Pesquisar
Close this search box.

Apesar da beleza, Zona Oeste de Manaus ainda precisa de melhorias

Segurança, transporte, saúde e educação. Serviços públicos que diariamente fazem parte da vida de todos os cidadãos, mas que nem sempre, são oferecidos com a melhor qualidade. 

Todos os dias, 35 linhas de ônibus circulam por toda Zona Oeste de Manaus. Para os moradores dos bairros, a quantidade de veículos não é suficiente para a alta demanda, e a espera para quem necessita desse serviço é angustiante. A falta de acessibilidade, a falta de opções de linhas que passam dentro dos bairros e a demora pelo serviço, são as principais reclamações. 

No bairro Vila da Prata, que é um dos 12 bairros da Zona Oeste da cidade, apenas as linhas de ônibus 102 e 118 atendem os moradores do local.

Para a dona de casa e moradora da Vila da Prata, Terezinha de Jesus, de 56 anos, a falta de opções de linhas de ônibus que atendem o bairro é um fator prejudicial para quem precisa sair de casa. Segundo ela, a espera por um ônibus demora mais que o trajeto até o destino final. “A linha 102 passa a cada uma hora e meia, é difícil ser dependente desse ônibus, mas como não tem outra alternativa, precisamos esperar por ele. ” Finaliza. 

Outro fator importante e prejudicial é a falta de segurança nos coletivos. Segundo os usuários, mesmo com câmeras instaladas nos veículos, a criminalidade aumenta a cada dia que passa. 

Estudante e usuária do transporte público, Marlene Dantas, de 17 anos, relata que o serviço público está cada vez pior, principalmente em relação à segurança nos coletivos da cidade. “Eu já fui assaltada uma vez dentro do ônibus, agora em relação a assédio, já perdi as contas. É uma situação bem complicada, um dia estava voltando da escola quando passaram a mão na minha perna, falta segurança e fiscalização.” Relata.

Hoje, a zona cidade conta com 5 Companhias Interativas Comunitárias (CICOM), 5 Distritos Integrados de Polícia (DIP) e 2 delegacias especializadas, sendo elas destinadas a Crimes Contra Turistas e Capturas e Polinter. 

É o que relata o aposentado Eduardo Palmeira, de 77 anos, que costuma caminhar todos os dias no bairro São Jorge. Para ele, a área em que costuma frequentar próximo a sua casa, é segura apenas por ser localizada nas proximidades de um quartel militar. 

“Aqui nessa praça eu não me preocupo, sempre estão fazendo ronda. Mas se eu entrar um pouco mais no bairro, já posso dizer que estou em uma área vermelha.”

A educação também é um dos aspectos que mais precisa de melhorias. Hoje a Zona Oeste conta com 36 escolas na rede municipal de ensino, 13 Centros Municipais de Educação Infantil e 1 creche. Já na rede estadual, a zona possui um total de 33 escolas. 

Para Eliane Rocha, de 26 anos, a educação não está como deveria. Ela e a família vieram há 5 meses do município de Itamarati e desde então, os filhos que tiravam notas boas no interior do estado, conseguem tirar notas ainda melhores na capital. 

“Lá o ensino não era tão bom e mesmo com a troca de escolas, eles não estão tendo nenhuma dificuldade. Eu fiquei surpresa, imaginei que a educação aqui fosse ser mais difícil.”

A Zona Oeste possui 13 unidades de atendimento básico de saúde na rede municipal, já na rede estadual, existem 2 SPA, um Hospital e Pronto Socorro da Criança, 1 CAIMI e 1 CAIC. 

TRANSPORTE PÚBLICO

 Edi Oliveira pega 4 ônibus todos os dias para chegar ao seu trabalho – Foto: Laíssa Carvalho

Para quem depende do transporte público todos os dias, é necessário ter persistência. As principais dificuldades para quem depende de uma das 35 linhas de ônibus que atendem a Zona Oeste da cidade é a falta de segurança e a demora na espera pelo ônibus. 

Edi Oliveira, de 26 anos, é morador da Zona Norte, mas todos os dias precisa pegar pelo menos 4 ônibus para chegar ao seu trabalho, que fica no bairro Compensa. Para ele, os maiores problemas no transporte público estão na Zona Oeste. 

