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Ainda falta muito à aprender

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Empreendimentos À beira dos rios ou flutuantes têm pouco cuidado com a água

Para uma região que vive sob o regime das águas, usar rios e lagos para o sustento é mais que uma opção, em alguns casos é a única saída. Dos vendedores de peixe da beira do rio, passando pelos restaurantes flutuantes até imponentes e luxuosos hotéis de selva, as águas sempre são a moldura para estes negócios. Ganhar dinheiro explorando este cartão postal, pode até ter seu charme e apelo junto ao turismo, mas o que pensa o morador da região, que é quem tem contato direto com estas águas?

Água e renda
No caso dos flutuantes com atividade econômica, como é o caso dos pontões, a assessora de imprensa do Ipaam (Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas) Leidimar Brigatto, explica o que é necessário para o licenciamento. “É requisito para ser licenciado a instalação de caixa coletora de dejetos que são limpas por empresas limpa-fossas também licenciadas pelo Ipaam. Estas, por sua vez, emitem um certificado de coleta e destinação final de dejetos ao responsável pelo Pontão que precisa encaminhá-lo ao Instituto para análise quando da renovação da licença ambiental”, afirma. Os mesmos Pontões também só podem ser licenciados mediante a instalação de bacias de contenção de fibra de vidro no entorno da Bomba de combustível para armazenamento dos produtos perigosos. Nestes casos, também são obrigados a apresentarem comprovante da destinação final destes resíduos.

Flutuantes
Bastante procurados por locais e turistas, os restaurantes flutuantes, comuns em nossa orla, são fontes de emprego e renda, em uma cadeia que começa nas feiras e passa por pequenos barqueiros que realizam o transporte e termina na refeição posta à mesa. Mas o que pouco parece importar aos visitantes e alguns proprietários é a destinação do lixo e do esgoto gerados, nestes estabelecimentos.
O vai e vem constante de barqueiros e turistas, há tempos vem causando impacto nas águas, as vezes até atrapalhando o andamento de negócios e lazer, conta o empresário paulista Ari Branicio, ex-proprietário de um flutuante no Lago do Jatuarana (Careiro da Várzea, distante 19.85 km da capital). “Por volta de 1995 poucas pessoas moravam lá, mas já se podia prever o estrago. Para evitar danos maiores com o despejo de esgoto sanitário no rio, a solução era muito cara, mas parecia ser a adequada. Recolhíamos os dejetos em caixas vedadas que eram trazidas para Manaus e descartadas em aterros sanitários”, conta Branicio. Ainda hoje as dificuldades são grandes para os moradores da orla. Para o comerciante do Flutuante Jaqueline na comunidade Boas Novas (Vila do Careiro) Josué Canavarro, pouco mudou no interior. “Ainda se lava louça direto no rio. Nós aqui temos como opção queimar o lixo em um depósito próximo, mas alguns insistem em jogar nas águas, creio que falta uma ação da prefeitura, para a destinação de lixo e esgoto”, fecha.

Águas e o turismo
Grandes exploradores do turismo local, os hotéis de selva do Amazonas têm apelo junto a quem quer passar dias em contato com a natureza. Para o funcionamento destes estabelecimentos, o procedimento é bem parecido com o que é recomendado aos pontões. “Os hotéis flutuantes também só são licenciados mediante inclusão no projeto de estações de tratamento de efluentes e projeto de destinação de resíduos sólidos para não contaminar as águas. Eles passam por monitoramentos ao longo da vigência da licença emitida e por vistoria nos procedimentos de renovação de licenças”, conta a assessora.
Mas exemplos e casos de desrespeito às águas são encontrados. Um dos mais antigos empreendimentos do segmento, foi multado em 2009 pelo Ipaam por queima e poluição do solo por lixo, derramamento de combustível e lançamento de esgoto sem tratamento no ambiente. À época o diretor-executivo do hotel ressaltou a dificuldade encontrada para tratar esgoto no local, já que a construção fica sobre uma área alagada, o que impossibilita a instalação de fossas sépticas. Após isso, um sistema alternativo foi adquirido e instalado.

Apelo ecológico
O apelo ecológico acaba virando um atrativo a mais para estes empreendimentos. O Anavilhanas Jungle Lodge anuncia estar totalmente de acordo com as leis ambientais e segue à risca os princípios de sustentabilidade, desde sua construção até sua operação. Segundo o gerente geral Alfredo Stefani, o empreendimento seguiu as normas de um Plano de Controle Ambiental elaborado por um corpo de engenheiros florestais e biólogos.
“Nosso esgoto é tratado em fossas biológicas sem despejar nenhum detrito nos cursos d’água existentes. Novos trabalhos serão somados ao que o Anavilhanas Lodge já pratica. Iremos disponibilizar ao hóspede todo o conforto e bem-estar de um grande hotel, mas voltado a sustentabilidade e a natureza, respeitando as águas do Amazonas”, explica Stefani.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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