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Amazonas é líder em inadimplência em abril

O Amazonas aumentou em 0,12% seu número de consumidores negativados, na passagem de março (1.464.305) para abril (1.466.124) de 2021. O mesmo se deu com a variação anual, em maior nível, com o índice de inadimplência recuando 2,58% em relação à marca do mesmo mês do ano passado (1,505 milhão). Em ambas as comparações, o Estado seguiu a trajetória nacional, mas colecionou desempenhos aquém da média brasileira. É o que revelam os dados do Indicador Serasa Experian, fornecidos à reportagem do Jornal do Commercio.

Apesar da entrada de mais 1.819 pessoas na lista, o Estado manteve sua parcela da população com contas atrasadas relativamente estável, entre um mês e outro (52,2% para 52,1%). Mas, ainda não perdeu o posto de campeão nacional no quesito. O levantamento da empresa verificadora de situação de crédito aponta que o Amazonas lidera uma lista de 14 unidades federativas que contam com percentuais populacionais na lista de mal pagadores acima da média brasileira (39,5%). Goiás registrou a maior queda mensal (-0,6 pontos percentuais), enquanto o Ceará apresentou a alta mais acentuada (+1,3 p.p.). 

Em texto divulgado por sua assessoria de imprensa, a Serasa Experian informa que o total de brasileiros com contas atrasadas chegou a 62.981.572, em abril, 0,68% a mais do que em março (62.557.333). A sondagem indica que esta foi a terceira alta do índice no ano e que 1,6 milhão de brasileiros já foram negativados, no quadrimestre. O total de devedores em abril foi o maior para o país, desde agosto de 2020. Mas, em relação a abril do ano passado – mês da série histórica – houve retração de 4,4%. 

Vale notar que o Estado entrou em num novo ciclo de altas de inadimplência na virada do ano, após encerrar um período de retração nos indicadores de consumidores negativados. Para efeito comparativo, o Amazonas encerrou 2020 com 1.437.468 devedores, 1,99% a menos do que os contabilizados em abril de 2021 (1.466.124). A mudança de sinal coincidiu com as dificuldades econômicas criadas pela segunda onda, em um ambiente inicialmente desprovido de estímulos anticíclicos federais. 

Tipos de dívida

No Amazonas, a maior parte dos débitos em atraso ainda diz respeito às utilities (serviços públicos essenciais de água, eletricidade e gás), que responderam por 29,5% do total. Na sequência, o varejo (24,4%) continua na segunda colocação, sendo ainda seguido de longe por bancos/cartão (19,9%), telecomunicações (10%), serviços (6,4%), financeiras/leasing (4,8%), “outros segmentos” (4,6%) e securitizadoras (0,5%).

A assessoria de imprensa da Serasa Experian não forneceu os dados de março de 2021 e de abril de 2020 para os comparativos. Na comparação com os números de dezembro de 2020, houve redução nas fatias de devedores para utilities (-2,3 p.p.), varejo(-1,1 p.p.), telecomunicações (-0,7 p.p.) e serviços (-0,4 p.p.). Bancos/cartão (+1 p.p.), “outro segmentos” (+0,2 p.p.) e financeiras/leasing (+0,4 p.p.) foram na direção contraria, enquanto securitizadoras se mantiveram estáveis.

Em âmbito nacional, as utilities de água, luz e gás (23,7%) também prevaleceram sobre o varejo (12,9%), serviço (10,4%), telefonia (10%), financeiras (9,6%), “outros” (4,3%) e securitizadoras (1,3%). As dívidas com bancos, cartões e financeiras, por outro lado, foram as que mais cresceram entre março e abril deste ano, somando incremento de 0,7 ponto percentual. A divida média dos inadimplentes em todo o país foi de R$ 3.938 em abril, sendo 0,88% superior à contabilizada em março (R$ 3.903,70).

Desemprego e inflação 

No texto divulgado à imprensa, o economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, explica que a redução do auxílio emergencial concedido pelo governo federal, assim como o aumento da taxa de desemprego, ajudou a pressionar os índices de inadimplência, em um tendência que sinaliza se manter nos próximos meses. “Além desses pontos, os aumentos das taxas de juros e da inflação comprometeram a renda da população. As pessoas tiveram que priorizar os pagamentos, o que acabou deixando pendências pelo caminho”, complementou.

Em sintonia, o conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Junior, assinala que a economia brasileira ainda não deu sinais positivos de aquecimento, em virtude da segunda onda da covid-19 e da vacinação demorada. Sobre os diferenciais do Amazonas em relação ao restante do país, o economista lembra que a taxa local de inflação não é a mesma calculada pelos indicadores, em razão dos custos logísticos – que também aumentaram.

Sobre o corte de dívidas, que coloca os serviços públicos em primeiro lugar, e os débitos com o varejo e cartão de crédito na colocações seguintes, Francisco de Assis Mourão Junior lembra que o ranking reflete o desemprego e a baixa atividade econômica, com períodos de “muitas horas extras” em detrimento de novas contratações. O conselheiro do Corecon lembra que contas de água e luz costumam pesar mais nos orçamentos e que os cartões de crédito costumam contar com o “descontrole” do consumidor.

“As perspectivas não são boas. O auxílio emergencial foi liberado, mas ainda não surtiu o efeito desejado e ainda caminhamos a passos lentos no processo de vacinação. Só vejo uma luz no fim do túnel no primeiro trimestre do ano que vem. Até o final do ano, pouco mais da metade da população brasileira já deve estar imunizada, ajudando a desencadear o aumento da atividade econômica e, provavelmente, a redução do índice de inadimplência”, finalizou.  

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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