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Amazonas tem o pior tombo no comércio e nos serviços do país

Divulgação

A crise do Covid-19 fez as vendas de comércio e serviços do Amazonas sofrerem o pior tombo em todo o país, entre a última semana de março e os últimos dias de abril, período inicial da quarentena local. A queda foi de 49% no Estado, no confronto com os 30 dias imediatamente anteriores. Na média brasileira, o volume de negócios foi 39% menor, na mesma comparação, conforme mapeamento inédito do ICVA (Índice Cielo do Varejo Ampliado).

Os dados contabilizam as operações comerciais no intervalo que vai de 24 de março a 27 de abril. São Paulo (-48%) e Ceará (-47%) vieram nas posições seguintes do ranking de perdas – os mais afetados pela pandemia, juntamente com o Amazonas. Em âmbito nacional, o varejo de bens duráveis e semiduráveis caiu 60%, enquanto o setor de serviços – que representa 60% do PIB brasileiro – despencou 70%. As perspectivas cada vez mais próximas de um lockdown trazem a ameaça de uma nova rodada de perdas no Dia das Mães, a segunda data mais importante para os setores.

O MPAM (Ministério Público do Amazonas) já entrou com ação na Justiça determine ao governador Wilson Lima e ao prefeito Arthur Virgílio Neto, que seja decretado um ‘lockdown’ na capital amazonense por um período de dez dias. A ação pede a implementação de um bloqueio total de circulação de pessoas – no lugar do isolamento social, que não está sendo cumprido pela maioria dos manauenses – no prazo de 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, em caso de descumprimento.

A solicitação visa conter a curva de contágio da pandemia no Amazonas. O Estado registrou mais 867 casos de Covid-19, nesta terça (5), totalizando 8.109 casos confirmados do novo coronavírus, conforme boletim epidemiológico divulgado pela FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde). Também foram confirmados mais 65 óbitos pela doença, elevando para 649 o total de mortes.

Empresas e empregos

“É muito difícil quando há interferência em um setor de livre iniciativa. Nós entendemos que o Ministério Público deve ter tido as razões e decisões dele para solicitar o lockdown. Só temos que lamentar o fato de que mais empresas e mais empregos vão se perder no meio do caminho. Para o comércio, só resta obedecer”, desabafou o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury.

Indagado sobre o impacto de um lockdown às vésperas do Dia das Mães, o dirigente ressalva que a data já teria uma movimentação diferente mesmo, muito dependente de vendas por delivery e drive-thru. A expectativa já era para uma queda de até 50% em relação ao mesmo período do ano passado. “O lockdown, se for efetivamente implantado, não vai mudar muito as perspectivas de queda, que já existiam. Mas, devemos cair ainda mais”, justificou. 

Em relação ao recuo mais acentuado do Amazonas em relação ao restante do país, Azury avalia que, mais do que os números locais da pandemia e das medidas de isolamento, o fato de o setor ser mais ligado à manufatura incentivada de Manaus fez a diferença. “A indústria parou e fez as outras atividades seguirem esse caminho. Tem também a questão do petróleo, vendas para o interior e outros fatores”, completou. 

“Ninguém sabe”

Procurado pelo Jornal do Commercio para falar sobre o desempenho do setor e o impacto do lockdown, o presidente da Abrasel-AM (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes Seccional Amazonas), Fabio Cunha, preferiu não alongar. “Nem mesmo os secretários de governo sabem dizer como vai ficar a situação para o setor após esse decreto. Vamos aguardar. Não tenho como comentar sem ter embasamento”, finalizou.

Manaus em quarto lugar 

A análise detalhada dos dados do ICVA também indica que a queda de faturamento do comércio e serviços está sendo puxada pelas capitais. Com retração de 52% nas vendas, Manaus aparece em quarto lugar nesse cenário, empatada com Salvador, Recife e João Pessoa. O ranking é liderado por São Paulo (-59%), Goiânia (-56%), Fortaleza e Teresina (ambas com -53%).

Os dados da pesquisa do Cielo para Manaus e Amazonas seguem em sintonia com outro levantamento divulgado pela CNC (Confederação Nacional do Comércio), na semana passada, voltada unicamente para o varejo. A entidade estima que os comerciantes amazonenses já perderam R$ 840 milhões em cinco semanas de crise e restrição às atividades – de 15 de março a 18 de abril.

Mas, segundo o presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, a região sofreu menos que outras. “Nas capitais, até pelo fato de o volume de infecção ser maior, o isolamento ficou mais predominante. O estudo mostra isso de forma bastante clara. (…) Tem uma predominância no Sudeste, onde houve mais fechamento de estabelecimentos nesse período, enquanto as regiões Norte e Centro-Oeste foram as que menos fecharam”, concluiu. 

Fonte: Marco Dassori

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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