Apesar das crescentes críticas internacionais à produção e uso de biocombustíveis por conta do impacto ambiental e social, o Brasil ainda espera se tornar um grande jogador mundial no setor, segundo reportagem publicada na quarta-feira pelo jornal britânico “The Guardian”.
Em artigo de página inteira, o diário afirma que “os ambiciosos planos do Brasil de suprir o mundo com álcool de cana-de-açúcar -fonte de energia renovável- foram suspensos temporariamente com as crescentes críticas ao biocombustível”.
O jornal comenta que as exportações brasileiras caíram no ano passado e o trabalho em dois oleodutos para transportar álcool de Goiás para os portos de Paranaguá e São Sebastião foram suspensos “e a grande pergunta levantada é se os biocombustíveis já acabaram antes de começar”.
“A visão do Brasil, que tem vasto espaço, uma economia em rápido crescimento e uma crescente população com fome de desenvolvimento, é bem diferente da européia. Com o preço do barril de petróleo a mais de US$ 120, eles afirmam que a resposta só pode ser ‘não’ ”.
O álcool custa apenas US$ 35 por barril e o argumento econômico é importante, diz o Guardian, principalmente em países da África, onde a alta do petróleo já teve impacto sobre a renda dos moradores.
Segundo o jornal, mesmo a indústria automobilística já admite a necessidade dos biocombustíveis para suprir a crescente demanda por combustível, mas ainda assim, o álcool é responsabilizado por tudo, desde a fome até as mudanças climáticas. O “Guardian” afirma que as pesquisas sobre o impacto do álcool de cana-de-açúcar na emissão de gases causadores do efeito estufa são conflitantes, com algumas afirmando que o processo em alguns países emite mais gases do que o economizado com o uso do combustível “limpo”.
“Em compensação a empresa de pesquisas brasileira Embrapa concluiu que quando a plantação de cana-de-açúcar substitui a de soja ou pasto para gado, ela absorve muito mais gás carbônico porque tem maior capacidade que outras culturas de converter o gás em biomassa”.
O jornal ainda cita um especialista do Banco Mundial, que afirma que o álcool de cana-de-açúcar do Brasil se sai bem em termos de impacto ambiental em comparação com o álcool de milho, dos Estados Unidos, ou com o óleo de dendê, da Malásia, quando levados em conta outros fatores da produção.
“Mas, acima de tudo, o álcool é visto como uma ameaça às florestas tropicais e à produção de alimentos. Na Indonésia, as plantações de dendê substituíram a floresta tropical e teme-se que a cana de açúcar invada a região da Amazônia, ou provoque um efeito dominó, empurrando a soja e o gado para a floresta virgem, causando mais desmatamento”. Segundo o jornal, o governo brasileiro nega o risco de desmatamento pela cana-de-açúcar, argumentando que ainda há 90 milhões de hectares de terras aráveis no país.
Apesar das críticas, Brasil ainda aposta firme no álcool
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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