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Acusação contra o pacu é irresponsável

A recente acusação feita contra o nosso saboroso pacu, dando conta de que ele estaria transmitindo a doença rabdomiólise, não se trata apenas de um mal-entendido, mas seguramente estamos diante de comprovada irresponsabilidade profissional e falta de ética. O estágio do avanço tecnológico que experimentamos hoje, se somado à capacidade profissional e valores éticos, não permitem que um profissional, antes mesmo de se conhecer os resultados de exames laboratoriais anuncie com todas as letras tamanha inverdade.
E o que é pior, a notícia de que o consumo do pacu estaria colocando em risco a saúde pública causou pânico na população e as vendas da espécie nas feiras despencaram em torno de 30%.
Como senão bastassem as tantas adversidades enfrentadas pelos profissionais pescadores artesanais no Amazonas, que possui próximo de 100 áreas de proibição de pesca e uma carência de políticas públicas voltadas para a melhoria da cadeia produtiva do setor. Agora passam a ser vítimas do descaso que produziu uma deslavada mentira.
Na verdade injustamente e, portanto, criminosamente, acusado é o pacu de cativeiro que não existe em todo o território amazonense originário da atividade aqüícola.
O pacu natural das nossas águas foi descoberto pela ciência ainda em 1800, quando lhe batizaram com o nome científico de Mylossoma duriventre e vem sendo consumido ao longo desses anos em larga escala pela população sem nenhum problema. O Amazonas, por exemplo, tem a mais alta taxa de consumo per capta de peixes do mundo, sendo que em algumas regiões chegamos a consumir 500 gramas dia.
A irresponsável informação foi alardeada pela mídia, exatamente no pico da safra da espécie e causou um pânico tão grande que as pessoas ficaram confusas. E, na dúvida, preferem não “arriscar” a consumir o saboroso e saudável alimento que representa a mais importante proteína da nossa dieta alimentar
A Fepesca-AM/RR (Federação dos Pescadores), que administra o Terminal Único de Desembarque de Pescado de Manaus, a partir da intempestiva divulgação passou a acompanhar a venda do pacu e a constatação é de que declinou violentamente e já atinge o percentual de 30%. Esse impacto na cadeia produtiva do pescado está causando prejuízos ainda incalculáveis.
Isso muito embora a Covisa (Coordenadoria de Vigilância Sanitária) do Estado, responsavelmente tenha divulgado que o pacu nada tem a ver com os casos de intoxicação ocorridos e, consequentemente, não pode ser responsabilizado pela transmissão da rabdomiólise. Porém, os prejuízos só serão atenuados a partir de campanha de esclarecimento à população, através da intervenção do Poder Público em defesa dos interesses que neste momento, não são apenas do setor pesqueiro e, sim, de toda a sociedade e da própria economia.
Os pescadores tem a convicção que estão sendo vítimas de uma atitude no mínimo irresponsável e, como tal, deve ser punida pela autoridade competente.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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