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A brincadeira superséria de Odin e Foko

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Quem assistiu o seriado Rin Tin Tin, na TV, lembra que bastava um comando do menino Rusty (aiôôô, Rin Tin), para que o seu pastor alemão atacasse o inimigo. Pois os pastores alemães Odin e Foko, agentes caninos da Receita Federal, em Manaus, não precisam nem de comando. Basta que eles sintam o cheiro de drogas (qualquer droga ilícita) no ar para irem até o local, sentarem diante de onde a droga estiver e fuçar.

Engana-se quem pensa que os cães farejadores a serviço da polícia ou de instituições de fiscalização sejam viciados. Eles são condicionados a detectar as drogas em troca de brinquedos. Isso mesmo. Os cães mostram onde a droga está, mas querem que seu condutor lhes dê o brinquedinho de estimação.

Odin é mais velho, e bem mais experiente no seu trabalho do que Foko. O animal tem quatro anos de idade e chegou a Manaus em outubro de 2017. Foko tem dois anos e chegou à capital amazonense em agosto passado. Ambos vieram do CNCF K9 (Centro Nacional de Cães de Faro), da Receita Federal, localizado em Vitória/ES

“Criado em 2010, o CNCF K9 forma cães farejadores deixando-os aptos a encontrar vários tipos de drogas e outros objetos, auxiliando no combate de diversas modalidades de crime como tráfico internacional de drogas e entorpecentes, transporte ilegal de moedas, explosivos e armas nas unidades aduaneiras e pontos de fronteira”, explicou Roberto Cesarino, analista tributário e condutor de Odin. O condutor de Foko é o analista tributário Jean Ramalho.

As unidades K9 recebem este nome em função da sonoridade da sigla, cunhada nos Estados Unidos durante a Primeira Guerra Mundial. Em inglês, a palavra ‘canine’ (canino, em português) pode ser obtida pela pronúncia da letra k (kay) seguida do número 9 (nine). Por esse motivo a sigla se popularizou e é comum as unidades que envolvem o trabalho com cães receberem este nome em diversas partes do mundo.

Os cachorros passam por treinamentos e avaliações rigorosos desde o nascimento até um ano de idade, quando estão aptos a começar o trabalho. Os auditores que irão acompanhar os cães também passam por uma preparação de, aproximadamente, um mês para aprenderem os comandos e se adaptarem aos animais.

O adestramento de cães para o trabalho de faro é uma brincadeira de procurar, em que o cão usa, principalmente, o seu instinto de caça.

Ele só quer sua bolinha

Roberto lembra que antes de Odin, trabalhou com Branco, um labrador doado à Receita pela Polícia Militar do Amazonas que, de tão bom no que fazia, foi solicitado pelo CNCF K9 para servir, em Vitória, nos futuros treinamentos.

“Tanto Odin quanto Foko foram treinados para detectar qualquer tipo de droga ilícita. Quem atua na linha de frente é Odin. Foko está sendo treinado para trabalhar em conjunto com ele e, no futuro, substituí-lo. Odin é tão eficiente que só este ano já detectou 700 kg de skank, 50 kg de cocaína, 5.000 comprimidos de ecstasy, ou MDMA (metilenodioximetanfetamina), além de outras drogas como LSD e metanfetamina”, explicou.

“E tudo que ele quer para mostrar essas drogas é sua bolinha de borracha. Eu a dou e ele fica com ela na boca, e nunca deixa de querer a bolinha, tanto que nesses dois anos atuando em Manaus, só tem aumentado suas descobertas. Com certeza Odin é, no Brasil, o cão com maior frequência de pegadas. Ele descobre drogas três a quatro vezes por semana, e quantas vezes colocá-lo para atuar, ele vai descobrir”, avisou Roberto.

Odin tem até Instagram

Odin atua em várias frentes. Ele pode estar no terminal de passageiros ou cargas, no aeroporto; na agência central dos Correios; nos portos da cidade e mesmo nos rios, ao lado dos policiais civis do Denarc (Departamento de Investigação sobre Narcóticos).

“Ele sente a droga ao longe. Uma noite eu estava no aeroporto, já em final de expediente, quando passamos próximo à fila do check in e ele rumou para junto de um passageiro, parou ao seu lado e começou a fuçar no seu bolso. O passageiro, nervoso, entregou logo um único ‘baseado’, que levava dentro de uma carteira junto a outros cigarros”, contou. “Até se a pessoa estiver com o bafo de maconha, ele detecta”, completou.

“Mesmo as mais engenhosas formas de traficar drogas são descobertas por Odin: embebidas em tecido, impregnadas em folhas de livro, engomadas em roupas, em sapatinhos de criança, em brinquedos, ou cocaína líquida, não adianta. Ele descobre”, disse.

No canil onde vivem, Odin e Foko são tratados como crianças. Tem quarto com ar-condicionado, amplo espaço gramado para brincar e a tratadora Mirley Mendonça lhes dá comida na hora certa, banho, e os leva diariamente a correr. Odin ainda tem aulas de natação na piscina da Polícia Militar.

“Se eu noto que eles não estão normais, logo são levados ao veterinário”, informou.

“Além de Odin, tenho seis outros cães em casa. Uma vez estávamos numa operação numa balsa. A bolinha dele caiu n’água e ele pulou atrás. Foi quando vi que Odin não sabia nadar. Pulei atrás, para salvá-lo. Por isso agora ele está treinando natação. Vibro quando descobre drogas em locais cada vez mais difíceis de se achar. Um dia Odin vai se aposentar, pois é ‘funcionário’ da Receita Federal, quando tiver uns doze anos de idade, aí eu vou ficar com ele”, revelou.

E Odin tem até Instagram. Siga-o: @odin_k9.              

 

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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