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A aposta da Multilaser

Frete de produtos vindos da China custando dez vezes mais na pandemia. Multinacionais, como Sony, fechando fábricas e deixando o Brasil. O quadro parece desolador, mas a Multilaser enxerga aí uma oportunidade. A brasileira que vende de pen drives a smartphones, passando por lixeiras conectadas e escovas dentais elétricas, está ampliando suas fábricas locais para ir na direção contrária: exportar daqui produtos para outros países da América Latina e até para a Europa.

A Multilaser vai gastar R$ 89 milhões para ampliar em 70% sua fábrica em Manaus, com foco em televisores e câmeras de segurança, e em 60% a área construída da unidade em Extrema (MG). Na fábrica mineira, a companhia passará a fabricar tapetes higiênicos para pets — um novo segmento de atuação — e eletroportáteis.

A companhia está bem capitalizada. Em julho, fez um IPO (oferta inicial de ações) que movimentou R$ 2,2 bilhões na Bolsa.

“Fizemos as contas e vimos a oportunidade de produzir mais localmente. Trazer um contêiner da China chegava a custar US$ 1 mil antes da pandemia e hoje custa US$ 10 mil. Com esse valor, a migração fica mais fácil. E isso deixa espaço para, dentro de alguns produtos com custo e benefício atraente, fazer no Brasil e exportar para países do Mercosul e restante da América Latina”, diz o CEO Alexandre Ostrowiecki, que toca a empresa desde 2003, após acidente que matou seu pai, Israel, fundador da Multilaser.

Hoje, a companhia já vende produtos na Argentina, Uruguai, Bolívia e Paraguai, mas a ideia é ampliar a presença nesses mercados e chegar ao varejo do Chile, México e América Central, além de Portugal e Angola — aí, a vantagem são cinco mil produtos já com embalagem e manual em português.

“Estamos fechando parcerias com varejistas ou distribuidores locais, e a ideia é estar nesses países já no segundo trimestre do ano que vem. Mas não temos planos de produzir lá fora, nossa vocação é a produção local”, afirmou.

Outra estratégia é distribuir produtos de multinacionais que deixaram ou não querem produzir aqui. Quatro meses depois de a Sony deixar de vender diversos de seus produtos no Brasil, a Multilaser fechou acordo, em julho, para vender seus fones de ouvidos por aqui. Em maio, a brasileira trouxe de volta as TVs da Toshiba e fechou contrato para vender ferramentas elétricas premium da Michelin.

“Estamos em conversas com três multinacionais que querem ir embora do Brasil e cogitam passar para a gente a distribuição”, conta Ostrowiecki. “O Brasil é o terror das multinacionais. É burocrático, tem uma carga tributária insana, regras trabalhistas rígidas, roubos etc. Para uma multinacional que opera globalmente, esse mercado é cada vez mais irrelevante. Ela prefere ir embora. Já a gente não tem para onde ir, se adapta e faz disso uma oportunidade”.As informações são de O Globo.

Foto/Destaque: Divulgação

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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