Os investimentos oficiais na indústria pesqueira do Brasil, sempre tiveram distantes do que exige as nossas reais potencialidades, notadamente no campo da ciência e tecnologia. Isso tem nos tirado a condição de explorar o potencial capaz de colocar o país entre os maiores produtores de pescado de água doce do mundo.
O Amazonas é dono do maior estoque de variedades e quantidades de peixes das águas continentais. Mesmo assim, a presença da tecnologia e da ciência não tem dado resposta para o desafio da produção. É o que tem justificado o deprimente espetáculo de jogar peixe fora, nas grandes safras – quando a unidade do jaraqui é vendida a menos de um centavo e na entressafra chega a R$ 2.
Os pesquisadores e as entidades de pesquisas científica no Brasil enfrentam uma realidade de certa forma perversa, se se observar os investimentos oficiais e privados, que são feitos em outros países. É uma gama de detalhes, que muitas vezes, foge a compreensão popular, que emperram o desenvolvimento da ciência e da tecnologia no setor pesqueiro do Brasil. Os nossos cientistas possuem idéias brilhantes e, estão a espera da oportunidade de colocá-las em prática, enquanto a pesca e pescadores ficam a mercê da sorte.
A realidade vivida pela pesca profissional/artesanal no Amazonas, no terreno da ciência e da tecnologia caminha muito lentamente, em que pese a importância da presença do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia), da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária) e da Escola Agrotécnica Federal, e o fato de que o governo federal tem se revelado preocupado com o desenvolvimento científico e tecnológico da pesca brasileira.
Há um descompasso entre o tamanho dos nossos estoques pesqueiros, quer em águas marítimas ou continentais, frente à produção diária e o índice do desperdício, que continuam a desafiar os governos, responsáveis pela adoção de políticas públicas para o setor.
A criação da SEAP/PR (Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca da Presidência da República), com status de ministério – apesar das distorções registradas na administração de alguns escritórios regionais -, para os pescadores e suas lideranças políticas e sindicais, representa um avanço, porque antes as políticas públicas para o setor pesqueiro brasileiro eram dividas entre vários órgãos, que não se entendiam, enquanto a pesca mergulhava no marasmo.
Agora o setor pesqueiro vive um momento de muita expectativa, com o anúncio feito pelo presidente da República, de que vai criar um núcleo na Embrapa com a missão específica de desenvolver pesquisas científicas e tecnológicas, voltadas para a evolução da pesca e aquicultura. A preocupação com a aplicação do conhecimento científico na cadeia produtiva do pescado no Amazonas é uma realidade em nossas escolas de ensino técnico.
A Escola Agrotécnica Federal do Amazonas está empenhada em criar um curso de graduação em tecnologia da pesca. Para avançar na sua proposta, a Agrotécnica já criou um grupo de trabalho para formatar a nova grade curricular. A atuação da ciência e da tecnologia na pesca é fundamental para o setor atuar em condições de igualdade com os maiores produtores de pescado do mundo, e atingir as primeiras colocações na produção da mais importante proteína da nossa dieta alimentar.
O setor pesqueiro amazonense aguarda a tão importante interferência da ciência e da tecnologia na extensão da cadeia produtiva da pesca, com a certeza de que os resultados da sintonia do conhecimento cientifico tecnológico com a prática dos profissionais pescadores será extremamente satisfatória e refletirá positivamente em todos segmentos sociais.
A ciência e a tecnologia no setor pesqueiro
Redação
Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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