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“A Amazônia tem muito a oferecer”, diz Carlos Koury

“A Amazônia tem muito a oferecer”, diz Carlos Koury

Como desenvolver a Amazônia com a floresta em pé? Para debater este assunto, o Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) e organizações parceiras promovem, dia 17, a partir das 15h, o webinar ‘Biotecnologia e Inovação: Como Promover Investimentos em P&D e Negócios Disruptivos’. O Jornal do Commercio ouviu Carlos Gabriel Koury, diretor-técnico do Idesam e ele adiantou alguns pontos do bate-papo de quinta-feira.  

Jornal do Commercio: As startups que estão surgindo, focam especificamente em qual segmento da biotecnologia na Amazônia? 

Carlou Koury: Projetos com pescado e de cosméticos já estão em desenvolvimento, bem como no desenvolvimento de soluções para melhoria das cadeias produtivas, inovações em piscicultura e no drone de planejamento para combate a incêndios florestais. Ao todo, os projetos do Programa Prioritário de Bioeconomia estão atuando nos seguintes temas: manejo de pescado, agroextrativismo, cosméticos, alimentos, tecnologia, piscicultura e biorremediação.

JC: Já existe alguma startup atuando com biotecnologia na Amazônia? 

CK: A principal é a Biozer, já em seu segundo projeto de desenvolvimento de cosméticos. O diferencial da Biozer é que ela investe em capacitação das organizações comunitárias gestoras de mini-usinas de óleos vegetais para que as mesmas melhorem os processos de produção. Com isso esse óleo vegetal fica com uma qualidade cada vez melhor.

JC: Agora que o CBA está sendo ‘destravado’ pelo Governo Federal, como poderá servir de apoio para startups? 

CK: A estrutura do CBA é muito propícia e vislumbro como adequada para o desenvolvimento dos últimos estágios da maturidade tecnológica de projetos da bioeconomia. Para startups de biotecnologia pode ser um grande apoio, pois normalmente estas têm um custo alto em equipamentos, e ter espaços que disponibilizem infraestrutura para estas startups pode ser um diferencial positivo. Com isso, o CBA tem possibilidade de se integrar aos demais institutos de ciência e tecnologia, permitindo que as pesquisas evoluam da fase laboratorial para a fase pré-industrial e aumentando a conexão com mercado. Integrar-se ao ecossistema de P&D é a chave.

JC: De que maneira as empresas do Polo Industrial de Manaus podem ganhar com a biotecnologia?  

CK: Mapeamos cinco meios de retornos positivos a empresas do PIM: inovação em novos bioinsumos, se conectando ao conhecimento da Academia para o desenvolvimento de novas cadeias de bioinsumos, com preservação da floresta; inovação em biorremediação, destinação e tratamento de resíduos: é possível usar os recursos de P&D para fomentar prestadores de serviços inovadores neste tema; olhar para a biotecnologia como mercado: a biotecnologia 4.0 precisa dos produtos para evoluir como robôs para a bioinformática e equipamentos mais modernos para prospecção de bioativos; diversificação de investimentos promovendo novos negócios da bioeconomia; apoio a inovações em bioeconomia na Amazônia mesmo que não seja dentro se seu escopo de atuação. Isso permite enquadrar seus projetos como Projetos Tecnológicos de Sustentabilidade, podendo receber da Suframa o direito de usar o Selo Amazônia, regulamentado recentemente.

JC: No webinar de quinta-feira um dos assuntos será a promoção dos investimentos em P&D? Quem seriam os maiores interessados nesse tipo de investimento? 

CK: Investir em novos negócios da biotecnologia é uma oportunidade para todos, e as empresas do PIM, que têm obrigação de investir em P&D, têm a oportunidade de diversificar os investimentos e buscar inovação na bioeconomia. A empresa que investir pelo Programa Prioritário de Bioeconomia não tem o custo de gestão do projeto nem o risco de glosa, facilitando assim a diversificação dos investimentos.

JC: As empresas do Polo Industrial de Manaus estariam aptas a desenvolver Negócios Disruptivos?

CK: Quando o Polo Industrial de Manaus foi concebido, foi uma disruptura dos padrões de desenvolvimento da época. A Lei de Inovação exigindo a contrapartida de investimento na promoção de pesquisa, desenvolvimento e inovação também busca isso. As empresas que estão no PIM fazem parte dos mais modernos setores de produção. As universidades públicas estão em estágios avançados para a interação com o setor privado na promoção de novos negócios onde o conhecimento é o sucesso desses negócios.

JC: A floresta amazônica pode gerar riquezas para o país sem que nenhuma árvore seja derrubada?

CK: É difícil fazer projeções como esta, mas com certeza é possível ver alguns cenários onde a bioeconomia oriunda da biodiversidade amazônica poderia estar melhor posicionada. Por exemplo, o mercado de enzimas no mundo pode atingir quase U$ 5 bilhões em 2021, e ainda não temos nenhuma enzima amazônica neste mercado, e há muito conhecimento deste potencial na Academia. O mercado de óleos vegetais também tem uma participação muito pequena. Pesquisa do INPA mostrou que a garra de uma formiga amazônica inspirou um novo grampo de sutura hospitalar. Estamos na era do conhecimento e a ‘biblioteca’ amazônica ainda tem muito a oferecer.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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