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‘A pandemia adiou sonhos e tem causado pesadelos’, diz Jorge Souza Lima, novo presidente da ACA

‘A pandemia adiou sonhos e tem causado pesadelos’, diz Jorge Souza Lima, novo presidente da ACA

Eleito para a presidência da ACA (Associação Comercial do Amazonas), no começo deste mês, em chapa única, o empresário amazonense da construção civil Jorge Souza Lima, diz que sua história de vida pode ser definida pela palavra “perseverança”. Como muitos brasileiros, ele tinha o sonho de ter o próprio negócio, e por isso escolheu o empreendedorismo como profissão de fé. Começou como taxista e hoje é empresário de diversos segmentos de comércio e serviços, incluindo construção e reciclagem, além da venda de combustíveis. É essa mesma expertise de empreender, juntamente com a vivência adquirida no mercado, que Lima pretende levar ao cargo para o qual foi eleito para os próximos anos. Empossado nesta quinta (18), o empresário assume a dura tarefa de conduzir a entidade quando o setor ensaia sua gradual saída daquela que já é considerada a pior crise econômica vivida pelos lojistas. Mas, o dirigente garante que já traçou sua estratégia, que tem foco nas pequenas empresas e passa necessariamente pela articulação com governos, entidades classistas e bancos. No pingue pongue com o Jornal do Commercio, o novo presidente da ACA fala de sua trajetória pessoal e de suas metas para entidade diante da crise. Mas, não deixa de manifestar medo de que as políticas anticíclicas para aquecer o setor acabem queimando a largada e esvaziando as vendas deste Natal, uma questão que está sendo analisada com cuidado pela diretoria. Leia, a seguir, a entrevista na íntegra.  

Jornal do Commercio – Fale um pouco da sua trajetória e o que o levou à vida empresarial

Jorge de Souza Lima – Posso resumir minha história em uma palavra: perseverança. Nunca me adaptei bem a trabalhar para os outros. Portanto, tinha um sonho de ter meu próprio negócio. Eu era taxista, mas senti que aquilo era muito pouco para o que eu queria. Então, logo abri meu primeiro negócio, que foi uma loja de material de construção. Em seguida, vi que existia uma área não muito explorada, que era a de construção, demolição e reciclagem. Mergulhei de corpo e alma nessa nova empreitada, que foi o divisor de águas da minha vida. A partir daí, fui pioneiro em coleta de entulhos de obras para transformar em pedra brita. Não parei por aí, apesar de já estar na minha área de conforto. Foi quando me interessei pelo ramo de petróleo e, até hoje, sou empresário do ramo. Minha história é essa, de muito sacrifício, de muita luta e de muito orgulho. A essa juventude que sonha em empreender, um conselho: se dediquem e não desistam.

JC – O que o levou a disputar a presidência da ACA? Foi a primeira vez que o senhor concorreu?

JSL – Há 37 anos dedico a minha vida à construção dessa entidade de grande importância para o Amazonas. Portanto, considero que nessa disputa não houve apenas um vencedor, ou vencidos. Houve uma conquista histórica que beneficiará a nossa classe e todo o Estado. Sou associado de carreira, estive como diretor, mas nunca ocupei cargos mais elevados na entidade. Na minha primeira disposição em concorrer, me lancei nesse desafio e fui aclamado por toda diretoria, composta por pessoas pelas quais sempre tive admiração. Sem dúvida, é um marco na minha carreira e eu estou muito entusiasmado com esse momento e com a confiança de poder representar aquela que foi e é a primeira de todas as associações e instituições do Amazonas. Minha meta é transformar esse orgulho todo que estou sentindo em combustível para mais conquistas para nossa gloriosa ACA.

JC – Qual a expertise e quais as diretrizes que o senhor pretende levar para o exercício do cargo?

JSL – A expertise é a vivência de mercado. É o conhecimento que se adquire quando se é da classe e convive com ela. Pretendo me valer principalmente das pequenas e médias empresas, que são fortes aliadas na economia. Por isso, estabelecemos metas fáceis e claras, que beneficiarão esse público. Já estamos construindo parcerias com o Governo do Amazonas e vamos estreitar mais as relações com a Confederação de Associações Comerciais do Brasil, e também com os bancos, para viabilizar projetos que possam ajudar a expandir as pequenas e médias empresas.

