Viver no século XXI significa estar cercado de mídias, de informações, de redes sociais. É também poder ter fácil acesso a outras pessoas – e, da mesma forma, ser acessado facilmente – 24 horas por dia. Possibilita, por vezes, a comodidade de trabalhar remotamente de qualquer lugar do mundo, porém sob a contrapartida de nem sempre permitir a correta separação entre família e trabalho ou a fruição de finais de semana, feriados ou férias absolutamente tranquilos.
É indiscutível que a vida moderna nos exige mais e nos impõe respostas mais rápidas: o emitente da mensagem eletrônica quer um retorno célere pela mesma via; os sistemas informatizados ensejam aumento de nossas tarefas e nos alertam periodicamente quanto à existência de prazos para cumpri-las. De par com tudo isso, riscos à nossa segurança se multiplicam, exigindo-nos permanente estado de alerta diante da proliferação dos golpes virtuais ou simplesmente do aumento da violência urbana de um modo geral. Nesse cenário de compromissos, pressões e receios, cada vez mais a ANSIEDADE vem ganhando espaço entre nós.
Ansiedade é um “sistema de alarme”, que existe para nos proteger de certas situações do cotidiano, potencialmente prejudiciais. A depender de sua intensidade e de sua persistência, não é, forçosamente, algo ruim; nem sempre é patológica. Na verdade, permite ser comparada a uma medicação, que, na dose certa, apresenta-se necessária para a saúde do paciente; por outro lado, se houver superdosagem, induz nocividade e risco extremo.
Graças à ansiedade “na medida certa”, o trânsito intenso de veículos não impede o passageiro de pegar seu vôo ou o paciente de chegar no horário para sua consulta; o advogado não perde seu prazo processual apesar do problema de última hora com a internet; o pedestre chega a perceber a aproximação de um malfeitor e evita a abordagem entrando rapidamente num estabelecimento; o sujeito sob uma marquise salta para frente ao ouvir um barulho diferente e, assim, evita que parte da edificação desabe sobre ele. Essa é a ansiedade normal e até saudável, que nos proporciona antever riscos e agir para afastá-los ou que garante a nossa sobrevivência diante de ameaças reais, ensejando manifestações físicas e reflexos que acabam nos colocando em posição de luta ou de fuga no momento certo.
Por outro ângulo, se a ansiedade é aguda e persiste mesmo sem causa específica, impondo reações inoportunas ou desproporcionais à vista de eventos corriqueiros, pensamentos acelerados em demasia, eventualmente trazendo até mesmo sintomas como abalo do sono, taquicardia, falta de ar, sudorese, náuseas e outros, estamos diante da ansiedade patológica ou, mais precisamente, de um dos denominados TRANSTORNOS DE ANSIEDADE, entre os quais podemos destacar o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno do pânico e as fobias.
Quando a ansiedade é uma doença, necessita, naturalmente, como qualquer outra doença, ter o diagnóstico confirmado e receber o tratamento adequado por profissional capacitado. A psicoterapia, a ser conduzida por psicólogo clínico, permite ao paciente identificar os momentos em que o transtorno de ansiedade o acomete, bem como a empregar técnicas eficazes para afastar os desconfortos dele decorrentes, até que, um dia, deixe de ser um problema. Sem prejuízo da terapia, é certo que em casos de ansiedade de grau mais intenso, o uso de medicação, prescrita por um médico psiquiatra, pode ser necessário.
A ansiedade patológica traz sofrimento e, consequentemente, compromete a qualidade de vida. Quem dela padece não deve, portanto, hesitar em procurar a devida ajuda especializada.