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Algacir defende diálogo amplo com as lideranças do Estado

Algacir Polsin defende diálogo amplo com as lideranças do Estado

Com pouco mais de um mês à frente da Suframa, o general Algacir Antonio Polsin já tem uma tarefa dura pela frente. Executivo e Legislativo sinalizam retomar a reforma Tributária no curto prazo, mas as cartas à mesa ainda parecem desfavoráveis à manutenção das vantagens comparativas da ZFM, em um momento em que a prioridade federal é a busca por recursos para os gastos sociais impostos pela pandemia. Para isso, o superintendente vem articulando estratégias de defesa com o governo estadual e a bancada amazonense no Congresso, além de munir-se com a produção técnica da equipe da autarquia para subsidiar o contra-ataque.

Natural de Santa Catarina e com conhecimento ímpar da região – adquirido em posições chave da Primeira Brigada de Infantaria de Selva e do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia –, Polsin conta com a expertise militar para impor metas e prazo, focando na atração de investimentos e estabelecimento de parcerias estratégicas para combater mudanças tributárias e obstáculos logísticos. Como trunfos, o general –que passou à reserva ativa do Exército Brasileiro em setembro de 2019 –conta com a trilha aberta por seu antecessor, além do toque acelerado que impôs a sua gestão, em pouco tempo de trabalho. Ele dá como exemplo os encaminhamentos aos PPBs, Distrito Agropecuário e CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia). Na conversa com o Jornal do Commercio, o superintendente fala também das aspirações empresariais pelo fortalecimento da autarquia e de seu relacionamento com o Planalto, entre outros temas. Leia, a seguir, a íntegra da entrevista.

Jornal do Commercio – Qual o diferencial que o senhor pretende imprimir na gestão da Suframa, dada a sua formação militar e acadêmica?

Algacir Polsin – Pretendo atuar com foco na missão da Suframa, determinando metas e resultados com prazos definidos. Com a experiência obtida em minha trajetória profissional, entendo que, se não tivermos claros os nossos objetivos, todo o caminho se torna mais difícil. Estou cada vez mais consciente da relevância estratégica do modelo Zona Franca de Manaus, da importância da Suframa nesse contexto, e como podemos atuar com vistas aos resultados necessários à região, ao país e, principalmente, à sociedade. Buscarei trabalhar com foco na atração de investimentos para setores de alta densidade tecnológica, assim como estabelecer parcerias com o setor público e empresas, a fim de enfrentar os problemas mais críticos da ZFM, tais como os obstáculos logísticos e as mudanças no sistema tributário nacional.

JC – Quais são suas metas e prioridades para a autarquia? E qual seria a mais urgente?

AP – Acredito que já estamos com algumas ações bem encaminhadas, visando o fortalecimento do Polo Industrial de Manaus e a diversificação da indústria, com a busca de novos Processos Produtivos Básicos estratégicos; ações de fomento e regularização no Distrito Agropecuário da Suframa; disseminação e capacitação dos empresários atuantes no segmento comercial sobre o conjunto de benefícios do modelo ZFM; e também os importantes avanços na definição da personalidade jurídica do CBA (Centro de Biotecnologia da Amazônia), de forma a dotá-lo de condições para que se transforme em um novo centro de negócios da bioeconomia na região.

JC – A propósito de bioeconomia e do CBA, o que se pode esperar de projetos e ações do Centro de Biotecnologia da Amazônia, a partir da conquista de sua identidade jurídica?

AP – Espera-se que o Centro consiga entregar os resultados que se deseja de uma instituição criada para fomentar a bioeconomia na Amazônia. A partir de uma personalidade jurídica própria, como fundação pública de direito privado, estima-se um CBA dotado de condições jurídicas suficientes para integrar, captar e aplicar os recursos materiais, econômicos e humanos indispensáveis para que se transforme em um novo centro de negócios da bioeconomia na região.

JC – Seu antecessor apresentava como um de seus trunfos uma relação mais próxima com o presidente da República. Como se dará o diálogo entre a Suframa e o Planalto, daqui por diante?

AP – Temos um ótimo relacionamento com Brasília, em especial com o Ministério da Economia, com o Conselho da Amazônia e com o Planalto. É importante para os objetivos que temos traçados para a Zona Franca de Manaus. Da mesma forma, a relação com as bancadas parlamentares e com os governos estaduais tem sido cada vez mais estreita, o que é fundamental para que alcancemos os objetivos comuns, tais como a manutenção dos diferenciais competitivos do modelo ZFM, assegurar os empregos gerados, bem como criar novos postos de trabalho para a sociedade, ampliar os benefícios intangíveis que a Zona Franca de Manaus proporciona, aqueles que não temos como mensurar em números. 

