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A boa ética como resposta para a crise moral

Você já ouviu falar em ética? Você sabe o significado de ética? O filosofo e jurista Miguel Reale (1910* 2006†), um dos grandes pensadores brasileiros da questão jurídica, diz que a ética é uma ciência normativa dos comportamentos humanos, não apenas comportamentos valiosos, mas obrigatórios, estando, então, presente o sentido imperativo da norma ética, a expressão do dever ser…, ou seja, a ética se preocupa, basicamente, com o comportamento moral das pessoas em sociedade.
Em notícias veiculadas pela mídia e até mesmo nos diálogos entre amigos, percebemos uma grande insatisfação em relação ao comportamento dos indivíduos no meio social. Todos os dias são veiculadas, em jornais e revistas, notícias acerca do desvio de recursos financeiros por parte de pessoas investidas em cargos públicos. São parlamentares, proprietários de firmas, querendo obter vantagem nos procedimentos licitatórios para a construção de escolas e de outras obras de interesses público.
Os parlamentares geralmente são os mesmos políticos que se utilizam de dinheiro de origem duvidosa em campanhas partidárias, políticos estes, que receberam do povo a permissão para administrar a coisa pública e não demonstram nenhum respeito com os eleitores que os ajudaram a chegar ao poder. Eles podem ser melhores denominados de “politiqueiros”, ou seja, indivíduos que quando estão na estrutura de poder do Estado passam a tirar proveito da posição privilegiada em que estão.
Outras notícias desagradáveis dizem respeito às pessoas que derrubam árvores, objetivando auferir lucro por meio da madeira, e constroem hotéis em áreas consideradas de Áreas de Preservação Ambiental (APA). São atividades proibidas pela legislação que disciplina a questão ambiental e nenhuma providencia é tomada no sentido de punir os indivíduos que insistem em não cumprir o que determina a lei. Aliás! Isso já virou uma espécie de piada pública.
Na própria família, muitos de seus membros adotam uma postura contrária à postura solidária, que implica amor, carinho, ajuda ao próximo. O que se vê são filhos desrespeitando seus pais e seus avós, pais desrespeitando seus filhos, e pais que praticam violência contra seus próprios filhos e cônjuge, inclusive violência sexual – o caso de estupros realizados por padrasto sobre os filhos e as filhas da companheira é um caso digno de um estudo realizado por uma equipe multidisciplinar.
A mídia também está eivada de programas que ferem a ordem moral, jurídica porque são divulgadas, praticamente todos os dias, notícias que não correspondem à verdadeira realidade dos acontecimentos, enganando a população a todo o momento. Entendemos, ainda, que o próprio conceito de profissão já expressa à necessidade de homogeneizar as atitudes dos profissionais, quer seja o educador, o juiz, o economista, o contabilista e também pessoas que exercem função pública.
O educador que não oportuniza os discentes expressar sua visão de mundo e de sociedade quando são discutidos, em sala de aula, assuntos de interesse de todos está agindo com boa ética. Da mesma maneira, não podemos considerar como uma boa ética o que um fiscal da lei faz ao retardar seu parecer por meses e meses, com sérios prejuízos que podem causar para as partes interessadas…, o médico que, muitas vezes, deixa de atender bem uma paciente no SUS está agindo também com má ética.
O educador, o juiz, o promotor, o desembargador et cetera devem atuar de acordo com os ditames da boa ética, procurando colocar integralmente suas ações aos interesses daqueles indivíduos pertencentes às classes sociais menos favorecidas. Por exemplo, o judiciário não é considerado uma instituição que protege os direitos das classes não privilegiadas e, sim, uma instituição responsável pela criminalização e repressão das classes populares, como nos ensina Paulo Sergio Pinheiro.
O acesso dos pobres a justiça está precário. Réus negros recebem sentenças mais pesadas do que aquelas impostas a réus brancos, indicando, assim, um viés racial nas condenações, como demonstrou Sérgio Adorno ao analisar o Judiciário de São Paulo. A Justiça não deve punir somente os miseráveis, os oprimidos, mas também aqueles que no exercício de cargos públicos, subtraem recursos financeiros objetivando aumentar sua fortuna.
O espírito de época exige que tomemos uma atitude universalmente correta: nós devemos praticar a boa ética todos os dias e em todos os lugares, inclusive ajudando a conservar os estabelecimentos públicos. Não adianta dizer que temos boa ética, pois ela só tem qualidade de “boa” se for praticada para o bem de todos os seres vivos…, muitos dizem que tem boa ética, contudo suas ações demonstram exatamente o contrário.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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