JC – Mas, quais serão exatamente suas metas e temas prioritários neste primeiro ano de gestão?

JSL – Nesse primeiro ano de gestão, nossa diretoria estabeleceu metas claras, como reorganizar a casa, garimpar mais associados, bem como procurar expandir nossas parcerias e aumentar o diálogo com o Estado. Essas são metas que, se bem executadas, trarão um enorme ganho para nossa categoria. O nosso foco é esse: executar bem a missão assumida.

JC – Qual a importância da ACA no atual contexto de crise? O que a entidade pode e deve fazer para evitar a debacle de parte substancial das empresas do setor, especialmente as micros e pequenas?

JSL – Nesse momento de crise, o tema prioritário tem sido diminuir os impactos causados pela pandemia, que afetaram fortemente a economia. Portanto, nossa tarefa diária tem sido trazer a maior quantidade de parceiros possíveis, para, a partir daí, traçar objetivos que tragam novamente desenvolvimento e estabilidade para nossa classe. E isso é completamente possível, uma vez que a Associação Comercial do Amazonas é, por lei, um órgão consultivo dos poderes federal, estadual e municipal. Acreditamos que podemos tornar, assim, mais fácil o diálogo entre o Estado e os comerciantes. Queremos e vamos ser essa ponte. É claro que a pandemia do novo coronavírus adiou sonhos de expansão e tem causado pesadelos em muitos. Somos solidários aos que estão sofrendo com essa crise e queremos, a partir dela, encontrar novas formas de gerar negócios. A ACA também está se readaptando. É o mundo aprendendo com a doença a se reinventar e a sobreviver.

JC – Faço a mesma pergunta, a respeito dos empregos no setor, que sofreram corte substancial pela crise da covid-19. Esta é uma preocupação também para os empresários do setor?

JSL – A questão de geração e manutenção de empregos não depende exclusivamente da nossa entidade, mas de incentivos do governo do Estado. Garanto que já estamos tratando sobre essa pauta e o cenário que se apresenta é muito favorável. Em uma próxima entrevista, espero poder dar boas notícias relacionadas a esses investimentos. E torno a reforçar: a crise é mundial e se deu por conta de uma doença. Nós nos preocupamos, sim, com os empregos. Porque, além do nosso funcionário, temos a responsabilidade de garantir, por meio dele, o sustento de muitas famílias. É por isso que nos dedicamos ao tema e, antes mesmo de assumir, eu e minha diretoria já estávamos articulando medidas quanto a isso.

JC – Como estão as articulações com o governo estadual, prefeitura e demais entidades classistas do comércio para contornar os efeitos da crise nas empresas?

JSL – Nesse sentido não temos do que reclamar. Nossa gloriosa entidade completará, no ano que vem, 150 anos. Nesta quinta [18], quando tomei posse, foi o aniversário de 149 anos de sua fundação. A ACA é a mãe de todas as demais entidades de classe do Estado. Portanto, isso nos possibilita ter um bom relacionamento com as três esferas de governo e com toda classe empresarial. Somos bem acolhidos e sabemos receber cada “filho” que dela nasceu, igualmente. A boa relação sempre foi preservada pelas gestões e eu darei continuidade a isso.

JC – Qual sua expectativa em relação ao andamento do calendário de ciclos de retomada de comércio e serviços? As coisas estão andando a contento no dia a dia das vendas e nos protocolos de controle? Ou o senhor vê risco de um repique na pandemia e retrocesso no calendário?

JSL – A minha expectativa econômica é que, neste momento, com o adiantamento da parcela do 13º salário, as vendas sejam aquecidas. O que é bom, de certa forma, para a retomada das atividades comerciais no Amazonas. O que me preocupa é que talvez tenha uma queda nas vendas de fim de ano, por conta desse adiantamento. Vamos avaliar os números e elaborar ações que possam diminuir os danos. Sobre a covid-19, todos os nossos associados foram orientados a tomar as devidas precauções a esse respeito. Reconhecemos a gravidade da doença, por isso estamos agindo diretamente com nossos associados, para além da população, no que tange cuidados e conscientização.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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