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A rota turística rica do Centro de Manaus

Para quem gosta de história, e ao mesmo tempo de turismo, um passeio pela área central de Manaus é rico em informações. Um roteiro básico que pode ser feito é caminhar pelas avenidas Eduardo Ribeiro e 7 de Setembro, as duas principais, e das mais antigas, do Centro.

Partindo do porto, o antigo “rodo” como a população cabocla chamava o roadway, projetado por ingleses e inaugurado em 1907, seguiremos pela Eduardo Ribeiro. O porto tem um significado especial, pois o Forte de São José da Barra do Rio Negro, que deu origem a Manaus, foi construído naquela região em local exato desconhecido, em 1669.

O primeiro monumento que surge, no passeio, é o Relógio Municipal. Instalado em 1927, importado da Suíça, o Relógio nunca perdeu a sua beleza e significado para a cidade, integrando a praça XV de Novembro, conhecida como praça da Matriz, e a catedral de Nossa Senhora da Conceição, o primeiro templo religioso de Manaus, inaugurado em 1877, mas existente como capela desde 1695, numa posição de destaque; e o prédio da Alfândega, inaugurado em 1909, e também projetado por ingleses, infelizmente há alguns anos desocupado. A catedral tem em seu interior um museu com peças raríssimas, entre elas, o trono onde João Paulo II, primeiro e único papa a vir a Manaus, sentou quando rezou uma missa no local, em 1980. A própria catedral é um prédio bonito de ser contemplado com sua arquitetura imponente. Foi a primeira obra arquitetônica da cidade.

Relogio Municipal – Foto: Márcio James/Semcom

Continuando a caminhada pela Eduardo Ribeiro vamos “cortar” a 7 de Setembro. Concluída em 1902, a Eduardo Ribeiro leva esse nome porque foi idealizada pelo governador homônimo nos moldes das vias largas parisienses. Suas primeiras residências são do início do século passado. Várias já foram demolidas, outras resistem ao tempo. Sua parte inicial, a partir do porto, até as imediações da 7 de Setembro, foi aterrada sobre o igarapé do Espírito Santo. Até a inauguração do Amazonas Shopping, em 1991, a avenida foi o principal centro comercial de Manaus.

Quase no final da avenida se destacam o Centro Cultural Palácio da Justiça (1900) e os fundos do Teatro Amazonas (1896), ambos obras de Eduardo Ribeiro. Mais adiante chegamos ao prédio do Ideal Clube (1903) e à praça Antônio Bittencourt (popular praça do Congresso, inaugurada em 1908). No local aconteceu o 1º Congresso Eucarístico Diocesano, da Igreja Católica, em 1942. No lado esquerdo, o secular prédio da Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista; ao fundo, o IEA (Instituto de Educação do Amazonas) inaugurado em 1944, construído sobre os escombros dinamitados do que viria a ser a sede do Palácio do Governo, também idealizado por Eduardo Ribeiro e projetado pelo italiano Domenico De Angelis. Na outra esquina, em frente ao Ideal, destaca-se o edifício Maximino Corrêa. No local do edifício, demolido em 1971, existiu o Palacete dos Miranda Corrêa, adquirido pelo empresário paraense Antonino Carlos de Miranda Corrêa, em 1910, com certeza o prédio residencial mais magnífico que existiu em toda a avenida.

Passeio pela Sete

A avenida 7 de Setembro, assim como a Eduardo Ribeiro, começa no rio e logo surge um dos prédios mais antigos de Manaus, o Paço Municipal ou Paço da Liberdade. Sua pedra fundamental foi lançada em 1871. De 1874 a 1917 foi a sede do governo do Estado. A partir deste ano passou a ser a sede da prefeitura. Desde 2018 abriga o Museu Cidade de Manaus. À frente do Paço, a praça D. Pedro II onde eram realizados os grandes eventos e festas da Manaus do fim do século XIX. Na rua Bernardo Ramos, paralela à 7 de Setembro, estão as duas residências mais antigas da cidade, de 1819, onde, desde 2019, funciona o Centro Cultural Óscar Ramos. Na mesma praça está o antigo Hotel Cassina, de 1899, depois Cabaré Chinelo e agora Casarão da Inovação Cassina. E ainda tem o belo Palácio Rio Branco, inaugurado em 1938, primeiro como Tribunal de Contas do Estado, depois sede da Assembleia Legislativa do Estado, de 1972 até 2000.

Símbolo da época áurea da borracha Cassarão Cassina desponta como espaço de inovação e tecnologia – Foto: Márcio James/Semcom

Saindo dessa região, vamos continuar o nosso passeio. Mais adiante a 7 de Setembro “corta” a Eduardo Ribeiro.

Alguns metros e chegamos à praça Heliodoro Balbi (popular praça da Polícia) urbanizada pelo prefeito Adolpho Lisboa (1902/1907). Dois belos prédios podem ser contemplados da praça: o Colégio Amazonense D. Pedro II – popularmente conhecido como “Estadual” -, cuja pedra fundamental foi lançada em 1881, e que serviu de hospedagem para o conde D’Eu, em 1889, quando de viagem à Amazônia; e o Palacete Provincial, de 1875, que já foi o quartel da polícia (por isso a praça é assim conhecida) e que desde 2004 abriga cinco museus (de Arqueologia, da Imagem e do Som, de Numismática, Tiradentes e a Pinacoteca do Estado).

Continuando o passeio pela 7 de Setembro, iremos encontrar mais duas belas obras dos tempos áureos da borracha, o Centro Cultural Palácio Rio Negro, que foi o “Palacete Scholz”, residência do rico comerciante alemão Karl Waldemar Scholz, de 1903 a 1917. Falido após a crise do comércio da borracha, iniciada em 1911, o alemão teve sua casa hipotecada e posteriormente comprada pelo governo do Estado, em 1917, e denominado de Palácio Rio Negro, Centro Cultural desde 1997. O último ponto turístico da avenida seria a ponte Benjamin Constant, conhecida como “ponte de ferro”, inaugurada em 1895 por Eduardo Ribeiro. A 7 de Setembro também foi construída por esse governador para ligar o Centro à Cachoeirinha, primeiro bairro planejado de Manaus. Mas essa é outra história.

Ponte Benjamin Constant – Foto: Márcio James/Semcom
Foto/Destaque: Márcio James/Semcom

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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