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AM é o Estado que registrou maior aumento de mortes em 2020

O Amazonas foi a unidade federativa brasileira com maior crescimento de mortes, em 2020, primeiro ano da pandemia. No total, foram registrados 22.224 óbitos no ano passado, 31,9% a mais (ou 5.390) do que em 2019 (16.834). Para efeito comparativo, o índice foi quase sete vezes maior do que o apresentado no exercício anterior (+4,7%), sendo que a elevação foi ainda mais forte em Manaus (+36%). O Estado ajudou a inflar o percentual da região Norte (+25,9%), que liderou o ranking. No Brasil, o aumento foi de 14,9%, entre 2019 (1.314.103) e 2020 (1.510.068).

Assim como ocorrido na média nacional, o crescimento das mortes em âmbito estadual se deu com mais força entre os habitantes com 60 anos ou mais (+36,1%). Em Manaus, o aumento entre homens idosos (+61,8%) foi significativamente maior do que entre a população feminina na mesma faixa etária (+43,4%). Os indicadores do Estado caem gradativamente nas idades mais baixas, até registrar performances negativas para os habitantes com menos de 20 anos – especialmente para crianças de até 1 ano (-20%). Os dados estão nas estatísticas do Registro Civil relativas a 2020, calculadas e divulgadas pelo IBGE. 

A região que mais sofreu com o aumento relativo de mortes foi o Norte (+25,9%), seguido por Centro-Oeste (+20,4%), Nordeste (+16,8%), Sudeste (+14,3%) e Sul (+7,5%). Depois do Amazonas, as unidades federativas que mais avançaram no ranking foram Pará (+28%) e Mato Grosso (+27%). Na outra ponta, estão Rio Grande do Sul (+4%), Minas Gerais (+7,9%) e Santa Catarina (+9,5%).

Apesar da alta, a proporção de mortes de homens (60,84%) e mulheres (39,14%), no Amazonas, foi semelhante à do ano anterior. Isso porque o aumento geral nos registros de óbitos também foi equivalente entre os gêneros masculino (+24,4%) e feminino (+24,3%). Em torno de 69,5% dos registros se deu em hospitais, 22,2% em domicílios, 3,9% em via pública, e os 3,22% restantes são de logradouro desconhecido.

Idade e subnotificações

No Estado, apenas 5,7% das mortes foram de causa não natural (homicídios, suicídios, acidentes de trânsito, afogamentos, quedas acidentais entre outras ocorrências). Foi um dado significativamente menor do que o de 2019 (8,95%). O Amazonas ficou na sétima posição nesse quesito, em uma lista liderada por Tocantins (11,6%). O percentual de mortes naturais (93,51%) – classificação que inclui os óbitos decorrentes de doenças, como a covid-19 – ficou pouco acima da média nacional (90,84%).

O aumento nas mortes do Amazonas começa a se dar com mais força a partir da faixa etária de 35 a 39 anos (+15,1%),  até culminar nos 60 anos ou mais (+35,9%). O contrário se deu para as faixas abaixo dos 20 anos, e especialmente entre os menores de 15 anos (-13,4%), até culminar nos bebês com menos de 1 ano de idade (-20% ou 199 óbitos). “Esse fato pode estar relacionado tanto à diminuição dos níveis de mortalidade nessa faixa etária, quanto ao menor número de filhos nascidos no último ano”, pontuou o texto de divulgação do IBGE-AM. 

A maior parte das mortes do Amazonas ocorreu em abril (15,81%) e maio (14,42%), meses de pico da primeira onda. Em contraste, os meses com estatísticas mais baixas foram fevereiro (6,20%) e março (6,21%), no período imediatamente anterior à pandemia. O Estado, por outro lado, teve 639 óbitos fetais, no ano passado, número similar ao de 2019 (645). Os números também foram mais altos no gênero masculino (345) do que no feminino (286), neste caso.

Municípios e subnotificações

Manaus (15.110), Itacoatiara (465) e Manacapuru (452), Parintins (448) e Coari (445) foram os municípios amazonenses com mais óbitos, enquanto Japurá (7) ficou no extremo oposto. Todas as capitais brasileiras registraram aumentos. Porto Velho (+51%), Cuiabá (+41,1%), Belém (+37,7%), Fortaleza (+36,8%) e Manaus (+36%) lideraram as estatísticas. Já Porto Alegre foi a capital que apresentou o menor aumento relativo no volume de óbitos totais entre 2019 e 2020 (+8,1%), seguida de Belo Horizonte (+10,7%) e Teresina (+12,1%).

“Considerando o filtro feito nos registros por óbitos segundo o local de residência do falecido, é possível que o aumento dos óbitos nas capitais reflita não só que a população da capital sofreu maiores impactos com a pandemia, mas também que tenha havido maior deslocamento das pessoas para a capital em busca de tratamento nos centros de maior complexidade, e ali tenham vindo a falecer, com inconsistência no registro do local de residência da pessoa”, pontuou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa.

No mesmo texto, o órgão federal de pesquisa destaca que tem avançado em estudos que vão além do pareamento de nascimentos e óbitos, aplicando “métodos de captura e recaptura que objetivam estimar a parcela dos eventos totais de nascimentos e óbitos no Brasil”, para calcular os casos de mortes subnotificadas. A estimativa é que 9,1% dos óbitos do Amazonas não foram registrados no ano, ou no primeiro trimestre do ano seguinte. Foi o sétimo número mais elevado do Brasil. O maior saiu do Maranhão (25,6%) e o menor ficou no Rio de janeiro (0,1%).

Fator pandemia

Em texto divulgado pela Agência de Notícias IBGE, a gerente da pesquisa, Klívia Brayner, ressaltou que a alta no número de óbitos nas estatísticas nacionais foi “muito fora do comum” em relação aos anos anteriores. “Olhando desde 1984, mesmo que as séries mais antigas não sejam comparáveis com as atuais, pois o índice de sub-registro era muito alto, é possível observar que nunca antes tivemos uma variação acima de 7%, de um ano para outro. Em geral, o incremento ficava abaixo ou em torno de 3%. De 2010 a 2019, a média de variação foi de 1,8%”, analisou.

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinala que, “como não poderia deixar de ser”, todas as variáveis da pesquisa foram influenciadas pela pandemia da covid-19. Segundo o pesquisador, a partir de março do ano passado, com o avanço da primeira onda da pandemia, é possível notar “claramente” que a população do Amazonas começou a limitar “suas ações cíveis” – além de morrer mais.

“Os óbitos se elevaram a ponto de colocar o Estado com o maior crescimento de ocorrências, muito em função do impacto da pandemia e suas consequências, que proporcionou picos de vítimas principalmente em abril e maio. Possivelmente, em 2021, teremos mais registros tardios de óbitos de anos anteriores”, arrematou. 

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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