10 de dezembro de 2024

Ações de planejamento e monitoramento no combate à seca

Com o aumento da temperatura responsável pelo fenômeno El Niño, resultando em calor extremo. A seca tradicionalmente conhecida como estiagem já está entre as pautas de  discussões devido ao comportamento do clima no Estado pelos próximos meses. 

Um grupo de Trabalho Operação Estiagem 2023 alinha ações de planejamento com empresas fornecedoras de energia elétrica na tentativa de minimizar os impactos às comunidades ribeirinhas. 

Durante toda semana, o Grupo de Trabalho Operação Estiagem 2023, da Defesa Civil do Amazonas, tem realizado reuniões remotas com representantes de empresas fornecedoras de energia elétrica para os municípios do interior do estado como Amazonas Energia, Oliveira Energia, Aggreko, Eletronorte entre outras.

O objetivo principal desses encontros é discutir, preparar e garantir o abastecimento energético e demais serviços essenciais como alimentação, água potável, assistência médica, segurança e educação para todos os 62 municípios do Amazonas durante o período de estiagem.

Segundo o coordenador de operações da Defesa Civil do Amazonas, tenente-coronel, Adson de Souza, diante dos desafios apresentados pela geografia única do Amazonas e pelas adversidades climáticas, ao longo das reuniões, foram definidas metas conjuntas e alinhamento de esforços visando o sucesso da colaboração entre os setores público e privado, além da fundamental participação da população, que precisa evitar queimar lixo em áreas de vegetação, economizar água e estocar alimentos não perecíveis.

Ele destaca ainda que através dessa parceria, o Governo do Estado pode enfrentar e amenizar os obstáculos causados pela seca dos rios. “A nossa meta é estabelecer uma infraestrutura mais resistente, capaz de enfrentar eventuais intercorrências, proporcionando tranquilidade e segurança a todo estado.”, destacou.

Dados divulgados pelo Censipam (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia), do Ministério da Defesa, apontam que a previsão de chuvas abaixo do normal para a região Norte. Ou seja, o período de seca será prolongado e rigoroso até novembro por conta do fenômeno El Niño.

De acordo com a divisão de meteorologia do SIPAM  (Sistema de Proteção da Amazônia), diante de tais condições, o prognóstico climático para o trimestre de agosto, setembro e outubro de 2023 é de temperatura acima da média climatológica e chuvas abaixo da média em grande parte a Amazônia Legal, com exceção apenas da região da Cabeça do Cachorro e leste do Mato Grosso conforme será publicado no boletim climatológico da Amazônia do mês de julho.

As estações do ano são definidas pelo movimento aparente do sol em relação à Terra. Devido à inclinação do eixo terrestre, em latitudes mais próximas da linha do Equador, não temos as definições clássicas das estações do ano (outono, inverno, primavera e verão). Na nossa região, identificamos as estações do ano em termos de volume de precipitação acumulada ao longo dos meses, e temos principalmente duas estações bem definidas: a chuvosa (meses de maior volume acumulado) e a seca ou menos chuvosa (com os menores volumes mensais). Entre estas, temos as estações de transição seca para chuvosa e vice-versa.

“Em Manaus, a estação mais seca ocorre nos meses de julho/agosto/setembro, popularmente conhecido como “verão Amazônico”. Nesse período do ano, as temperaturas são mais elevadas, em decorrência da menor nebulosidade e, consequentemente, redução das chuvas. Pela climatologia, os valores médios mais elevados de temperaturas máximas ocorrem nos meses de setembro e outubro, com valores próximos a 33,5°C. Em dias eventuais, os registros de temperaturas máximas podem ultrapassar os 36°C”, explicou Deydila Bonfim, meteorologista CR-MN (Centro Regional de Manaus). 

No último dia 26 foi registrado o 2° dia mais quente do ano com 34,8° C de temperatura máxima, ou seja, acima da média para o período.

Segundo a especialista, as TSM (Temperatura da Superfície do Mar) estão acima da média na parte leste e central do oceano Pacífico. O prognóstico climático considera o fortalecimento gradual destas anomalias e consequente estabelecimento do fenômeno El Niño nos próximos meses. “Há indicativo de um evento de intensidade moderada a forte, dadas as anomalias já verificadas na costa oeste da América do Sul. Além disso, considera o aumento do aquecimento anômalo no Atlântico Norte, o que pode influenciar a atividade e posicionamento da ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) contribuindo para a redução das chuvas, especialmente no norte da Amazônia.

Diante de tais condições, o prognóstico climático para o trimestre de agosto, setembro e outubro de 2023 é de temperatura acima da média climatológica e chuvas abaixo da média em grande parte a Amazônia Legal, com exceção apenas da região da Cabeça do Cachorro e leste do Mato Grosso (em anexo), conforme será publicado no boletim climatológico da Amazônia do mês de julho.

“Com o estabelecimento do El Niño e aquecimento anômalo do oceano Atlântico norte, o prognóstico é de temperaturas acima da média predominem sobre a região de forma mais intensa que em 2022”, alertou Deydila Bonfim Meteorologista CR-MN 

Grupo de Trabalho Operação Estiagem alinha ações de planejamento (FOTO-ROBSON-ALMEIDA)

Municípios com situação de alerta e de atenção por conta da descida do nível dos rios  

O alerta da Defesa Civil do Amazonas, aponta a possibilidade elevada de ocorrência de estiagem.O secretário executivo da pasta, Defesa Civil do Amazonas, coronel Francisco Máximo informou que de maneira geral, o acompanhamento, que é feito diariamente, tem três classificações: a de atenção, alerta e emergência. “A situação de atenção indica possibilidade moderada de ocorrência de estiagem, a situação de alerta aponta a possibilidade elevada de ocorrência de estiagem e a situação de emergência corresponde à cota em que o primeiro dano é observado no município no período de seca”, destacou.

Em situação de alerta (9):

– Calha do Juruá: Guajará, Ipixuna, Envira, Itamarati, Eirunepé, Carauari e Juruá.

– Calha do Purus: Boca do Acre e Pauiní.

Para a Defesa Civil, essa classificação tem como finalidade alertar sobre um perigo ou risco a curto prazo. Nesses locais, o órgão faz o monitoramento em tempo real, por meio das estações que medem quantidade de chuva e o nível do rio.

Além dos 9 municípios em situação de alerta, o Amazonas também tem 4 municípios em situação de atenção. 

Atenção (4):

– Calha do Alto Solimões: Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga e São Paulo de Olivença

Neste caso, a classificação é utilizada quando há risco de um evento meteorológico ou hidrológico significativo e que seja imprevisível, como a estiagem. Para essas regiões, a Defesa Civil formula um plano de ação para a ameaça.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio

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