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Alternativa ferroviária desencanta indústria

A construção de uma ferrovia para possibilitar o escoamento da produção dos bens fabricados na Zona Franca de Manaus para os grandes centros consumidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste está saindo dos planos dos industriais que mantêm operações no Pólo Industrial de Manaus por não atender pressupostos básicos que viriam a reduzir os custos logísticos hoje necessários à distribuição naquelas regiões.
Como se sabe, o Amazonas tem uma vocação hídrica em função de sua bacia hidrográfica permear todo o Estado e, por isto, seus numerosos rios são os principais meios de comunicação tanto no interior do Estado, quanto para as rotas de comunicação com outras unidades da federação, à exceção de Roraima, para onde a ligação rodoviária, por intermédio da BR-174, oferece esta alternativa mais rápida e a preços acessíveis.
O transporte de mercadorias, produtos e insumos destinados ao consumo na capital do Amazonas tem como forma menos onerosa o transporte multimodal, fato a incluir, necessariamente, que parte de todo o trajeto entre a origem e o destino seja efetivado pelos rios que banham o Amazonas.
Desta forma, existe a necessidade de transportar mercadorias, também no sentido contrário, de Manaus para os demais Estados brasileiros, tanto por meio das rodovias quanto pelas balsas, o que dá origem a custos bastante elevados aplicados em fretes e seguros, armazenagem, entre outros, além de uma etapa a mais em função do transbordo a ser feito entre um modal e outro para seguir viagem.
A opção seria o transporte aéreo, uma vez que a ligação Porto Velho/Manaus desde há muito deixou de ser praticável, dadas as precárias condições do que deveria ser a BR-319, por absoluta falta de manutenção.
Por via aérea já saem de Manaus produtos de alto valor agregado, cujos preços finais justificam o custo deste modal usado para fazer sua distribuição, no entanto, muitos outros artigos produzidos no pólo de Manaus se tornariam economicamente inviáveis se distribuídos por via aérea.
É neste contexto que se ventilou a substituição da recuperação da BR-319 pela construção de uma ferrovia ligando as duas capitais. O problema começa tomar forma quando o projeto em discussão, apresentado pelas autoridades federais, dão conta de que o trecho ferroviário seria construído somente entre Humaitá, no Amazonas, e Porto Velho.
Do ponto de vista das lideranças empresariais, esta medida não seria nem meia solução, mas sim problema, pois o transporte continuaria a ser feito, na melhor das hipóteses, em dois modais. De um lado, se a BR-319 for recuperada e se tornar trafegável em todo seu trajeto, por rodovia, até Humaitá, e depois por ferrovia até Porto Velho, voltando à rodovia a partir daí até os grandes centros consumidores.
Sem a recuperação da rodovia, o transporte seria feito pela via fluvial até Humaitá, de lá até Porto Velho pela ferrovia e depois por rodovia.
Os produtos estariam sujeitos a maiores riscos de extravio e de perdas pela necessidade de maior manipulação nos diversos transbordos, o tempo necessário à viagem também vai se alongar, com isto os custos de distribuição serão expandidos, daí o desencanto dos investidores pela alternativa ferroviária proposta no Programa de Aceleração do Crescimento e em debate entre governo e setor produtivo.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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