14 de novembro de 2024

Amazonas criou 2.733 empregos formais em outubro

142.690 empregos formais são criados no Brasil em 2020

O Amazonas criou 2.733 empregos formais em outubro, mas voltou a desacelerar em relação aos meses anteriores. Com isso, as admissões (+20.125) superaram as demissões (-17.392) pelo décimo mês consecutivo, desta vez, por um acréscimo de 0,55% sobre o estoque anterior. O desempenho, contudo, veio abaixo dos números de setembro (+2.973), agosto (+4.553) e julho (+3.723). Configurou também um tombo de 20,64% em relação ao dado de 12 meses atrás (+3.444). Manaus (+2.282) respondeu por 83,50% do saldo, que se disseminou em todos os setores econômicos, sendo carreado principalmente pelo comércio e pela construção.

A alta proporcional de vagas com carteira assinada no Estado (+0,55%) superou novamente a média nacional (+0,43%) e conseguiu bater também a performance da região Norte (+0,47%). O mercado de trabalho formal amazonense encerrou o acumulado do ano com expansão de 4,88% e 23.135 novos postos de trabalho. Os destaques vieram dos serviços e da construção. O estoque de empregos do Amazonas chegou a 497.210 vínculos celetistas ativos. Os números foram extraídos da base do ‘Novo Caged’, e foram divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência, nesta terça (28).

O Brasil como um todo voltou a ter mais admissões (+1.941.281) do que desligamentos (-1.750.915), mas também desacelerou. O somatório de novos empregos com carteira assinada chegou a 190.366 e configurou alta de 0,43%. Foi um número mais fraco do que o de setembro de 2023 (+211.764), embora tenha superado outubro de 2022 (+160.291). Em dez meses, foram criados 1.784.695 (+3,77%) vagas formais em todo o país, situando o estoque em 44.229.120 vínculos empregatícios. O avanço se espalhou por todos os cinco setores econômicos– com destaque para serviços (+109.939) – e regiões brasileiras – especialmente o Nordeste (+0,50%).

Vale ressaltar que a oferta de empregos formais ainda está distante da demanda dos trabalhadores, tanto em âmbito estadual, quanto nacional. Os números mais recentes do IBGE mostram que o Amazonas encerrou o terceiro trimestre de 2023 com o nível de desocupação em queda, mas em um patamar ainda elevado de 187 mil pessoas – ou 9,6% de sua força de trabalho. Apenas 55,7% (1,77 milhão) da população amazonense “apta ao trabalho” (14 anos ou mais) tinha ocupação remunerada, sendo que 55% (974 mil) desse grupo não contava com carteira assinada. O desempenho do quarto trimestre de 2023 só será divulgado em fevereiro de 2024.

Comércio e serviços

Diferente do mês anterior, todas as cinco atividades econômicas fecharam outubro com mais admissões do que desligamentos no Amazonas. Os serviços caíram do primeiro para o terceiro lugar do ranking celetista amazonense, com aumento de 0,23% no estoque e criação de somente 529 de empregos– contra os 1.589 de setembro. Os números mais relevantes vieram do grupo que reúne transporte, armazenagem e correio (+321) e, em muito menor grau, das divisões de “outros serviços” (+88) e de alojamento e alimentação (+65). No acumulado do ano, a alta foi de 6,40% (+13.785).

No mês do Dia das Crianças, o grupo que reúne “comércio e reparação de veículos” avançou 0,95% e criou 1.049 postos de trabalho, carreando a oferta de oportunidades profissionais no Estado. Foi um saldo quase que cinco vezes maior do que o de setembro (+216). As contratações vieram principalmente do varejo (+883), em um mês positivo também para os segmentos atacadista (+157) e de “reparação de automóveis e motocicletas” (+9). De janeiro a outubro, a atividade comercial acumula saldo positivo de 2.645 vagas com carteira assinada e um avanço de 2,42% sobre seus estoques.

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomércio-AM, Aderson Frota, salientou que o setor de serviços ainda é um dos mais dinâmicos no Estado, frisou que a aproximação das festas de fim de ano, aliada à “recuperação das condições logísticas”, já aponta recuperação para o comércio local. “Esses sinais, indicam que a economia está entrando em processo de recuperação, e que os consumidores estão recuperando acesso ao crédito – mesmo que em uma quantidade ainda pequena. Já temos sinais de que a Black Friday foi melhor do que no ano passado e nos encaminhamos para a melhor data para o varejo”, ressaltou. 

Indústria de transformação

A indústria ficou na penúltima posição do ranking amazonense, ao criar 463 empregos e obter a quarta maior taxa de expansão (+0,37%). O resultado veio pouco abaixo de setembro (475) e muito aquém de agosto (+747). A indústria de transformação (+459) teve saldos positivos em 16 de seus 25 segmentos, sendo sustentada principalmente pelos subsetores de “outros equipamentos de transporte” (+212); de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+188); e de máquinas e equipamentos (+118), em detrimento de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-291). Em dez meses, os empregos formais da manufatura amazonense avançaram apenas 2,49% (+3.021).

“Precisamos considerar que os números de 2022 ainda apresentavam reflexos da retomada cíclica comum após o período da pandemia. Ressalto, todavia, que no acumulado, os dados são extremamente positivos, especialmente se compararmos com as médias regional e nacional. Mas, embora tenhamos uma Selic em trajetória descendente, o patamar de juros ainda é elevado e a taxa neutra se encontra 4% acima do ideal. Nossa expectativa, apesar das dificuldades, é de que os números apresentem relativa estabilidade para o último bimestre do ano”, ponderou o presidente do Fieam, Antonio Silva.

Agropecuária e construção

Mesmo a agropecuária, que vinha oscilando ao longo do ano, emplacou saldo positivo, com a segunda maior alta da lista (+1,06%) e 51 novas vagas. O progresso veio basicamente do grupo que reúne “agricultura, pecuária e serviços relacionados” (+126), com destaque para a produção de lavouras temporárias (+119). Em contraste, pesca e aquicultura (-1), assim como produção florestal (-74) permaneceram no campo negativo. No acumulado até setembro, o setor finalmente entrou no azul (+52% e 52)

Já a construção manteve o ritmo de retomada, ao marcar seu sexto mês de saldo positivo, com o segundo melhor número de empregos (+641) e a maior variação da lista (+2,43%), mas em performance abaixo da atingida em setembro (+737). O avanço foi disseminado pelos serviços especializados para construção (+299), obras de infraestrutura (+245) e construção de edifícios (+97). Em dez meses, a atividade ainda é a única que detém incremento percentual de dois dígitos (+15,54%), com 3.635 novos postos de trabalho.

“Tivemos números melhores, embora o Amazonas apresente um descolamento na quantidade de obras do Minha Casa Minha Vida, na região Norte. O Pará, por exemplo, tem números muito melhores e depende menos do programa. Mas, o Estado está na época do verão e tem muitos empreendimentos. Vamos ter um ano positivo, mas ainda temos gargalos, como o fato de a queda da Selic ainda não se refletir na ponta do consumo, e a falta de insumos para a construção”, concluiu o presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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