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“Rio Preto da Eva precisa de parcerias”, diz prefeito eleito

Em visita ao Jornal do Commercio, realizada na tarde dessa quarta-feira (10), o médico Ricardo Chagas (PRP), prefeito eleito de Rio Preto da Eva com 6.351 votos (55,11%) pela coligação “União, Força e Progresso”, afirmou que a valorização dos servidores municipais será uma das marcas de sua gestão. Ele falou ainda sobre como pretende explorar o potencial turístico do município com vistas à Copa de 2014 e sobre a recente descoberta de uma possível reserva de petróleo no município, que, devido a aportes financeiros da Petrobras, coloca o Rio Preto da Eva na posição de município mais rico do Estado.

Jornal do Commercio – Dr. Ricardo, o senhor nocauteou uma oligarquia há muito tempo instalada no Rio Preto. Como é que o senhor está se planejando para se comportar a partir do dia 1.º de janeiro ?

Dr. Ricardo – Não tenha dúvidas de que a luta foi muito grande. Foi uma campanha com uma estrutura pequena, mas o que nos deixou muito felizes foi que houve um envolvimento de pessoas que nunca tinham se envolvido, como comerciantes, voluntários e nós fizemos uma grande campanha, dentro das condições que nós tínhamos. O que nos deixou mais felizes foi a forma como vencemos essa oligarquia que vinha dominando o município há mais de oito anos, sabendo que o povo entendeu o nosso recado que era oferecer um novo nome e que através de uma corrente de união deu a resposta nas urnas. Quase todas as classes -professores, o pessoal da saúde, comerciantes- promoveram essa união na qual tivemos a felicidade de obter respostas nas urnas.

JC – Como foi a participação da Justiça Eleitoral nestas eleições?

Dr. Ricardo – Eu atribuo, inclusive, essa nossa vitória, além da grande vontade do povo, à perfeita atuação da Justiça Eleitoral. Nós conseguimos, através do ilustre doutor Cássio Borges, bloquear toda uma grande articulação que envolvia muito dinheiro, já que a máquina estava ao lado do adversário. Obtivemos este êxito graças à atuação da Justiça Eleitoral.

JC – E como o senhor pretende assumir a prefeitura?

Dr. Ricardo – Já em novembro nós vamos começar a formar um grupo de transição para começarmos a analisar a situação do município, em busca do diagnóstico, através de uma auditoria, para que em janeiro a gente já comece a traçar as metas e o planejamento. Com certeza, muita coisa vai ter que ser resolvida. Então, nós vamos ter que fazer um planejamento a curto, médio e longo prazos.

JC – Então, após essa auditoria, o que o Dr. Ricardo tem em mente para fazer imediatamente?

Dr. Ricardo – Depois que nós soubermos do diagnóstico, uma das prioridades é saldar a dívida do funcionalismo público. Isso é um compromisso de campanha. Precisamos criar um calendário de pagamento, que não existe no Rio Preto, para que o funcionalismo público municipal trabalhe com mais motivação, com mais segurança a fim de que ele não seja mais penalizado, como vem sendo já há algum tempo. Também existe uma grande preocupação com relação à energia elétrica. Temos muitos blackouts. Melhorou um pouco depois da última manifestação que houve, se não me engano, há uns dois meses atrás. Houve a chegada de um novo grupo gerador e houve uma melhora, mas não ainda naquele nível de contar com investimentos de empreendedores, de empresários que queiram montar uma fábrica no Rio Preto. Então, a partir de maio estará praticamente na reta final a questão do Linhão de Tucuruí e nós vamos tentar rebaixar uma subestação.

JC – Mas, a grande novidade, divulgada ontem, é que a Petrobras reconhece que Rio Preto da Eva poderá ser o “Novo Urucum” com a descoberta de grandes reservas de petróleo no município. Isso vai tornar Rio Preto tão importante, ou mais importante, que Coari para o Amazonas. Ou seja, possivelmente o seu governo será contemplado com um forte aporte financeiro da Petrobras.

Dr. Ricardo – Isso nos deixa muito entusiasmados porque fala-se em investimentos em torno de R$ 3 bilhões. O município de Rio Preto da Eva, como já faz parte de uma região metropolitana, imagina o que poderá vir de bom. Está vindo Copa do Mundo. Temos minérios também. E agora, a questão do petróleo. Então, eu fico muito entusiasmado porque esses recursos todos nos vão dar autonomia para podermos trabalhar em prol do povo e desenvolvimento do município. O município já tem um forte potencial turístico, mas que não está sendo explorado. Não tem planejamento, então falta melhorar tudo isso.

JC – E como o senhor pretende explorar essa vocação turística do município, inclusive pensando na Copa?

Dr. Ricardo – Como eu falei, a primeira coisa que temos que melhorar é a nossa energia, e estamos buscando uma forma de melhorar. Precisamos expandir a rede de hotéis. A rede hoteleira é muito pequena no Rio Preto. Na rede de restaurantes você tem dificuldades em suprir a demanda, principalmente nos fins de semana. Nossos balneários são bonitos, mas precisam melhorar. Com o advento da ponte Rio Negro nós perdemos muitos turistas, precisamos atraí-los de volta com atrações musicais, regionais, nacionais. Transformar o balneário em um parque. Fazer um centro cultural, feiras de artesanato. Inclusive, temos uma proposta de em cada comunidade trabalharmos maciçamente em cima disso para que as mulheres, principalmente, tenham condições de expor os seus trabalhos na feira. Hoje, o turista vai ao Rio Preto para tomar o café dele. Poucos ficam no balneário. Então ele terá esses outros atrativos. Temos, inclusive, uma reserva indígena dentro da cidade, que também não é utilizada.

