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A bula do vinho revela muita coisa, leia

Você conhece alguém que costuma ler a bula dos remédios? Eu tenho uma amiga que lê tudo que está escrito na bula dos remédios,  mesmo reclamando do tamanho das letras. Pensando bem, taí um hábito de segurança que todos deveríamos ter. A bula dos remédios além de orientar com informações importantes, escuda o paciente contra vários efeitos colaterais pelo uso indevido da medicação. 

O rótulo nas garrafas do nobre fermentado é a bula do vinho, e a leitura com calma e atenção é muito importante. No rótulo existem informações importantes sobre o vinho que está na garrafa, e ler é o primeiro passo para otimizar o aproveitamento do Suco da Bíblia. 

O enólogo fala com os enófilos através do que está escrito no rótulo da garrafa. A rolha traz e revela sinais inconfundíveis de qualidade e preservação do precioso líquido. Basta observar. A saída da rolha da ampola causa a explosão dos aromas e libera os sabores presos até o momento do descorchar, e permite sabermos se o vinho está bom.

 Atraída pelo aumento do consumo de vinhos em Manaus, muita gente talvez se sinta confuso na hora de fazer a escolha do que vai degustar. A pessoa chega na adega e fica diante de tantas opções que e parece difícil escolher o vinho que vai agregar prazer a um momento especial. Para melhor aprender como decifrar o que está nas garrafas, sugiro desenvolver o hábito de ler sempre todas as informações que estão no rótulo. 

Lembre se que os atendentes de uma adega de vinhos foram treinados para ajudar os clientes, dando algumas dicas fundamentais para que ele não se perca nesse momento importante da escolha do vinho que vai degustar. Não hesite. Faça perguntas para não sair de lá, depois da sua compra, com dúvidas que podem atrapalhar a  degustação. Lembre-se que o melhor vinho do mundo é aquele que coloca na sua taça.

Acho que a primeira lição é saber que o planeta-vinho é dividido em duas partes:  Novo Mundo e Velho Mundo. Acho que deve inicialmente, familiarizar-se com rótulos do Novo Mundo Vinho, formado pelos países produtores de bons vinhos como o Brasil, Uruguai, Argentina, Chile, Austrália, Nova Zelândia, África do Sul e Estados Unidos. Os rótulos do Velho Mundo são dos países com longa tradição vinica como Portugal, Espanha, Hungria, França, Itália, Grécia, Suíça, Áustria e Alemanha dentre outros. Nos rótulos dos vinhos destes países as cepas geralmente não são mencionadas, e sim, as regiões  clássicas de produção como Bordeaux, Borgonha, Toscana, Puglia, Piemonte, Rioja, Douro, Dão, Bairrada, Alentejo, e outras mais.

É verdadeiro que nem todos os rótulos apresentam a mesma qualidade de informação. Alguns são mais detalhados, outros mais suscintos. Mas existem algumas informações básicas, presentes em quase todas as garrafas dos vinhos finos. Vamos começar pelo nome da vinícola que geralmente recebe destaque e fica situado no cabeçalho do rótulo. O meio do rótulo é reservado para o nome do vinho. É a primeira coisa que o enófilo percebe. Depois temos o nome da casta no vinho varietal ou castas se o vinho for um “corte” “blend” ou “assemblage”.

Os portugueses gostam de citar os nomes das variedades nos rótulos, alguns até citam o percentual usado de cada uva, escolhido pelo enólogo para formar o vinho. Nem todos fazem isso, principalmente produtores franceses que preferem simplesmente declarar: vinhos produzidos a partir de uvas europeias.  A maioria dos produtores do Novo Mundo coloca o nome da cepa ou das cepas  no rótulo. Acho isso muito bacana pois os produtores da região da Borgonha, por exemplo, de tão tradicionais, não declaram os nomes das variedades utilizadas para elaborar o vinho, pois acham desnecessário.  Esse simples detalhe causa a maior dor de cabeça nos enófilos que nas reuniões das confrarias degustam os vinhos, às cegas, na tentativa de revelar o nome das uvas através dos aromas. Hoje em dia, é comum recorrer à internet para confirmar o nome das variedades do vinho europeu que foi degustado. A cola ficou fácil!

O ano da safra no rótulo indica  que as uvas foram colhidas sem qualquer relação com a qualidade do vinho. Existem, no entanto, as boas safras que, para determinadas vinícolas, as condições climáticas foram mais favoráveis à produção do vinho. Nem sempre o ano da colheita coincide com o ano do engarrafamento. Para seu conhecimento, a qualidade de um mesmo vinho pode mudar de ano para ano, devido justamente as variações climáticas que acabei de mencionar.  Algumas vinícolas mantêm o caldo do vinho envelhecendo em barricas de carvalho francês ou americano, outras preferem utilizar os tonéis de aço inox, durante alguns anos antes do engarrafamento. Saber qual a safra do vinho é interessante para determinar o período de sua existência e se ele ainda é muito jovem ou se já está maduro o suficiente para ser consumido. 

Minha dica: os vinhos tânicos das castas Touriga Nacional, Tinta Roriz, Cabernet Franc, Merlot, Carmènére, Tannat, e Shiraz,  devem ser consumidos com pelo menos cinco anos de permanência na garrafa, pois essas variedades também são utilizadas para a elaboração de vinhos ícones de guarda, daí…. Em miúdos. Alguns enófilos, sempre que possível, recusam degustar certos vinhos, ainda muito jovens, com menos de cinco anos de garrafa. Dizem estar cometendo “infanticídio” se fizerem isso.  

Uma recomendação: Todos os vinhos das castas Merlot, e Tannat produzidos no Brasil, recomendo por experiência própria, serem consumidos entre quatro  e cinco anos da safra declarada no rótulo da garrafa.

Foto/Destaque: Divulgação

Humberto Amorim

Enófilo, curioso, insaciável e infiel apreciador
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