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A corrupção é o problema, não a Previdência

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Em outubro do ano passado, a imprensa publicava declaração do atual ministro da economia Paulo Guedes dizendo que o foco inicial do governo Bolsonaro deveria ser o controle da expansão dos gastos públicos, e que por esse motivo a reforma da previdência deveria ser prioridade. Eu diria diferente, e a recente prisão de outro presidente me leva a crer que o foco do governo Bolsonaro deveria ser o controle da expansão da corrupção no Brasil. Em síntese, o problema não está na previdência nem na reforma tributária, embora seja extremamente necessário, nosso "câncer", que já vem de décadas (a última prisão mostrou que o grupo atuava há 40 anos), é o desvio astronômico de recursos públicos. Infelizmente, pelo que venho observando, a Lava Jato não tem intimidado alguns gestores das três esferas de governo que continuam com práticas irregulares desviando bilhões que poderiam reaquecer a economia com investimentos precisos e estratégicos. Sem o efetivo controle da corrupção o Brasil não terá jeito.

Há quem diga, e eu concordo, que não existe rombo na previdência. A economista Denise Gentil, professora da UFRJ, é uma das principais acadêmicas a negar a existência do déficit previdenciário. Já a CPI apontou para a má gestão das contas da previdência.

Bem, quero dizer que os números da previdência são questionáveis por especialistas, mas o alto nível de corrupção no Brasil é inquestionável. Esse deve ser o foco, começando com avaliações criteriosas dos novos gestores e apoiando, integralmente, a CPI da "Lava Toga" na esfera federal e estadual. A sociedade já sabe o que aconteceu no legislativo e no executivo, mas precisa conhecer o "interior" do judiciário. Somente dessa forma vamos ter um Brasil para filhos e netos.

Embora discorde da urgência na reforma da previdência mencionada no artigo do jornalista Helio Gurovitz publicado na Revista Época de quatro de março passado, ele destaca pontos importantes para reflexão e que passo a socializar através das páginas centenárias do Jornal do Commercio. "…A aposentadoria por tempo de contribuição – existente em apenas 12 outros países – consome 15 vezes a despesa com ensino profissional. A rural custa mais que todo o Orçamento da educação. O Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos ou deficientes como forma de assistência social, equivale ao dobro do custo do Bolsa Família. Reservas, reformas e pensões dos militares ultrapassam metade do Orçamento da Defesa. A despesa previdenciária responde por 58% dos gastos primários da União. A previdência brasileira controla, em tese, a segunda maior folha de pagamento do mundo. Também é uma usina de desigualdades. A aposentadoria por idade, usufruída sobretudo pelos pobres, tem valor médio de R$ 1.200. A por tempo de contribuição, R$ 2 mil. A de juízes e procuradores, R$ 18 mil. A dos parlamentares, R$ 27 mil…".

É evidente que a previdência precisa de ajustes, mas sem pressa, tem que ter um debate mais amplo. A urgência deve ser no combate à corrupção nas três esferas de governo.

*Ubaldino Meirelles da Silva é servidor federal aposentado, Diretor de Mercado do Jornal do Commercio. E-mail: [email protected]

Ubaldino Meirelles

É Servidor Público Federal Aposentado
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