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Agroecologia auxilia moradores de Parintins

No município de Parintins (distante a 325km de Manaus) uma alternativa que alia conhecimento tradicional ao ensino institucionalizado, está ajudando a mudar a vida dos moradores da comunidade de Santa Vitória, localizada no Rio Quatá, afluente do Amazonas. A Agroecologia, uma ciência multidisciplinar que reúne conceitos das ciências naturais e sociais, é ensinada aos moradores da comunidade pelos alunos do curso de Agroecologia da UEA (Universidade Estadual do Amazonas) e ajuda a manter a floresta em pé.
A função da Agroecologia é demonstrar que o equilíbrio entre o progresso e a preservação da natureza é possível e está, literalmente, nas mãos do homem. Por isso, uma das técnicas ensinadas pelos alunos aos moradores da comunidade é a elaboração e a aplicação do adubo orgânico, uma forma sustentável e econômica de melhorar a produção agrícola de Parintins sem prejudicar o meio ambiente. Ele é resultado do acúmulo dos materiais encontrados no solo cheio de micro-organismos vivos. A composição da matéria orgânica na presença do oxigênio dá origem ao gás carbônico, calor, água e a matéria orgânica compostada e sua presença no solo aumenta o número de minhocas, insetos e micro-organismos, ajudando a reduzir a incidência de doenças de plantas.
Os alunos e moradores da comunidade transformam a matéria vegetal em dois tipos de composto: um, para ser incorporado nos primeiros centímetros de solo e outro para ser lançado sobre o solo, como uma cobertura. Por isso, quanto mais material orgânico coletado para servir como adubo, melhor e mais consistente será a compostagem, como explica o aluno Gladimir Rosas. “Nós coletamos todo material orgânico encontrado nas imediações como folhas, galhos de árvores e misturamos tudo à terra. O importante no composto é você ter um equilíbrio nas fontes de nitrogênio e de carbono, isso porque, quanto maior for a relação entre o carbono e o hidrogênio, mais tempo vai demorar a decomposição desse composto. Aqui nós utilizamos o esterco bovino, folhas de ingá, folhas de bananeira que são ricas em potássio. Tudo isso junto você vai obter um composto rico em nutrientes e como a agroecologia prega a utilização de insumos locais, o composto é importante porque cria essa independência do agricultor da indústria de insumos”, explicou Gladimir.
O adubo influencia nas propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, beneficiando o estímulo ao desenvolvimento das raízes das plantas. Além disso, reduz a erosão, instabilidade de temperatura e PH do solo, e favorece a reprodução de micro-organismos benéficos às culturas agrícolas. Ele é montado em camadas no solo. “As camadas são mantadas alternando material seco e material mais úmido. O esterco vai ajudar na proliferação dos materiais orgânicos, mas a receita desse composto não é fechada. Você pode preparar com o material que estiver disponível”, explicou o aluno. Cada camada tem uma função, cada planta fornece um nutriente. No caso das folhas secas, elas fornecem potássio. Já o nitrogênio vai se concentrar nas folhas novas”, salientou.
Para os moradores da comunidade esse projeto vai ajudar a manter a subsistência da população local sem interferir no equilíbrio da natureza. “Esse conhecimento que os alunos trouxeram para a gente é importante, né, porque vai ajudar a gente aqui na comunidade a melhorar de vida, né?”destacou o agricultor Isidoro Nascimento.
Para o agricultor Elilson Rodrigues Costa é uma forma da comunidade manter contato com outros locais.”É importante porque a gente ta aprendendo com os alunos universitários, que sabem mais que a gente. Apesar da gente lidar com a terra, nem tudo a gente sabe e eles vieram aqui para nos ajudar. Muitas coisas aqui a gente não aproveita, joga fora.Agora, com esse adubo vou até economizar de comprar adubo industrializado”,explicou o agricultor.
No final, para todos os alunos que participaram do projeto fica a certeza da troca de experiências, ao mesmo tempo em que ensinaram novas metodologias aos moradores do Quatá, tiveram a chance de aprender mais com eles, sobre o meio ambiente amazônico. “Quando a gente consegue transpor os muros da universidade e praticar a extensão estamos, realmente, cumprindo o papel do nosso curso que ‘é fazermos essa interação com a comunidade e com o que aprendemos aqui na academia”, disse o aluno Edmilson Albuquerque.
Para a aluna Márcia Ribeiro, o fator mais importante que viu durante a viagem foi o processo de preservação do local. “Os moradores de lá protegem, sabem que sem a natureza não podem sobreviver ali. Para mim, foi também um aprendizado porque vi e vivi a realidade deles”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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