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Amazonas perde parte de sua floresta em 18 anos

O Amazonas perdeu 1,36% de sua área de vegetação florestal, entre 2000 e 2018. Parece pouco, em termos proporcionais, mas a extensão de terra abrangida pelo desmatamento corresponde a 19.682 quilômetros quadrados, em números absolutos, garantindo ao Estado a quarta posição do ranking. Para efeito de comparação, a medida é equivalente ao triplo da área do Distrito Federal e próximo da área correspondente ao município de São Paulo de Olivença (19.658,502 quilômetros quadrados). 

As áreas de mosaicos florestais e de pastagem com manejo, por sua vez, registraram índices de expansão de três dígitos, em prejuízo à cobertura florestal amazonense, com incrementos respectivos de 140,30% (13.956 quilômetros quadrados) e de 223,83% (5.815 quilômetros quadrados). Os dados foram divulgados pelo IBGE, e são do Monitoramento da Cobertura e Uso da Terra, cujo objetivo é espacializar e contabilizar a cobertura e uso da terra do território brasileiro, ao longo dos anos. 

As áreas de mosaicos florestais e de pastagem com manejo, por sua vez, registraram índices de expansão. Foto: Divulgação

Em 2000, a área de cobertura vegetal do Amazonas era de 1,45 milhão de metros quadrados, caindo para 1,43 milhão de metros quadrados, 18 anos depois. O Estado ficou em quarto lugar, entre as unidades federativas que mais perderam áreas de vegetação florestal. A área de mosaicos florestais, por sua vez, subiu de 9,95 mil para 23,9 mil metros quadrados. Já a extensão da pastagem com manejo passou de 2.600 para 8.400 metros quadrados –situando Amazonas na nona colocação do ranking brasileiro. As áreas agrícolas despencaram 53,9%, de 180 para 83 metros quadrados, colocando o Estado na liderança nacional desse tipo de comparação.

Estados vizinhos apresentaram escalas significativamente mais elevadas de deflorestamento, no mesmo período. O Pará teve a maior redução absoluta da área de vegetação florestal, com perda de 116.086 metros quadrados. Ao mesmo tempo, contabilizou a maior expansão da área de pastagem com manejo no país (83.400 quilômetros quadrados), apresentando a segunda maior área desta classe de uso da terra entre os Estados brasileiros, em 2018. A área agrícola passou de 1.086 (2000), para 9.158 (2018) quilômetros quadrados.

Em paralelo, o Mato Grosso teve o maior incremento absoluto da área agrícola (50.616 quilômetros quadrados) e foi o segundo no ranking de expansão da área de pastagem (45.449 quilômetros quadrados) e de reduções de área de vegetação florestal (71.253 quilômetros quadrados) e campestre (22.653 quilômetros quadrados). Em 2018, o Estado concentrava 17,93% da área agrícola e 16,85% da área de pastagem com manejo do Brasil, as maiores dessas classes de uso, entre as unidades federativas.

Manaus e Transamazônica

Segundo o IBGE, as Classes de Uso e Cobertura da Terra que predominam no Amazonas são: vegetação florestal, vegetação campestre e mosaico de ocupações em área florestal. De 2016 a 2018, as maiores mudanças foram a redução da vegetação florestal e o aumento do mosaico de ocupações em área florestal e da pastagem com manejo, predominando no entorno de Manaus, ao longo da rodovia Transamazônica e na proximidade da divisa entre Acre e Rondônia. 

“As pastagens com manejo avançaram consideravelmente. No início da série, em 2000, seu estoque era de 2.908 quilômetros quadrados, equivalente a seis cidades de Manaus. Já em 2018, sua ocupação na paisagem do Estado, chegou a 8.413 quilômetros quadrados, ou o equivalente a 17 cidades de Manaus. Entre 2016 e 2018, as pastagens com manejo aumentaram 752 quilômetros quadrados, ‘tomando’ áreas principalmente do mosaico de ocupações em áreas florestais e da vegetação florestal”, assinalou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa.

Mas, entre todas as classes florestais, a vegetação florestal tem sido a mais impactada desde 2000, de acordo com o levantamento do IBGE. Em 2000, o estoque era de 1.449.633 quilômetros quadrados. Mas, em 2018 caiu para 1.429.951 quilômetros quadrados. “De 2016 a 2018, o estudo verificou que as perdas da vegetação florestal foram ‘tomadas’ principalmente pelo mosaico de ocupações em área florestal e pela pastagem com manejo”, complementou o texto.

“Ocupação pulverizada”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforça que o estudo mostra uma contabilidade do uso e ocupação das terras do Estado, sendo a primeira vez que o IBGE divulga esse balanço por unidade da federação. No entendimento do pesquisador, os dados do Amazonas mostram e quantificam perdas e ganhos das classes de cobertura e ocupação. 

“A maior perda é da cobertura vegetal, que parece pequena quando se olha do ponto de vista do gigantesco espaço territorial do Estado. Mas, quando o estudo numera essa perda, vê-se que a área perdida pela vegetação é extensa. Entre as classes que mais ganham espaço, estão as ocupações em área florestal e a pastagem com manejo, ambas com fruto de ações causadas pelo homem”, assinalou.

Adjalma Nogueira Jaques reforça que não é possível fazer comparações do Amazonas com Estados vizinhos, como Pará, Mato Grosso, ou mesmo Rondônia, onde a agricultura de extensão já atingiu patamares elevados, com perdas consequentes das coberturas vegetais das respectivas unidades federativas. Indagado se o deflorestamento pelas atividades humanas em nível local aponta para um saldo positivo ou não para o Estado, em face de seus resultados, o pesquisador diz que não pode dar essa resposta. 

“Vemos que o uso da terra é muito pulverizado no Amazonas, concentrando-se mais no Sul do Estado, em municípios como Lábrea, Apuí e Humaitá, assim como nas regiões próximas de Manaus. O predomínio é maior da agricultura do que o da simples ocupação humana, mas podemos dizer que há outras atividades também, como a mineração. Mas, cabe à sociedade e ao Estado julgar se isso é bom ou ruim”, arrematou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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