JC – No funcionalismo, o senhor pretende enxugar a máquina? Pretende reduzir ou fundir secretarias?

Dr. Ricardo – Talvez essa fusão seja importante e a criação de outras também. Por exemplo: nós não temos uma secretaria municipal de segurança pública. Pretendemos integrar as polícias. Lá as polícias trabalham de uma forma separada. Pretendo fundir outras: as secretarias de produção e pesca são separadas. Têm que ser juntas. Vamos incentivar a criação do Plano de Cargos e Salários para incentivar e valorizar esses profissionais. Muitas vezes eles trabalham desmotivados e com salários atrasados. Hoje, nós temos mais de 70% dos funcionários municipais contratados ou celetistas. Então, temos 30%, apenas, de concursados. Para se ter uma ideia o último concurso para professor foi em 2003. Então, precisamos fazer um estudo sobre a realização de um concurso público. Hoje, a folha está inchada. A folha hoje é de R$ 1 milhão. A receita do município é de R$ 2,3 milhões mais ou menos.

JC – Falando nisso, 78 servidores temporários da Prefeitura de Rio Preto da Eva foram demitidos um dia após as eleições. O que o senhor pretende fazer com esses funcionários?

Dr. Ricardo – Falei com eles ontem. Nós estamos formando uma frente para irmos juntos ao Ministério Público e para a Justiça. Existe certa irregularidade: os contratos deles foram modificados sem aviso. Eles não tomaram ciência da mudança. O contrato que está hoje teria terminado no dia 2 de outubro.

JC – Voltando à questão do petróleo, também terá que ser criada uma secretaria especial voltada para a questão, além de estabelecer parcerias com a Petrobras e empresas ligadas à Petrobras para ajudar em obras sociais.

Dr. Ricardo – Um dos nossos temas de campanha era exatamente esse: o Rio Preto precisa ter um prefeito que busque parcerias. Hoje, a gente não vê isso. A Petrobras está fazendo parcerias em Coari, em relação a atividades sociais. Essa é uma forma pela qual a gente pode trabalhar com os jovens e coibir a violência.

JC – Como médico e prefeito, quais são as suas propostas para a saúde do Rio Preto ?

Dr. Ricardo – Nós temos como plano, transformar o hospital do Rio Preto em referência de urgência e emergência traumatológica da região. Quando acontece um acidente nós não estamos preparados para atender as vítimas. Então, os pacientes são encaminhados para Manaus. Chegando no 28 de Agosto, João Lúcio ou Platão Araújo, sobrecarrega mais ainda o atendimento. Com uma unidade de referência, além de desafogar, nós vamos atender pacientes oriundos de Itacoatiara, Itapiranga, Silves, Urucurituba. Precisamos mudar. Aquela unidade não serve.

JC – Como o senhor pretende cuidar da zona rural?

Dr. Ricardo – A nossa prioridade vai ser o setor primário. Hoje, você chega em uma comunidade e vê só um campo de futebol e uma igreja. Eu não entendo o porquê disso, sendo o Rio Preto praticamente um bairro de Manaus. Então, nós pretendemos dar essa prioridade. Queremos construir sedes sociais e centros comunitários nas principais comunidades, mas centros comunitários de verdade. Ali nós vamos massificar atividades sociais.

JC – E com relação à segurança pública?

Dr. Ricardo – Importantíssimo!Esse tema também foi muito explorado na nossa campanha. No Rio Preto, por passar a AM-010 no meio, nós não sabemos quem entra e quem sai da cidade. Não temos um posto policial nem na entrada nem na saída. Certos crimes são realizados em Manaus cujos autores se escondem nos ramais do Rio Preto. Pretendemos, portanto, implantar uma barreira policial na entrada. Vamos implantar câmeras em locais estratégicos para dar segurança até ao comerciante. Integrar as polícias como eu falei, através da criação de secretarias. Eu ouvi, inclusive, alguma coisa a respeito da intenção do governador Omar Aziz em estender o programa Ronda no Bairro aos municípios da região metropolitana. Isso será formidável. Hoje, nossa Guarda Municipal trabalha sem estrutura: não tem fardamento apropriado, viaturas nem pensar. Então, nós temos que integrar as polícias Militar, Civil, Guarda Municipal, conselhos tutelares, juízes, promotores e delegados. Além disso, a segurança envolve um trabalho social com os nossos jovens. Vamos buscar parcerias com as igrejas e secretarias de esportes, ação social, cultura e turismo para que a gente massifique esse trabalho com os jovens para que eles não tenham tempo de pensar em crimes.

JC – Dr. Ricardo, qual a sua mensagem final ?

Dr. Ricardo – Agradeço, primeiramente a Deus, por ter me dado força e coragem. Foi uma campanha árdua. Agradeço também ao povo do Rio Preto, que entendeu e absorveu as nossas propostas e se uniu e optou pela mudança. O povo realmente quis mudar nos dando essa oportunidade. Então, eu quero, do fundo do meu coração, fazer um trabalho responsável, digno, e que as pessoas sintam orgulho de ter um novo prefeito.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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