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A bioeconomia do açaí na Amazônia, segundo Irani Bertolini

Belmiro Vianez Filho(*) 

Há 120 anos, os regatões  cruzavam os rios amazônicos -.entregando mantimentos e objetos da rotina diária e recebendo pelas, fardos beneficiados a partir do leite da seringueira – celebrando as folias do látex, num ensaio da Bioeconomia nascente que, por pouco, não empinou o desenvolvimento permanente da Amazônia. Era o Ciclo da Borracha que respondeu por 45% do PIB brasileiro na virada do século XIX. Infelizmente não foi com a borracha que conquistamos o desenvolvimento econômico que o Sudeste empurrou adiante com a lavoura do café. Será que, com o aproveitamento funcional e integral do açaí como alimento universal, iremos decolar as infinitas oportunidades de desenvolvimento sustentável que a floresta oferece?

“Como cuidar da floresta senão promovendo a economia da sustentabilidade para nossa gente?” Está é a visão de mundo de um dos empreendedores mais apaixonados pela Amazônia. E pelos primeiros resultados alcançados com seu sonho visionário – mais um – Irani Bertolini, aos 75 anos, promove mais uma revolução de negócios na região. Desta vez com açaí, um movimento que está em processo de ebulição. De quando apresentou à Suframa, a agência regional de desenvolvimento, o projeto de coletar/beneficiar açaí nas calhas dos principais rios amazônicos, Purus, Madeira, Juruá, Solimões, Tapajós,  a bordo de suas balsas de refinada logística de transportes, passaram-se apenas seis meses para migrar da intuição ao sucesso de Bioeconomia inovadora 

Balsa-fábrica da Transportes Bertolini, coletando e beneficiando açaí nos rios da Amazônia – Foto: Divulgação

A palavra de ordem é sustentabilidade, quase um preceito sagrado, que se confirma desde a melhor remuneração dos ribeirinhos – agora sem os atravessadores – aos cuidados sanitários com a coleta, preparo e produção a bordo da balsa-fábrica, sob as bençãos de Lavoisier. “Nada se perde nada se cria, tudo se transforma”.  A potabilidade da água, a utilização dos resíduos, entre outras práticas de quem chegou à Amazônia há meio século e assimilou as leis da conservação ambiental como premissa da prosperidade empresarial. Um detalhe: em lugar dos combustíveis fósseis, a matriz energética é solar, gratuita, abundante e incessante na Amazônia. Trata-se da primeira fábrica flutuante movida a energia solar do mundo.

E o que representa essa intuição a um tempo prosaica e disruptiva? Ora, há três desafios vitais para empreender no paradigma da sustentabilidade amazônica,  nos moldes adequados a suas potencialidades e fragilidades ambientais. A questão energética, a logística do transporte e a comunicação, algo extremamente compreensível para um universo demograficamente reduzido e com uma expansão geográfica continental. E se considerarmos que o açaí, assim como todos os frutos das mais de 100 palmeiras classificadas na região, com sabores e oleosidade exóticos, são facilmente perecíveis, sem refrigeração não há negócio. Com a balsa-fábrica isso não é problema. Pelo contrário: as premissas de uma cadeia produtiva integral estão energeticamente asseguradas.

Ano passado, em plena pandemia, foram destinados à indústria 1,6 milhão/ton de açaí, com um custo original de R$3 bilhões.  Considerando que a Amazônia produz quase 100% da safra mundial, a revolução logística de Irani Bertolini pode multiplicar em pouco tempo essa performance a partir de uma única espécie. Vale lembrar que este gaúcho, descendente do norte da Itália, terra de prosperidade e de empreendedores, comprou seu primeiro caminhão aos 22 anos e se tornou em tempo recorde a maior transportadora da Amazônia em tempo recorde. 

E quem desconhece a veia empreendedora de Irani Bertolini precisa conhecer outra de suas paixões, já em movimento, que saiu do chão em 2017, o dirigível da Airship do Brasil o ADB 3-X01, primeiro dirigível  tripulado produzido na América Latina. Em breve, em vez de três semanas, a Transportes Bertolini poderá fazer a ponte entre Amazônia e São Paulo em poucas horas, com discreta emissão de carbono. Falando em balsa-fábrica, soltemos a imaginação para racionalizar a pesca tradicional em tempos de safra  na vazante dos rios da região. Além disso, o beneficiamento  do açaí, buriti, patauá, os carros-chefe dos energéticos saborosos da floresta, com investimentos em C&T&I, oferecidos pelas empresas do polo industrial de Manaus, em breve podemos ter 100 espécies de palmeiras onde os sabiás da prosperidade poderão generosamente gorjear. Este empresário compreendeu a Amazônia e merece todos os aplausos, apoio e expansão de sua genialidade visionária. 

(*) Belmiro é empresário do Varejo.
Foto/Destaque: Divulgação

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