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As incríveis casas de Eduardo

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No dia 14 de outubro fez 119 anos da morte de Eduardo Gonçalves Ribeiro, um personagem político enigmático e carismático, cujo nome se perpetua até os dias de hoje envolto em histórias recheadas de mistérios. Se verdadeiras ou falsas, ninguém jamais saberá. Tão representativo foi Eduardo Ribeiro para o Amazonas que, em 2010, ele se tornou o único político do Estado a ter um museu em sua homenagem, numa casa que teria sido sua.

Pesquisas em documentos da época mostram que, realmente, o museu da rua José Clemente, foi uma de suas casas, usada apenas para receber amigos e visitantes ilustres.

O historiador Antonio Loureiro lembra que, a casa onde Eduardo Ribeiro morava e foi encontrado morto, está localizada na rua João Alfredo, nas proximidades do antigo Seringal Mirim.

“Cheguei a conhecer a casa original, transformada em posto de saúde, ainda na década de 1960, quando me formei médico, e fazia inspeções nestes estabelecimentos. O único móvel que estava na casa e acreditava-se ter pertencido a Ribeiro, era uma escrivaninha. Esta escrivaninha foi levada para o Igha (Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas) onde está até hoje. Até onde eu sei, é o único objeto conhecido que teria pertencido ao governador”, revelou.

Numa trajetória meteórica, Eduardo Ribeiro chegou a Manaus em 1887, como tenente, e se tornou governador apenas três anos depois, em 1890, ainda que por cinco meses, com apenas 28 anos de idade. Destituído do cargo, retornou dois anos depois, em 1892, com forte apoio do então presidente da república, Floriano Peixoto (1891/1894), governando até 1896 quando, após quatro anos, firmou a base da perpetuação de seu nome. 

Morte misteriosa

Mas, se o nome de Eduardo Ribeiro se perpetua até hoje, por que nada mais dele restou a não ser algumas poucas fotos oficiais de seu busto?

Ainda de acordo com Antonio Loureiro, e documentos comprovam isso, Eduardo Ribeiro teria sido um implacável perseguidor de seus inimigos políticos, que não foram poucos, prova maior são as tentativas de afastá-lo do governo, inclusive com o uso de armas. Ainda assim, diante de tantas pressões, ele mandou construir obras fantásticas em Manaus: o Palácio da Justiça, a ponte de ferro Benjamin Constant, o reservatório do Mocó, o Teatro Amazonas, entre várias outras, aproveitando o dinheiro farto que corria na cidade resultante do intenso comércio da borracha.

Falam as más línguas que o governador teria acumulado imensa riqueza durante seus quatro anos de mandato, mas tudo desapareceu sorrateiramente após sua morte misteriosa, em 14 de outubro de 1900. Também teria tido uma amante e até um filho com ela.  

“Seus inimigos políticos, que assumiram o poder logo após Ribeiro cair em desgraça, teriam se apropriado dessa riqueza, o que era comum naquela época. Manaus era uma cidade sem lei”, disse o historiador.

É certo que Eduardo Ribeiro ficou completamente louco. Ainda em 1900, ele foi internado para tratamento num hospício, na Itália.

“E não é correto dizer que o hospício Eduardo Ribeiro, em Manaus, foi a sua chácara, chamada de ‘O Pensador’. Ele nunca teve chácara naquela região, sequer casa, até porque, até o final do século 19 a atual av. Constantino Nery, então estrada de Epaminondas, já existia com sítios e terrenos ocupados, mas era muito distante do centro da cidade”, lembrou.

 Casarão ficou abandonado

O que se sabe é que a casa onde hoje está o museu, foi adquirida pelo engenheiro Bretisláo Castro, em 1907.

“Uma foto publicada no ‘Annuario de Manaos 1913/1914’, registra que naqueles anos a casa ainda pertencia ao engenheiro. Em 1961 ela foi adquirida pelo Governo da União Federal e assim ficou até 2002 quando foi cedida ao Estado, completamente abandonada e saqueada do que havia em seu interior”, lembrou o pesquisador Ed Lincon Barros.

 Eduardo Ribeiro se tornou o único político do Estado a ter um
museu em sua homenagem

“Vale lembrar que após a crise do comércio da borracha, a partir de 1911, muitas pessoas foram embora de Manaus, deixando para trás dezenas de casas e casarões abandonados”, falou.

“A partir da década de 1950, continuando pela década seguinte e mais fortemente após 1970, muitos destes belos casarões foram simplesmente demolidos porque a cidade estava se modernizando e eles representavam um passado que precisava ser esquecido”, lamentou.

Felizmente a casa de Eduardo resistiu e hoje o museu apresenta exposição permanente de mobiliário residencial de época, objetos de uso pessoal e de arte que procuram recriar o modo de vida do final do século 19 e início do século 20.

Salas e aposentos tomam o nome de fatos e personagens considerados relevantes na vida de Eduardo Ribeiro e de seus antigos proprietários. Há também um acervo textual composto por documentos digitalizados de caráter pessoal e profissional.

O museu foi inaugurado em 18 de março de 2010, com a proposta de recuperar a história pessoal, militar e administrativa do maranhense, considerado o grande transformador da capital amazonense.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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