas em manutenção de cabos de fibra ótica e de máquinas e equipamentos não permite perceber. Isso quer dizer que a maior parte das necessidades de TI de uma organização de ciência e tecnologia não é suprida. É preciso conhecer a maior parte do iceberg que continua submerso. E isso se faz saindo-se das atividades básicas de TI para as essenciais: a informação.

As TI de organizações de ciência e tecnologia brasileiras que conquistaram a excelência no seu gerenciamento estão todas voltadas para a geração dos resultados pretendidos pelas instituições. Para que esses resultados sejam garantidos, o pessoal de TI realiza as atividades básicas, como o perfeito funcionamento das redes, a segurança apenas naquilo que a organização tem de valioso, a provisão das necessidades para os próximos dez anos de máquinas e equipamentos e assim por diante.

Mas a grande parte dos esforços está concentrada na geração de resultados. Enquanto nas organizações normais o pessoal de TI passa quase 100% do seu tempo com as atividades básicas, nas organizações de sucesso esse tempo é de no máximo 10%, com 90% voltados para o alcance de resultados, seja atuando diretamente na produção do produto ou serviço ou nos seus processos, para redução de custos e otimização dos recursos.

Profissionais de TI têm se transformado em grandes parceiros no gerenciamento institucional de organizações de ciência e tecnologia. Esses especialistas têm adquirido conhecimentos e habilidades no sentido de fazer cada unidade e subnunidade organizacional conversar, interagir com as demais, otimizando as informações de que necessitam e, como consequência, aperfeiçoando cada etapa do seu funcionamento. Nessas operações, novas funções são descobertas para cada unidade e subunidade e também outras funções são descontinuadas ou transformadas.

Certo instituto federal desenvolvia várias atividades de apoio ao estudante. Mas quando os avaliadores do INEP vinham fazer as avaliações, as notas referentes a essa exigência eram quase sempre baixas. Com a profissionalização da TI, os profissionais dessa área perceberam que as atividades desenvolvidas não apenas estavam em desconformidade com o que previa a legislação, mas completamente desconectada com as finalidades maiores dessas exigências, que era a manutenção dos estudantes estudando e com grau de aprendizado dentro do esperado. Assim, os resultados pretendidos pela subunidade de serviço social (auxiliar no aprendizado do aluno e na sua manutenção na instituição) foram alcançados a partir da visão panorâmica que os profissionais de TI conseguem aplicar.

Outra instituição, agora privada, não conseguia manter as turmas de certo curso tecnológico em torno de 24 alunos, para que pudesse operar em equilíbrio econômico-financeiro. O pessoal de TI, operando não apenas o sistema de informação financeiro, mas também o acadêmico, percebeu as razões do insucesso e introduziu um outro sistema que interligava os dois, financeiro e acadêmico, de maneira que conseguia detectar o impacto de determinadas ações financeiras no acadêmicos e vice-versa.

Trabalhando em conjunto, habilidades formidáveis dos profissionais de TI com visão gerencial, conseguem fazer quaisquer sistemas conversar. E é conversando que se entende…
Os profissionais de TI têm a mente estruturada para perceber partes dos todos e interligá-las. São profissionais magníficos que conseguem ir além do que pode fazer qualquer gerente, no seu esforço de concentrar e dirigir esforços para um fim determinado, de maneira que os resultados institucionais possam ser garantidos.

E é um grande desperdício de capacidade de realização deixar esses profissionais relegados a simples manuseio de cabos elétricos, máquinas e equipamentos. Como cérebros privilegiados, precisam ser mobilizados pelos gestores das organizações de ciência e tecnologia para alcançar os objetivos e metas de que precisam para que cumpram as organizações com suas missões institucionais. Mas não é tão simples colocar isso em prática…

Daniel Nascimento

É Professor e Pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM)
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