JC – Não é de hoje que as lideranças do PIM defendem uma Suframa mais forte, atuante, e com certo grau de independência. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

AP – Todos sabemos da importância da atuação da Suframa para o desenvolvimento regional e socioeconômico e isso ocorre desde a sua criação, na década de 1960. O que os atores da região veem é a necessidade de a autarquia ser sempre atuante, presente e capaz de imprimir um ritmo de trabalho que gere os resultados que todos anseiam. Isso reforça os objetivos da Zona Franca de Manaus e amplia as condições de desenvolvimento da região. Sabemos que, se não fosse pela atuação da Suframa, em conjunto com as forças políticas e empresariais locais, muitas iniciativas não teriam logrado êxito. Vejo que as lideranças regionais entendem esse papel da autarquia e estamos alinhados para desenvolver sempre mais pela região e pelo país. Entendo que o grande papel da Suframa deva ser como elo integrador e facilitador, para que sejam criadas as condições de sinergia entre os diversos atores regionais, o que nos permitirá atingir nossos objetivos. 

JC – De que forma a Suframa trabalhará para evitar que a Zona Franca saia perdendo na Reforma Tributária?

AP – Estamos atentos a todo o processo e integrados com os demais entes da região para defendermos os interesses do modelo Zona Franca e que possamos continuar atuando com vistas ao desenvolvimento regional. Estamos alinhados com a bancada parlamentar federal da região e isso é fundamental para que possamos ter interlocução direta acerca deste tema. No mais, a Suframa possui uma equipe técnica capacitada que tem produzido estudos a respeito dos riscos inerentes às diversas propostas de reforma tributária para a viabilidade do modelo. Do mesmo modo, a Suframa tem interagido com o governo do Estado do Amazonas e setores empresariais no trabalho de interpretar as propostas e produzir sugestões de mudanças que preservem as vantagens competitivas tributárias da ZFM. Assim, a Suframa tem adotado uma postura proativa e cumprido uma agenda de debates e produção técnica para subsidiar as ações políticas em defesa da Zona Franca.

JC – A propósito da Reforma, um dos entraves enfrentados para garantir a sobrevivência da ZFM tem sido a disputa de narrativas. O que a Suframa pode e deve fazer para melhorar o diálogo com as outras regiões e apresentar os ganhos coletivos proporcionados pelo modelo?

AP – Entendo que o modelo Zona Franca de Manaus ainda não é plenamente compreendido pela sociedade. A divulgação dos benefícios deste modelo para o desenvolvimento regional, para o meio ambiente e para a população local devem ser também divulgados. Tenho solicitado às forças vivas da nossa sociedade para divulgarem esses dados intangíveis, ao mesmo tempo em que os atores principais debatem os aspectos econômicos desse modelo. O domínio dessa narrativa é muito importante e todos nós devemos nos sentir responsáveis em mostrar a importância desse modelo em todas as oportunidades. 

JC – De que forma a Suframa vai trabalhar, daqui por diante, para garantir a manutenção dos investimentos do PIM e trazer novas empresas e segmentos para Manaus? Seu antecessor, por exemplo, buscou estreitar o diálogo institucional com o empresariado.

AP – Temos ouvido diversas demandas da classe empresarial, de instituições e representações políticas que estão sendo importantes para contribuir com o bom andamento das ações da Suframa. Da mesma forma, temos tido boa receptividade quanto às nossas propostas de trabalho frente à autarquia e vamos construindo uma agenda comum em prol da Zona Franca de Manaus, para avançarmos da melhor maneira. Tem sido uma prioridade da Suframa a participação em eventos –agora, muitas vezes, por meio de videoconferências –onde se divulgam as vantagens tributárias e econômicas oferecidas pelo modelo ZFM e pelas ALCs (Áreas de Livre Comércio), bem como as iniciativas em prol do desenvolvimento regional. 

JC – O ministro da Economia, Paulo Guedes, já demonstrou, em diversas ocasiões, que não aprova políticas de desenvolvimento regional com subsídios fiscais nos moldes da ZFM. É um problema contornável?

AP – Considero que o modelo Zona Franca de Manaus é um sucesso de reconhecimento nacional e internacional. As peculiaridades da região impõem um tratamento diferenciado e certamente isso será levado em consideração nas decisões em Brasília.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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