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Amazonas tem 256 mil pessoas desempregadas

A quantidade de amazonenses na fila do desemprego estancou em 256 mil, no primeiro trimestre de 2022, após nove meses consecutivos de queda. A taxa passou de 13,1% para 13%, na comparação do acumulado de janeiro a março deste ano, com os três meses finais de 2021, pontuando estabilidade. Mas, foi menor do que a registrada um ano antes (17,6% e 329 mil), quando o Estado ainda passava pela segunda onda da pandemia. O nível de ocupação da mão de obra subiu de 54,4% (1,67 milhão) para 55,3% (1,71 milhão) na virada do ano, e também foi maior do que o do trimestre inicial de 2021 (50,5% e 1,54 milhão). Serviços e indústrias lideraram a ampliação das vagas. 

O aumento da oferta veio acompanhado por um leve recuo na proporção de pessoas trabalhando sem carteira assinada. A taxa caiu de 58,7% para 58,1% na virada trimestral, sendo ainda menor do que o dado dos três meses iniciais do ano passado (59,8%). Mas, o Estado permaneceu com o maior índice de pessoas trabalhando sem carteira assinada, logo atrás de Pará (62,9%) e Maranhão (59,7%) –que apresentaram altas. Em paralelo, o trabalho por conta própria cresceu e a média de renda dos amazonenses estagnou. É o que mostram os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral, divulgados pelo IBGE, nesta sexta (13). 

Capturada em um período em que a variante ômicron experimentava seu apogeu e queda, a taxa média de desocupação do Amazonas nos três primeiros meses de 2022 (13,1%) foi a menor para o período, desde 2016. Mas, bateu a média nacional do mesmo período (11,1%), que também experimentou estabilidade. O percentual do Estado foi o décimo maior em um ranking liderado pela Bahia (17,6%) e ainda encerrado por Santa Catarina (4,5%). 

O Estado contava com 3,95 milhões com 14 anos ou mais, idade apontada pelo IBGE como apta ao trabalho. No total, o número de pessoas na força de trabalho –que estava trabalhando ou buscando emprego –foi de 1,97 milhão, no primeiro trimestre. Foi uma quantidade 2,4% superior à do trimestre anterior (1,92 milhão) e 5,3% mais elevada do que a de igual intervalo de 2021 (1,87 milhão). O número de pessoas fora da força de trabalho – que não estavam ocupadas ou buscando emprego –foi de 1,13 milhão, apontando recuos de 2,2% e 4,7%, ante os respectivos períodos anteriores (1,15 milhão e 1,18 milhão). Com isso, a taxa de participação na força de trabalho foi de 63,6%, também apontando estabilidade.

Atividades e rendimentos

A “posição de ocupação” classificada pelo IBGE como “empregado” respondeu por mais da metade (894 mil) dos amazonenses com ocupação profissional, no primeiro trimestre. Desses, 568 mil estavam no setor privado, contingente 12% superior ao registrado um ano antes (798 mil), e 1,10% acima dos três meses imediatamente anteriores (885 mil). Em torno de 241 mil estavam no setor público, representando alta proporcional de 7,5%, no primeiro caso, e decréscimo de 1,8%, no segundo. 

No setor privado, 69,01% (392 mil) tinham carteira assinada, enquanto os 30,99 restantes (176 mil pessoas) não contavam com o mesmo benefício. A informalidade, por sinal, atingiu 86,37% (76 mil) dos trabalhadores domésticos (86 mil) no mesmo período. A taxa de amazonenses sem formalização caiu no setor público, mas ainda ficou em 34,44% (83 mil), no acumulado de janeiro a março deste ano. O trabalho por conta própria aumentou e foi a alternativa para 35,70% dos amazonenses ocupados (611 mil), sendo que 92,14% (563 mil) não possuíam CNPJ. A quantidade de “empregadores” foi de 50 mil, mas o percentual de formalizados diminuiu e não passou de 56% (28 mil).

O grupo que reúne comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (316 mil) se manteve como o setor que empregou mais pessoas no Amazonas, mas registrou baixa ante o trimestre anterior (331 mil). As atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (293 mil) vieram na segunda posição, com crescimento diante da base anterior (293 mil). Foram seguidas pelos serviços de administração pública, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (287 mil), que empregaram menos. 

Na sequência estão indústria (195 mil), construção (109 mil), e os serviços de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (136 mil), entre outras. Segundo o IBGE-AM, este último grupo foi o único a apresentar “alta significativa” de criação de postos de trabalho (+23 mil), com elevação de 20%, mas “nenhuma atividade apresentou queda significativa”. Na comparação com o primeiro trimestre de 2021, o crescimento foi disseminado, com destaque para indústria (+26,1%), alojamento e alimentação (+30,9%), domésticos (+36,5%) e “outros serviços” (+40,7%).

O “rendimento médio real” dos trabalhadores do Amazonas foi de R$ 1.920, ficando 4,4% acima do número capturado no trimestre anterior (R$ 1.839). Na comparação com o mesmo acumulado do exercício anterior (R$ 1.956), houve perda de 1,9%. Já a massa de rendimentos –que reflete o quanto os salários brutos dos trabalhadores contribuíram para a economia local –alcançou R$ 2,98 bilhões, ficando 5,67% maior no confronto com os três meses finais de 2021 (R$ 2,82 bilhões) e 10,78% superior ao patamar de um ano antes (R$ 2,69 bilhões). O IBGE avalia que todas as variações configuraram “estabilidade”.

“Sem otimismo”

Em sua análise para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, observou que a informalidade persiste em nível significativo no Amazonas, embora tenha tido uma “pequena redução”. “O quadro coloca o Amazonas em uma desconfortável posição em relação aos outros Estados do país. A informalidade continua justamente porque os empregos formais não são suficientes para atender a demanda. Além de que, muitos trabalhadores optam pela informalidade na busca de melhores ganhos”, ponderou.

O pesquisador ressaltou, no entanto, que a estabilidade do indicador em relação ao trimestre anterior foi “bastante positiva”, assim como outros dados revelados pela sondagem. “Tivemos aumento considerável no número de pessoas ocupadas e todos os setores tiveram incremento. Algumas importantes categorias, como as do setor privado com carteira assinada, trabalhador doméstico e por conta própria com CNPJ, apresentaram incremento considerável de trabalhadores. Na comparação com igual trimestre de 2021, os dados mostram melhora em todos os comparativos. O comércio continua sendo a atividade que mais emprega, seguido da agricultura”, listou.

Para Adjalma Nogueira Jaques, o retorno das atividades econômicas ocorrido com a queda das estatísticas da Covid-19 pode ter ajudado “em muito” a manter a estabilidade da taxa de desocupação do Amazonas, “com tendência de queda”, embora ressalve que o cenário econômico segue instável. “Dois exemplos são os trabalhadores domésticos e por conta própria, que foram retornando suas atividades. Ainda cabem melhoras no quadro da desocupação, mas é necessário melhoria na economia do Estado. Neste momento, com o desempenho da indústria e do comércio, não é possível traçar um cenário de otimismo para a próxima divulgação”, concluiu. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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