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‘Ano não está perdido’, diz Roselene na volta do turismo

‘Ano não está perdido’, diz Roselene Medeiros sobre a volta do turismo

Com a pandemia do coronavírus, o setor de turismo foi um dos primeiros a sentir as mudanças, até porque a China, onde tudo começou, é o país que mais envia turistas para o mundo. O Brasil comemorava um crescimento de 4%, em 2019, segundo o CMVT (Conselho Mundial de Viagens e Turismo), o melhor resultado desde 1970, e já projetava números maiores para 2020, quando tudo começou a parar. No Amazonas, não foi diferente. Em entrevista ao Jornal do Commercio, Roselene Silva de Medeiros, presidente da Amazonastur, falou sobre o que o Estado viveu e vive desde que o coronavírus aqui chegou e as projeções do setor turístico para o futuro.   

Jornal do Commercio: 2020 já está perdido para o turismo no Amazonas?

Roselene Medeiros: Houve um grande impacto, mas não está perdido. Nesse segundo semestre teremos uma temporada de pescas que vai ser impactada com certeza, mas não vai deixar de acontecer. Segundo as associações de pesca esportiva, há reservas de pescadores esportivos internacionais a partir de outubro. E, para surpresa dos operadores, houve também uma procura maior de reservas por pescadores nacionais.

As nossas conexões aéreas já começaram a retornar. A Gol voltou a operar com uma malha aérea doméstica maior. A Azul reiniciou com parte de sua malha na sexta-feira, 03, e a Latam voltou no dia 05. Com esse retorno gradativo da malha aérea doméstica o fluxo turístico no Estado começa a se movimentar.

JC: Como ficaram os eventos nacionais, e até internacionais, confirmados para este ano no Estado?

RM: Mais de 20 eventos haviam sido captados somente pela Empresa Estadual de Turismo. Além disso, outros centros de convenções também tinham agenda de eventos para esse ano. Na Amazonastur, 90% foram cancelados.  Entre eles, um evento internacional de fisioterapia que iria acontecer no fim do ano e eram esperados, de fora, entre 600 e 700 participantes. E, também, o Congresso Nacional de Engenharia Ambiental que seria realizado entre março e abril (auge da pandemia no Estado) para o qual eram esperadas 1000 pessoas. Mas nós já estamos começando a receber reservas para o ano de 2021.

JC: A situação ruim continua pelo próximo ano? E os transatlânticos, virão?

RM: No mundo inteiro, as previsões apontam que o turismo, principalmente o internacional, deve voltar ao normal em 2023. Quanto aos transatlânticos, até o momento, a Amazonastur, apesar de sempre estar em contato com os operadores, ainda não recebeu nenhuma manifestação de que a Temporada de Cruzeiros 20/21 será cancelada. Mas não foi confirmada a chegada de nenhum dos navios previstos até dezembro. Estamos aguardando e nos preparando.

JC: E o turismo local, a senhora sabe como está a situação dos hotéis, tanto na cidade quanto nas pousadas e hotéis de selva?

RM: Nas visitas que a nossa equipe está realizando, identificamos que alguns hotéis estão fechados e tem-se a expectativa de retorno às operações neste mês de julho. Outros estão operando com baixa ocupação. O segundo semestre é um período onde, geralmente, temos alta temporada. Com relação aos hotéis de selva, o transporte fluvial e de passageiros continua suspenso (decreto estadual 24.087/2020) e a portaria da Sema (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) proíbe visitas às áreas indígenas e UCs (Unidades de Conservação). Então o segmento hoteleiro está em stand by.

JC: A Amazonastur já tem desenvolvido algum plano, ou projeto, para o pós pandemia?

RM: Temos um plano para estimular o viajante, brasileiro ou estrangeiro, a conhecer a natureza do Amazonas. Além de uma série de estratégias que também irão despertar a autoestima do cidadão amazonense. Vamos reposicionar o Amazonas como destino turístico envolvendo empresários locais, companhias aéreas, operadores nacionais e internacionais. Queremos, inclusive, estimular o amazonense a conhecer os atrativos dentro do próprio Estado como forma de movimentar a economia no interior. Vamos atuar pelo ordenamento da cadeia produtiva e promover fiscalizações. Promover rodadas de negócios, caravanas, oficinas para aproximar as instituições financeiras do segmento turístico. Também estamos prevendo investimento em infraestrutura turística com a reforma dos CATs (Centros de Atendimento ao Turista), terminais de passageiros e a entrega, no segundo semestre, da segunda fase do Centro de Convenções do Amazonas Vasco Vasques. 

JC: Quanto o Amazonas deixou de faturar com essa quebra no segmento turístico desde o final de março?

RM: Nossa ‘Pesquisa Ambiente de Negócios do Turismo’ aferiu que, em 2019, houve um crescimento considerável na atividade turística. O faturamento aumentou 46,15% em relação ao ano anterior. As perspectivas para este ano eram de um crescimento ainda maior. Esperava-se que a cadeia do turismo movimentasse cerca de R$ 700 milhões. No mês de abril fizemos uma nova abordagem e esse cenário mudou. No primeiro quadrimestre o faturamento caiu 65,78% em relação ao mesmo período de 2019. Sendo que essa redução no caso de agências de turismo chegou a 72,09% e no caso de meios de hospedagem foi estimada em 70%.

JC: A senhora acredita que com o retorno à ‘normalidade’, os turistas estarão ávidos a viajar pelo mundo, ou ficarão com medo ainda por um bom tempo?

RM: A partir do momento em que houver uma vacina contra a convid-19, o mundo vai voltar à normalidade e com certeza o turista que ama viajar e tem vontade de conhecer outros lugares ou de ou retornar a lugares que ele gosta, vai colocar o pé na estrada ou no avião. Com certeza, eles vão ter mais vontade ainda de viajar e o destino do Amazonas, por ser de natureza, e não de massa, tem grande chance de se tornar uma opção para quem procura segurança.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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