“Só nesse ano, já fui assaltado 2 vezes na mesma linha. O valor que pagamos na passagem não é correspondente a qualidade do serviço”.

Já para a moradora do bairro Lírio do Vale, Célia Araújo, de 59 anos, lá existem 5 linhas de ônibus, mas a espera por qualquer um deles, é sempre grande. 

“A espera pelos ônibus é sempre muito cansativa, preciso esperar em pé até uma das linhas passarem, aos fins de semana a situação piora ainda mais. Já aconteceu de eu desistir de sair de casa por conta da demora e espera sem fim.”

SEGURANÇA 

A falta de segurança pública está presente em todos os bairros e aspectos da Zona Oeste de Manaus. Para quem precisa sair de casa, o medo de ser assaltado é cada vez mais frequente. 

Cobrador de ônibus há 16 anos, Silvio Sena, de 46 anos, relata que a falta de segurança não está só nas ruas da cidade, ela está presente também no transporte público. Para ele, o medo está inserido em sua rotina, principalmente durante o período da noite. “Eu já fui assaltado 30 vezes só durante o expediente de trabalho. Em uma das vezes colocaram uma arma na minha boca e me fizeram refém. Infelizmente as câmeras de segurança não adiantam de nada, nem inibem a criminalidade.” 

Silvio Sena é cobrador de ônibus há 16 anos – Foto: Laíssa Carvalho

Para Dereck Bentes, de 33 anos, a praça de lazer do bairro da Glória é um ponto da cidade que não recebe muita patrulha policial. “Eu trabalho aqui desde 1996, posso dizer que falta mais policiamento nessa parte do bairro. Se houvesse mais, talvez ajudasse a reduzir a quantidade de assaltos que acontecem por aqui.” 

EDUCAÇÃO

Somente na Zona Oeste de Manaus, existem hoje 33 escolas da rede estadual e 36 escolas da rede municipal de ensino. Para os pais que dependem do serviço para garantir a educação dos filhos, ainda existem muitos pontos a serem corrigidos. 

Glauciene Couto, de 31 anos, relata que há 3 meses precisou trocar o filho de 11 anos de escola, pensando um rendimento melhor. “Troquei meu filho de escola por conta da falta de supervisão e acompanhamento dos professores e pela falta de segurança no prédio. Precisei trazê-lo para o bairro São Raimundo para me sentir mais segura.”

Rose Araújo: seu filho precisa de educação especial – Foto: Laíssa Carvalho

Já para a autônoma Rose Araújo, de 48 anos de idade, a situação é um pouco mais complicada. O filho de 14 anos tem autismo e dislexia, mas até hoje, nunca conseguiu um mediador escolar. Para ela, a educação é essencial, mas por conta da falta de apoio, sofre com as dificuldades enfrentadas pelo filho.  “Eu comecei a pagar uma escola particular, mas por conta do alto custo, ele precisou voltar para a rede pública.” 

SAÚDE

Para os moradores da Zona Oeste que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS), não há quem não reclame. As reclamações se repetem em todos os bairros da zona, deixando sempre em evidência a demora no atendimento. 

Josiel Lisboa, de 55 anos, relata que há 4 anos a esposa faz tratamento pelo SUS por conta de um problema nas cordas vocais. Mesmo fazendo exames para acelerar o tratamento, o dia da cirurgia nunca chega.  “O sistema é tão lento que os exames vencem antes de chegar o dia da nova consulta com o médico. Minha esposa perdeu boa parte da fala por conta da demora, hoje ela precisa de uma cirurgia para tentar reverter os danos.” 

Josiel Lisboa: “sistema é lento” – Foto: Laíssa Carvalho

Já para a aposentada de 61 anos, Maria do Rosário. A demora no atendimento público a fez procurar por clinicas particulares para tratar a osteoporose. Para ela, a falta de comprometimento dos profissionais de saúde, interfere diretamente no tratamento de quem necessita de ajuda. 

Foto/Destaque: Divulgação
Reportagem de Laíssa Carvalho

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar