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Amazonas tem alto risco de insalubridade entre os trabalhadores

O Amazonas tem 49,3% de seus trabalhadores, o equivalente a 821 pessoas, expostos a algum fator que põe em risco a sua saúde, como cigarro ou mesmo jornadas de trabalho em horários atípicos. Os números colocam o Estado acima da média nacional (49%) e na segunda posição na região Norte (48,4%), perdendo apenas para Rondônia (55,2%). O grau de exposição dos amazonenses é maior entre os homens (58,1% e 593 mil) e entre os habitantes menos escolarizados. 

A boa notícia é que o percentual da população amazonense que costuma praticar atividades esportivas, exercícios físicos, recreativos ou artísticos mais de uma vez por semana (22,2%) está acima da média brasileira (19,4%), fazendo com que o Estado ocupe também a segunda posição entre os maiores percentuais em todo o país. A má é que esse contingente não passa de 642 mil pessoas, dentro de um universo de 2,90 milhões de habitantes do Amazonas com 15 anos ou mais.

As conclusões vêm dos dados da PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) 2019, realizada e divulgada pelo IBGE. Na sondagem, foram investigadas situações que podem impactar direta e indiretamente na saúde de todos os trabalhadores brasileiros, como deslocamento para o local do trabalho, ao turno de trabalho, realização de plantões, à exposição ao fumo no local de trabalho, além de, aspectos da vida com a família e os amigos, e algumas atividades realizadas em grupo.

Segundo o estudo, 12,8% dos amazonenses com 15 anos ou mais (214 mil pessoas) trabalhavam habitualmente entre 8h e 5h. O percentual está abaixo da média nacional (13,3%), mas supera a da região Norte, além de representar nada menos do que 214 mil trabalhadores. Homens superam novamente as mulheres neste cenário, por uma proporção de 17,3% (177 mil) contra 5,7% (37 mil). 

Em relação ao nível de instrução, 94 mil (13,8%) dos amazonenses que trabalham de 8h às 5h contavam com o ensino médio completo ou superior incompleto, 43 mil (10,1%) não tinham instrução ou não haviam passado do fundamental incompleto, 42 mil (14,5%) tinham apenas o fundamental completo ou médio incompleto e 35 mil (12,9%) já haviam concluído o nível superior.

Cigarro e demoras

Pelo menos 9,5% dos trabalhadores do Amazonas – ou 95 mil pessoas – relataram ter sido expostos à fumaça de cigarro em ambientes fechados de trabalho, na semana da pesquisa. O percentual do Estado ficou abaixo do dado brasileiro (10,6%) e mesmo da região Norte (9,8%). Não há recortes regionais, mas sabe-se que homens (13,1%), pessoas com mais de 40 anos (10,9%), com o fundamental incompleto (14,1%), afrodescendentes (12,8%) e trabalhadores que ganham não mais do que um quarto de salário mínimo (14,9%) são maioria nas estatísticas para o âmbito nacional.

Em sintonia, 2,7% da população amazonense (72 mil) disseram sentir tosse persistente, por três semanas ou mais, na data da entrevista. O Estado comparece novamente com uma fatia aquém das médias do Brasil (2,9%) e da região Norte (3,1%), com as proporções entre homens (2,8% e 36 mil) e mulheres (2,7% e 36 mil) mais equilibradas neste caso.

Outro dado negativo vem do tempo de deslocamento para o trabalho, cujo tempo médio apontado pelos entrevistados foi de 5,2 horas. Foi o quarto maior número do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro (6,7 horas), Distrito Federal (5,8 horas) e São Paulo (5,6 horas). A maior parte dos entrevistados (31% ou 453 mil) levava apenas 30 minutos no trajeto ou de uma a duas horas (25,5% ou 371 mil). Pelo menos 87,4% dos amazonenses trabalhavam no modo presencial (1,46 milhão), com os homens (921 mil) superando as mulheres (535 mil).

Esporte e religião

A sondagem do IBGE indica também que a prática de atividades esportivas, exercícios físicos, recreativos ou artísticos está em um percentual acima da média nacional, no Estado. Ao menos 48,5% (1,404 milhão), entretanto, não se reuniram uma única vez para esse fim, no espaço de um ano. Para 22,2% (642 mil) isso era um hábito de mais de uma vez por semana, enquanto 12,5% (360 mil) se restringiam a uma única ocasião semanal, 6,3% (181 mil) faziam isso de duas a três vezes por mês, 8,4% (244 mil) adotavam como costume de “algumas vezes no ano” e 2,1% (61 mil) faziam disso um ritual anual.

O mesmo pode ser dito das práticas religiosas. Mais de 73% dos amazonenses realizaram alguma atividade coletiva de sua ou de outra religião durante os últimos 12 meses anteriores à pesquisa. Em torno de 21,2% (614 mil) da população afirmou participar mais de uma vez por semana e 26,7% (773 mil), uma vez por semana. Para 8,6% (249 mil), era um hábito de duas a três vezes por mês, e para 13,5% (390 mil), de “algumas vezes por ano”. Outros 3,5% (102 mil) faziam isso uma vez ao ano e 25,4% (765 mil) disseram que não adotavam o costume.

“Campanhas de conscientização”

Em sua análise para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, argumenta que o trabalhador percebe quando há riscos em sua atividade riscos, mas destaca que frequentemente ele nada pode fazer nada quanto a isso, ou não sabe como reagir, justamente porque os mais afetados costumam ser também os menos escolarizados.

“A pesquisa mostra que existe um grande contingente de trabalhadores do Amazonas que atuam no período noturno e, por conseguinte, têm a saúde mais vulnerável. Chama a atenção também o fato de que ainda existe um significativo número de pessoas expostas ao tabaco em ambientes fechados de trabalho, mesmo existindo uma legislação já há vários anos para isso. É um retrato da necessidade do retorno de campanhas sobre o tema”, argumentou.

Para o pesquisador, o dado de práticas e atividades esportivas é bastante relevante para o Estado, em comparação aos demais Estados, mas também mostra que ainda há muito a ser feito para ampliar o hábito e reduzir o sedentarismo na região. “A grande maioria da população não realiza qualquer atividade, demonstrando a necessidade de incentivar a população através de campanhas de conscientização. Os dados mostram também, por outro lado, que a prática religiosa faz parte da vida do amazonense, mesmo que a maioria o faça apenas uma vez por semana”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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