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A Ilha da Fantasia

Na próxima quinta, dia 16/04, o jornalista sueco Henrik Jönsson lança no restaurante Carpe Diem, na 104 Sul, o livro Fantasy Island – Brave New Heart of Brazil, sobre os bastidores de Brasília. Correspondente na América Latina do Dagens Nyeheter, maior jornal da Escandinávia, Henrik apresenta entrevistas reveladoras e experiências surpreendentes vividas na Capital Federal. Na obra, já elogiada pela crítica na Europa, ele entrevistou personagens de diferentes classes sociais, como políticos, juízes, prostitutas e empregadas domésticas. Fala sobre temas variados, desde o misticismo das cidades satélites (ele entrevistou o famoso João de Deus) até sobre a cidade sueca que inspirou Lucio Costa na construção da capital, passando pelo cenário de violência e drogas que envolvem Brasília.
Correspondente no Brasil do jornal Dagens Nyheter, o mais importante da Suécia e da Escandinávia, o jornalista Henrik Jönsson esteve pela primeira vez em Brasília no ano de 2002, para a cobertura das eleições que levaram Lula à presidência. Instigado pela cidade que foge a todos os estereótipos esperados por um estrangeiro recém-chegado ao Brasil, Jönsson não se contentou apenas com aquela visita. Depois de fixar residência no Rio de Janeiro, decidiu mergulhar a fundo na cidade mais projetada do país e passou a fazer viagens frequentes e mais longas à Capital Federal.
Durante dois anos (de 2008 a 2010), o sueco entrevistou personagens de diferentes classes sociais, como políticos, juízes, prostitutas e empregadas domésticas e não hesitou em vivenciar o mundo de violência e drogas que envolve a capital. Tudo o que viu e ouviu está reunido em reportagens no livro Fantasy Island – Brave New Heart Of Brazil, da editora canadense Key Publishing House. A obra, já lançada e elogiada pela crítica na Suécia e no Canadá, chega ao Brasil em abril, dias antes das comemorações pelos 55 anos de Brasília (no dia 21 de abril).
“No meu primeiro encontro com Brasília me senti pisando na lua. Fui surpreendido por uma cidade como nenhuma outra. Um Brasil totalmente à frente do restante do país, um dinâmica completamente diferente da que imaginamos quando chegamos de fora. A cidade da ordem e do progresso me lembrou muito a Suécia que eu havia acabado de deixar”, observa Jönsson.
Assim como o diretor Fernando Meirelles, que chamou atenção do Brasil com a recente minissérie “Felizes para sempre” (com Paola Oliveira como protagonista), Henrik Jönsson vai encantar os leitores com sua visão estratégica de jornalista internacional. Dividido em 25 capítulos, o livro quebra um intervalo de 25 anos da última publicação internacional escrita sobre Brasília.
Entre os destaques está a conversa do jornalista com a prostituta de luxo Luára, que trabalha no Alpha Pub, por onde passam muitos lobistas quando estão em Brasília. A moça, que cobrava entre R$ 500 e R$ 1.000, revelou detalhes picantes sobre seu ofício. “Às vezes, os parlamentares se apaixonam, se sentem acolhidos, e querem voltar. Eu tento manter a minha distância. É uma questão de ser profissional. Eu vendo o meu corpo, não a minha alma. O que Mônica Veloso fez foi errado. Ela explorou a situação”, diz Luára no livro, referindo-se a Mônica Veloso que teve um caso com Renan Calheiros, presidente do Senado.
Outro trecho imperdível é quando o autor narra sobre as cidades satélites, principalmente sobre São Sebastião, uma das mais populosas. Acompanhado por uma empregada doméstica, moradora da região, ele testemunha um mundo de drogas e violência a poucos quilômetros do Palácio do Planalto.
“Nunca tinha visto uma coisa igual. Era bem pior do que as favelas do Rio. A gangue andava com pistolas nas mãos e a polícia passava sem fazer nada. Depois, tentaram estuprar a empregada doméstica e a filha dela porque a menina não queria sair com o líder do grupo”, lembra.
Fantasy Island vai além da bandidagem e da política. Fala também sobre urbanismo, história e sobre a força do misticismo e da fé na região. No Vale Amanhecer, a poucos quilômetros do Plano Piloto, o jornalista apresenta Tia Neiva, uma ex-caminhoneira que criou uma cidade satélite espiritual e que é tida como “Deus” entre os fiéis.
“Quando cheguei lá me deparei com mais de 25 mil seguidores, todos vestidos com roupas que parecem ter saído de filmes futuristas, como Star Treks”, conta. Jönsson visitou ainda Abadiânia, que se tornou centro internacional de turismo espiritual. Todos os anos o médium João de Deus atrai mais turistas estrangeiros do que toda a capital.
Para os interessados em arquitetura, uma novidade. Pela primeira vez uma publicação revela a cidade que inspirou Lucio Costa a desenhar Brasília. “O protótipo é o Vällingby, um subúrbio Sueco fora de Estocolmo, que foi criado pelo sueco modernista Sven Markelius, conhecido entre outras coisas por ter desenhado um dos salões na sede da ONU, em Nova York. Vällingby foi inaugurado em 1954 e foi visitado por Lucio Costa antes de ele projetar o Plano Piloto de Brasília”, garante Henrik Jönsson, explicando que Vällingby é conhecido por ter sido residência do mais famoso primeiro-ministro da Suécia, Olof Palme.

Sobre o autor
Escritor e correspondente sueco no Brasil pelo Dagens Nyheter, o maior e mais importante jornal da Escandinávia, Henrik Brandão Jönsson mora no Rio de Janeiro desde 2002. Ele é casado com a historiadora carioca Regina Brandão e tem uma filha de 10 anos. Em 2011, ganhou o prêmio de televisão sueca para melhor programa de investigação do ano e foi nomeado para o Grande Prêmio de Jornalismo Sueco pelo documentário A Royal Nazi Secret, sobre Walther Sommerlath, o pai da rainha Silvia da Suécia. O documentário também ganhou uma medalha de ouro na categoria História e Sociedade no New York Festivals International Television & Film Awards. Em 2014 publicou o livro Jogo Bonito – Pelé, Neymar and Brazil´s Beautiful Game (Random House), aclamado pela imprensa britânica. O The Guardian disse que a obra ”se distingue pela sua originalidade” e o The Times escreveu que ”o livro é uma alegria, dançando entre o melhor e o pior do Brasil”. Henrik Brandão Jönsson também é co-autor do livro Palavra do Gringo – Um Olhar Estrangeiro Sobre o Brasil (Língua Geral, 2014).

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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