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Arte dos manauaras de volta à praça

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Continua acontecendo até quinta-feira, 31, a 1ª edição do ‘Manaus, Livros e Poesia’, evento que está reunindo escritores, poetas, músicos e cantores, e artistas plásticos na praça Heliodoro Balbi (popular praça da Polícia), reduto de intelectuais desde 1954, quando, também, escritores, poetas e artistas plásticos criaram o Clube da Madrugada, aos pés de um mulateiro, no dia 22 de novembro daquele ano.

O ‘Manaus, Livros e Poesia’ começou no sábado, 26, ainda como parte das comemorações dos 350 anos de Manaus, com lançamento de livros dos escritores Simão Pessoa, Zemaria Pinto e Evany Nascimento, entre outros, manhãs de autógrafos, declamação de poesias e música. Até a banda da PM, que se tornou célebre em tempos passados, tocando no coreto principal da praça, participou da abertura do evento.

“Já há algum tempo eu alimento a idéia de realizar este evento aqui na praça mas, como é sabido de todos, nunca tem dinheiro para a cultura. Então, reuni o exército de artistas e intelectuais que conheço, e fizemos o ‘Manaus, Livros e Poesia’ na ‘marra’, praticamente sem dinheiro”, revelou Celestino Neto, livreiro na praça há 18 anos e empreendedor cultural.

“Tivemos o apoio da SEC (Secretaria de Estado da Cultura), que nos cedeu atrações musicais de seu ‘cast’, como Pereira, Lucinha Cabral, The Marcianas e Lúcio Bahia”, lembrou.

“Pra completar, convidei amigos, que prontamente aceitaram fazer um show sem ganhar cachê: Júnior Rodrigues, Vitor França, Grupo Samambaia, Manoel Passos, Guto Rodrigues e Anne Rodrigues, e Jon Mas, amazonense que mora nos Estados Unidos, mas sempre está em Manaus e aproveitou para mostrar as músicas de seu CD de rock progressivo, que gravou lá”, disse. 

Contato com artistas

O ‘Manaus, Livros e Poesia’ começa às 9h, com os livreiros colocando suas barracas de livros, discos, CD’s, antiguidades e objetos de coleção, e segue durante todo o dia, em pontos distintos da praça, com os lançamentos de livros, sessões de autógrafos, declamação de poesias, exposição de artes e shows musicais, encerrando às 19h.

“O importante foi fazer a primeira vez. Vamos verificar onde aconteceram as falhas e corrigir nas próximas edições. A idéia é que o evento aconteça todos os sábados, quando naturalmente a praça já fica muito movimentada, principalmente por causa do Projeto Jaraqui, que acontece em torno do coreto menor, mas também utilizar o coreto principal e trazer público para as lojas dos cinco livreiros que existem no local”, falou.

“É uma oportunidade e um espaço a mais para mostramos nossos produtos para o público”, acrescentou Cristiane Andrade, à frente de uma barraca cheia de livros, cédulas, moedas e objetos de coleção.

Marius Bell é famoso por seus cartazes de cinema

O artista plástico Marius Bell, famoso por produzir os imensos cartazes dos cinemas de Joaquim Marinho nas décadas de 1980 e 1990, e ser o autor da estátua gigante de Santo Antônio existente na entrada da cidade de Borba, é o curador das exposições dos artistas plásticos do evento.

“O pensamento inicial é mostrar e vender os trabalhos dos artistas. Hoje Manaus dispõe de várias galerias onde podemos apresentar nossos trabalhos, mas uma galeria é um espaço fechado no qual só vai quem realmente quer ver quadros”, informou.

“Aqui na praça é diferente. O espaço aberto possibilita que qualquer pessoa que esteja passando, goste ou não de arte, possa apreciar os trabalhos dos artistas e, de repente, até passe a gostar, tendo um contato mais próximo com os artistas”, explicou.

No ‘Manaus, Livros e Poesia’ estão expondo Eliane Mezari, Laís Borges, Rochinha, Rejane Melo, Magdaluce Ribeiro, Elias Loureiro, Chay Souza, Alfredo Araújo, e o próprio Marius Bell. 

Poetas em peso

Já os poetas foram em peso para a praça. O grupo ‘Formas em Poemas’, existente desde 2010, promoveu um sarau no domingo, 27.

“Fixas somos cinco: Fátima Lira, Laís Borges, Ana Peixoto, Silvia Grijó e eu”, falou Franciná Lira, fundadora do grupo e membro da Academia de Letras do Brasil, “mas somos mais de 30 mulheres poetas que sempre participam de eventos literários. Quase todas nós temos livros publicados e, em 30 de setembro de 2020 vamos lançar nossa segunda antologia, em homenagem aos dez anos do grupo”, avisou.

“Um evento como o ‘Manaus, Livros e Poesia’ unifica os vários grupos literários existentes em Manaus, antes isolados, cada um por si, e atrai novos interessados em literatura”, completou.

Já Eylan Lins, presidente do Clam (Clube Literário do Amazonas) informou que o Clube completou 18 anos no dia 20 de outubro, Dia do Poeta, e durante todo o ‘Manaus, Livros e Poesia’ reuniu vários de seus mais de 20 integrantes, que se encontram todas as manhãs de sábado na casa do artista plástico Noleto. Eles também promoveram um sarau no domingo. No próximo dia 21 de março, Dia da Poesia, o Clam irá lançar sua segunda antologia.

“O ‘Manaus, Livros e Poesia’ é de grande importância porque resgata o interesse do manauara pela literatura, divulga escritores, poetas, artistas plásticos, músicos e cantores. É uma chama cultural que volta a ser acesa aqui na praça da Polícia”, concluiu.   

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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