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Artistas continuam produção em isolamento

Arquivo particular

Nessa quarentena, devemos fazer o que mais gostamos: escrever, cozinhar, ler, ouvir música, dançar, ver filmes, dormir, cantar, caminhar (ainda que seja da sala para cozinha, da cozinha para sala), pintar, pegar o sol da manhã na frente de casa, desenhar. Com isso, nem vamos ver o tempo passar.

Gilmar Melo, o Gilmal, desenha diariamente, mais especificamente charges, também pudera, com os acontecimentos políticos ‘bomba’ acontecendo a todo instante, os chargistas do Brasil nem estão precisando pensar muito para colocar no papel situações críticas de forma engraçada. Esse é o papel da charge, cujos traços sempre retratam personagens conhecidos, geralmente políticos, satirizando o avesso do avesso de uma situação.

“Me permito em todas as vertentes das artes gráficas, quadrinhos, cartuns e as vezes ilustrações, mas no geral sou chargista”, falou Gilmal.

Toda criança, quando ganha o primeiro lápis, começa a rabiscar, seja em pedaços de papel ou na parede de casa. Algumas crescem rabiscando até transformar esses rabiscos em desenhos. Gilmal lembra ter começado a desenhar com cinco anos.

“Quando cresci um pouco mais e passei a realmente querer desenhar, não tinha condições de frequentar aulas de arte, e ainda tinha algum receio de aprender a desenhar em escolas e depois desenhar igual ao professor, e eu não queria aquilo então, o que fiz ao longo do tempo foi aprimorar meus traços e adquirir estilo próprio”, contou.

Eu 1994 Gilmal começou a desenhar profissionalmente quando teve suas charges publicadas em jornais e revistas locais, e ganhou algum dinheiro.

“Desde então, tive a certeza de que era isso que eu queria, interpretar os fatos na base de desenhos humorísticos”, lembrou.

No segmento das HQs

Nos anos seguintes Gilmal conseguiu ter sua arte publicada em jornais locais e revistas que circulavam pelo Amazonas tanto como ilustrador quanto chargista.

“Até conquistar espaço para finalmente publicar tiras diárias e quadrinhos semanais em alguns jornais específicos. Hoje trabalho em um portal de notícias e publico charges na Folha de São Paulo revezando com outros cartunistas do Brasil”, disse.

Mas um segmento explorado por Gilmal, seguido por outros desenhistas barés, é o das HQs, os antigos gibis, revistas de histórias em quadrinhos. O diferencial dessa geração de desenhistas do século 21, é que suas HQs são voltadas mais para o público adolescente, diferente dos gibis, cujas histórias eram totalmente infantis.

“Em 2012, lancei um selo intitulado Jaracomics e comecei a publicar revistas em quadrinhos autorais e independentes. Já foram publicados oito títulos desta forma e vendidos em eventos do segmento geek e de quadrinhos como, por exemplo, o Dia Nacional do Quadrinho, 30 de janeiro”, falou.

Estudo realizado no Brasil pela MindMiners e Grupo Omelete mostrou que 58% dos geeks possuem entre 16 e 24 anos e 23%, entre 25 e 30 anos. O setor apresenta um público maduro e financeiramente independente ao somar 26% de casados. O estudo não observou uma padronização quanto à classe social. Na classe B2, estão 34% dos geeks; na C1, 28%; e, na C2, 15%. A maioria dos geeks (48%) concentram-se na região Sudeste do país, enquanto 26% estão no Nordeste.

“Há um ano venho trabalhando em um quadrinho intitulado ‘ZL, delírios de uma zona para maiores’. Aproveitei para finalizar a publicação nessa quarentena. Trata-se de um quadrinho poético onde conto situações reais de um cotidiano sujo e extremo. Também finalizo outros dois títulos, ‘Casa da luz vermelha’ e ‘Cocada e Perifa, a história de subpunks da periferia’, adiantou.

Live à vista  

Sobre suas charges geralmente serem ácidas, tanto nos desenhos quanto nas mensagens, Gilmal explicou.

“Acho que o chargista tem como objetivo ser exagerado sem sair da essência dos fatos, acrescentando uma boa dose de humor em desfavor da situação. A soma será uma acidez com críticas reais. Eu foco no ser humano, procuro não ser partidário quanto ao conteúdo da charge. Na minha opinião não existe humor a favor”, explicou.

Para aqueles que já saíram da fase do rabisco, mas ainda procuram um Norte, nos desenhos, o chargista orientou.

“Para quem já desenha com alguma propriedade, sugiro treinos diários, além de pesquisar outros artistas e suas obras. Para quem não desenha nada, mas quer ser desenhista a qualquer custo, dou uma dica importante sobre layout e estilo: para se tornar um cartunista (diferente do chargista, hein), não precisa desenhar perfeitamente bem. O traço mais tosco, diante de uma legenda importante ou piada sensata e sólida, pode tornar o desenho interessante”, conclui.

E na época das lives, está a caminho a live do Gilmal.

“Estou preparando uma live para o dia 10 de maio, um domingo, direcionada aos fãs de quadrinhos alternativos que vai desde o rascunho, arte final, concepção das histórias e páginas, até a produção gráfica em poucas tiragens. Será uma live onde explico a produção de fanzines de histórias em quadrinhos de oito páginas”, avisou.

Fonte: Evaldo Ferreira

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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