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Argila calcinada é opção “verde” para a construção civil

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Uma pesquisa desenvolvida pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas) demonstrou que a argila calcinada (agregado sintético de argila) é uma alternativa ambientalmente viável como matéria-prima para construção civil em Manaus, em substituição ao seixo. É o que aponta o pesquisador e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Ufam, Raimundo Pereira de Vasconcelos.
Vasconcelos explicou que o agregado sintético segue basicamente o mesmo processo de fabricação de tijolos e telhas. O produto é levado aos fornos e queima a temperaturas acima de 700ºC. “Ao final do processo é produzido um material sólido e resistente com potencial para a aplicação em concreto”, observou o pesquisador, acrescentando que hoje, a capital amazonense não dispõe de material pétreo (pedras) para o emprego na construção, o que leva ao uso excessivo do seixo. Por conta disso, a extração é feita por meio de drenagem dos leitos de cursos d`água, procedimento que causa significativo impacto ambiental nos ecossistemas da região.
O cientista ressaltou que o processo de fabricação da argila calcinada também causa impacto ambiental por conta da extração da argila, mas de forma bem menor que o decorrente da extração do seixo. Por isso, o agregado sintético ainda poderia ser classificado como material verde.
Denominado de “Produção de Agregado Sintético de Argila Calcinada para Utilização em Concreto Cimento Portland”, o projeto é desenvolvido na Litiara (Indústria Cerâmica da Amazônia Ltda), situada no município de Itacoatiara (a 170 quilômetros de Manaus, em linha reta), desde março deste ano.
A pesquisa está sendo realizada no âmbito do PAPPE Suvenção (Programa Amazonas de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Micro e Pequenas Empresas), uma parceria entre a Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).
A argila calcinada é o resultado de uma pesquisa iniciada pelo mestre do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Ufam, Edisley Martins, que foi membro do Grupo de Pesquisas em Materiais de Engenharia e bolsista da Fapeam. “A pesquisa com solos da região mostrou o potencial do produto. Os resultados nos encorajaram a manter contatos com a Litiara e, dessa forma, apresentar um projeto para a fabricação industrial do Agregado”, contou.

Resultados próximos

O agregado foi produzido nos laboratórios de pavimentação e de ensaio de materiais da Faculdade de Tecnologia da Ufam. Em seguida, empregando solo do Polo Oleiro de Iranduba (a 34 quilômetros de Manaus). Foram moldados agregados no formato cúbico em dimensões semelhantes ao seixo empregado na fabricação de concreto. Logo após, foram calcinados (queimados) em forno em temperaturas entre 850ºC e 1050ºC.
A retirada do agregado do forno e o total esfriamento demonstraram que o produto pode ser usado na fabricação de concreto com resultados próximos ao seixo.
De acordo com Vasconcelos, o agregado foi produzido somente em laboratório. A ideia da pesquisa é fabricar, em breve, o material industrialmente em uma quantidade que possa atender o mercado da construção civil.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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