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13º salário anima comércio e serviços no Amazonas

A economia amazonense está recebendo, neste mês, uma injeção de pelo menos R$ 234,76 milhões, a título de antecipação de pagamentos de 13º salario para aposentados e pensionistas dos setores privado e público. Diante do marasmo que se abateu sobre as vendas no pós-Dia das Mães, a perspectiva de mais dinheiro circulando na praça animou os comerciantes. A expectativa é que parte significativa desse montante seja direcionada ao consumo, reduzindo os impactos da cheia e da crise da covid-19 no setor.  

Pelo segundo ano seguido, governo federal e estadual antecipam os pagamentos do 13º, em razão da pandemia. Nesta terça (25), o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) já começou a pagar a primeira parcela a 235.597 aposentados e pensionistas do Amazonas, totalizando quase R$ 180,76 milhões, nesta primeira etapa. Em todo o Brasil, são 31 milhões de beneficiários e R$ 25,3 bilhões. A antecipação está sendo creditada junto aos benefícios de maio e os depósitos estão sendo realizados até 8 de junho. Nesta primeira parcela, é descontado o Imposto de Renda proporcional. A segunda será paga entre 24 de junho e 7 de julho.

Injeção chega a quase R$ 180,76 milhões, nesta primeira etapa Foto: Divulgação

Já a antecipação da primeira parcela do 13º salário para aposentados e pensionistas do poder estadual começou a ser paga na semana passada. O governo do Amazonas está injetando mais de R$ 54 milhões, em pagamentos realizados pela Fundação Amazonprev. No total, 23.200 segurados da previdência estadual estão sendo contemplados, entre aposentados (16 mil) e pensionistas (7.200), em um universo de quase 30 mil inativos. O órgão estadual ressalta que nem todos estão recebendo, uma vez que a maioria possui plano diferenciado de proventos de 13º.

Os demais poderes que têm suas folhas de pagamentos administradas pela Amazonprev, como Aleam (Assembleia Legislativa do Amazonas), adotaram os mesmos critérios e também pagaram seus segurados nos dias 20 e 21 de maio. O TCE-AM (Tribunal de Contas do Estado) também antecipou o depósito da primeira parcela do 13º, na semana passada, enquanto MPE-AM (Ministério Público do Estado) fraciona o pagamento em parcelas mensais ou antecipa o valor conforme solicitação dos inativos. O TJ-AM (Tribunal de Justiça do Amazonas) – assim como a Prefeitura de Manaus – ainda não informou previsão para antecipação do benefício.

“Ajuda importante”

O presidente da ACA (Associação Comercial do Estado do Amazonas), Jorge de Souza Lima, assinala que as antecipações vão “ajudar muito” nas vendas do varejo. O dirigente avalia que, a despeito da nova alta da Selic, as condições macroeconômicas brasileiras vão contribuir para que a parte majoritária dos consumidores amazonense se decida por utilizar o dinheiro do benefício para o consumo, em detrimento do pagamento de dívidas e, principalmente, da reserva de valores para contingências econômicas.  

“A população não está muito entusiasmada em colocar dinheiro na poupança, porque o rendimento é muito insignificante e a taxa desse ano está mais baixa. Acredito que parte vai para alguns compromissos e metade para as compras. Esses R$ 54 milhões não são um valor tão significativo assim, mas vão fazer mais efeito do que o dinheiro do governo federal, porque este é mais pulverizado. Mas, vai ser uma ajuda muito importante para o comércio, uma vez que temos o Dia dos Namorados, no próximo mês”, opinou.

Inadimplência em baixa

Na mesma linha, o presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, também aposta no apelo do consumo. O dirigente argumenta que a taxa de endividamento dos consumidores de Manaus caiu de 68,1% (432.608 famílias) para 66,2% (420.724), entre março e abril, e se mantém aquém da marca dos 84,8% (531.454) de 12 meses atrás, conforme pesquisa mensal da CNC. O mesmo ocorreu na fatia de famílias com contas atrasadas, que recuou de 31,5% (200.283) para 30% (190.838) – embora siga acima de abril de 2020 (26,1% e 163.494). 

“Acredito que boa parte desse dinheiro vai aparecer nas vendas, porque as pessoas já estão se endividando menos e os índices de inadimplência estão caindo. O comércio deu uma paradinha nestes dias e um dos motivos foi o desabastecimento, em razão da perda de fôlego da navegação de cabotagem. O governo sentiu que deve haver queda na arrecadação e resolveu antecipar o benefício, para fortalecer as vendas. As perspectivas são muito boas para o comércio, embora seja difícil dizer qual segmento vai se destacar”, comentou.   

“Problemas financeiros”

Já o presidente da CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus), Ralph Assayag, explica que, desta vez, não foi possível à entidade fazer sua tradicional pesquisa do 13º salário, uma vez que o pagamento costuma ser feito em julho, há poucos funcionários disponíveis para fazer as coletas necessárias, e os problemas decorrentes da cheia vêm tomando boa parte do tempo e dos esforços de todos. Mas, não deixou de concordar que trata-se de uma boa notícia para o setor.   

“É muito bem vindo, antecipando para ver se a gente coloca as máquinas para rodar. Esse valor pode ajudar empresas que poderiam estar fechando e, agora, ressuscitam com dinheiro na praça. Pode melhorar também a situação de outras, que ainda estão com problemas financeiros. Porém, não vou poder fazer comparações com os anos anteriores, porque vamos ter uma diferença muito grande de aportes. Estamos fazendo um levantamento agora, para que a gente possa ter uma noção de como esse dinheiro vai ser efetivamente gasto”, ponderou.

Indagado sobre a possibilidade de que a antecipação do 13º salário acabe esvaziando as vendas do Black Friday, Natal e Reveillon, por falta da tradicional injeção de liquidez na praça, Assayag demonstrou maior preocupação com as limitações do alcance das promoções em razão das restrições impostas pelos decretos anti-covid. O presidente da CDL-Manaus dá como exemplo o Dia Livre de Impostos. 

“Já estaríamos começando os preparativos nesta quarta [26]. Mas, não podemos fazer o que fazíamos todos os anos nesta data, que já é praticamente a quinta em vendas. Não podemos aglomerar e todas as promoções vão ocorrer em Drive Thru. Se estivermos com restrições até o Natal e o Reveillon, não vamos poder fazer grandes promoções. Precisamos vender e baixar os preços, mas não podemos. É muito difícil trabalhar dessa forma. Não sabemos o que vai acontecer até lá. Temos de fazer mês a mês para saber até onde podemos ir. Temos esse cuidado e respeito com a população”, concluiu.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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