Após uma série de reuniões nas últimas 48 horas e com o partido rachado, a Executiva Nacional do DEM decidiu ontem dar uma sobrevida ao governador José Roberto Arruda (DF) e submetê-lo a um processo interno de expulsão com votação marcada para o dia 10 deste mês, o que contraria ala da legenda que defendia a sua desfiliação imediata.
O deputado federal José Carlos Machado (SE), escolhido relator do caso, renunciou às funções meia hora depois, alegando não ter “condições jurídicas” de assumir a tarefa.
“Tem que ter coragem. E ela faltou”, disse o senador Demóstenes Torres (GO) na saída da reunião, que contou com a presença de 37 dos 45 integrantes da cúpula do DEM. Demóstenes liderou, ao lado dos líderes das bancadas na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), e no Senado, José Agripino (RN), a ala pró-expulsão imediata.
“O governador Arruda, pelas notícias publicadas, não tem condições de manter a filiação ao partido”, disse Agripino, que mais cedo tinha visto sua tese de expulsão imediata ser derrotada por 6 votos a 4 em concílio dos senadores da legenda.
Na reunião da Executiva, coube ao presidente do DEM, o deputado Rodrigo Maia (RJ), arbitrar a decisão de permitir a Arruda apresentar defesa, tese que foi apoiada por todos os que falaram, com exceção do trio pró-expulsão sumária.
Apesar da solução intermediária, todos os congressistas que falaram após o encontro deram a entender que consideram a expulsão de Arruda praticamente um fato consumado.
“São imagens chocantes, de difícil defesa, mas o governador tem o direito de defesa (…) Depois do dia 10 o DEM terá toda a condição de mostrar à sociedade que esse partido é diferente dos outros”, afirmou Maia, que se referia ao PT e ao PSDB.
O presidente do DEM ironizou os parceiros tucanos, que anunciaram a decisão de abandonar o governo do DF. “Que governo eles estão falando, o da Yeda Crusius [PSDB-RS]”?
Durante a reunião, apenas o deputado Osório Adriano (DF) e o secretário de Transportes de Arruda, Alberto Fraga, defenderam o governador -o único do DEM no país-, afirmando que ele vem fazendo um bom governo e que as irregularidades são da gestão passada.
O senador Heráclito Fortes (PI) e o deputado Onyx Lorenzoni (RS) foram os que mais apoiaram a defesa prévia.
A explicação oficial para o prazo dado a Arruda é que ele poderia recorrer à Justiça caso lhe fosse negada a defesa prévia. Embora neguem em público, no entanto, integrantes do partido dizem ter ouvido relatos de pressão de Arruda e aliados a membros da Executiva sobre os quais teriam informações comprometedoras. Ontem Arruda divulgou nova nota na qual nega pressão sobre a Executiva do DEM, afirmando que respeitará sua decisão.
Arruda ganha sobrevida com prazo até dia 10 para ter expulsão votada
Redação
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