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Amazônia tem 5% de suas espécies em risco de extinção

Amazônia tem 5% de suas espécies em risco de extinção

A Amazônia já tinha, em 2014, pelo menos 278 espécies em risco de extinção, o equivalente a 5% de seu bioma –superando o Pantanal (4%) nessa condição. Destacam-se nesta lista o Sauim-de-coleira, a Arraia-Aramaçá e o Maçarico-de-costas-brancas. O primeiro é encontrado unicamente nas proximidades de Manaus, enquanto a segunda está nas bacias do Amazonas e do Tocantins, e o terceiro só pode ser achado em manguezais – que também estão ameaçados de extinção. 

Na flora amazônica, a Erva aquática Mourera weddelliana, o subarbusto terrestre monogereion carajensis e a árvore Jacarandá carajasensis também despontam como espécies em risco. Os dados estão no estudo “Contas de Espécies Ameaçadas”, que faz parte do Sistema de Contas Econômicas Ambientais do IBGE, e tem como referência de Contas de Ecossistemas do IBGE (Espécies ameaçadas de extinção no Brasil) e são referentes a 2014.

Os dados reunidos pelo IBGE foram embasados nas listas oficiais do Ministério do Meio Ambiente, organizadas pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) e pelo CNCFlora/JBRJ (Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro), de 4.617 espécies da flora e 12.262 espécies da fauna, respectivamente, dentre as mais de 166 mil (49.168 de plantas e 117.096 de animais) reconhecidas no país. Desse total, foram realizadas avaliações de 4.617 espécies da flora (11%) e 12.262 da fauna (10%).

A despeito dos números crescentes de queimadas, Amazônia e Pantanal ainda despontam nas últimas posições do estudo referente a 2014. O levantamento aponta a Mata Atlântica (1.989 espécies ameaçadas ou 25% do total) e o Cerrado (1.061 ou 19,7%) como os dois hotspots brasileiros –conceito que estabelece que um bioma tem um alto número de espécies endêmicas e elevada perda de área natural. 

Em ambos os casos, as perdas se dão por ação humana, por conta do histórico de ocupação e urbanização, mais antigo na Mata Atlântica e mais recente no Cerrado. “A pesquisa mostra que há reflexo dessas ações na situação das espécies da fauna e da flora, após o bioma ter perdido metade da área de cobertura natural neste período”, afirmou o coordenador da pesquisa, Leonardo Bergamini, em matéria divulgada pela Agência de Notícias IBGE.

Dentre as espécies avaliadas, considerando fauna e flora, 5.944 ocorrem no bioma Amazônia, sendo que 5% delas (278) estão ameaçadas. Pouco mais de 9% das espécies avaliadas que ocorrem na Amazônia são categorizadas como “Dados Insuficientes”, e cerca de 2% como “Quase Ameaçadas” (ver boxe). A Amazônia apresenta a segunda maior proporção de espécies na categoria “Menos Preocupante” (84,3%) –ficando atrás do Pantanal (88,7%) nesse quesito.

Fauna e flora

Na Amazônia, a fauna do ambiente terrestre compreende 3.183 espécies avaliadas, sendo que a maioria (2.814 espécies, 88% do total) está na categoria “Menos Preocupante”. No bioma ocorrem 16 espécies da fauna terrestre na classe “Criticamente Ameaçada”, como o Sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), encontrado unicamente nas proximidades da capital amazonense.

A fauna de água doce compreende 2.926 espécies avaliadas, sendo que 86% (2.515) estão na categoria “Menos Preocupante”. Há 18 espécies da fauna de água-doce no grupo das “Criticamente Ameaçadas”, a exemplo da Arraia-Aramaçá (Paratrygon aiereba), encontrada nas bacias do Amazonas e do Tocantins. Já a fauna marinha compreende 74 espécies avaliadas, sendo que 84% (62) estão na categoria “Menos Preocupante”. Ao menos três espécies estão ameaçadas: as aves Maçarico-de-costas-brancas (Limnodromus griseus) e Maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla).

A flora terrestre da Amazônia compreende 714 espécies, sendo que 84% (470) estão no grupo “Menos Preocupante”. São 95 as espécies ameaçadas e 119 (16%) são consideradas com “Dados Insuficientes”. A flora associada a ambientes de água doce inclui espécies estritamente aquáticas e as de ambientes ribeirinhos ou sazonalmente alagáveis. Das 297 avaliadas da flora associada a esses ambientes, 25 estão ameaçadas, com destaque para a Mourera weddelliana –a única do conjunto exclusivamente aquática.

Dentre as espécies avaliadas da flora que ocorrem na Amazônia, seis estão associadas a ambientes marinhos. Nenhuma é considerada ameaçada de extinção, sendo uma na categoria “Quase Ameaçada” e cinco na de “Menos Preocupante”.

Diversidade e vulnerabilidade

Na análise do supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, os dados mostram que, apesar de tudo, a Amazônia é o bioma brasileiro em melhores condições no que se refere às vulnerabilidades. O pesquisador ressalva, no entanto, que o mesmo levantamento inspira a necessidade de cuidados, especialmente quando se leva em conta que ainda há espécies não mapeadas na região. 

“Mesmo assim, ela possui uma grande quantidade de espécies ameaçadas, entre fauna e flora. Mesmo aqui, em Manaus, há espécies ameaçadas, como é o caso de Sauim-de-coleira. Em se tratando de Amazônia, as diversidades e as quantidades são tão grandes, que ainda há espécies que não possuem dados suficientes para contabilizar sua conservação”, finalizou.

Critérios de classificação 

As avaliações nacionais do risco de extinção das espécies seguem os critérios de classificação de grau de risco de extinção definidos pela Lista Vermelha Global da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). São consideradas ameaçadas as espécies nas categorias ‘vulnerável’, ‘em perigo’ e ‘criticamente em perigo’. O coordenador da pesquisa, Leonardo Bergamini explica que, para compor a classificação, a metodologia abrange cinco critérios. “A redução da população é um deles. Ou seja, se determinada espécie perdeu entre 50% e 69% dos seus indivíduos em certo intervalo de tempo, ela será enquadrada na categoria ‘vulnerável’. Se for maior ou igual a 70%, estará na categoria ‘em perigo’, e assim por diante (…) Quem está no ‘quase ameaçado’, se nada for feito, pode entrar nas categorias de ameaçados”, alertou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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