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“Indústria de tablets no Amazonas é sonho”

Concordando com o pesquisador do IPEA, João Maria de Oliveira, o ex-prefeito de Manaus, Serafim Correa (PSB), diz ao Jornal do Commercio que o Brasil tende a ser apenas um país montador de tablets e garante que o senador Eduardo Braga (PMDB) falou “baboseiras” à imprensa sobre a MP 540. Ele não vê motivos para o Amazonas sonhar com uma indústria de tablets até 2014, “por falta de mão de obra qualificada”, acusa a bancada federal do Estado no Congresso de ser submissa demais ao Palácio do Planalto e confirma conversas com o ex-senador Arthur Neto, do PSDB, com relação à disputa eleitoral de 2012.

JC- O pesquisador e economista do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) João Maria de Oliveira afirmou em entrevista a um Portal de Notícias local que em curto prazo o Brasil não terá condições de produzir integralmente os tablets. O senhor concorda com a afirmativa do pesquisador?
Serafim Correa – Ele tem toda razão. O Brasil apenas desempenhará o papel de montar os tablets, ele não o montará integralmente. Essa que é uma indústria de grande investimento requer além de profissionais capacitados, um maciço investimento em tecnologia, teríamos que estar prontos para todos os outros processos compreendendo a composição do produto: software e design.

JC- O senador Eduardo Braga afirmou em entrevista ao JC que depois da edição da Lei de Informática em 2001, a MP 540 é a maior vitória já conquistada pela Zona Franca. O senhor concorda?
SC – Isso é uma baboseira, até porque quero ver essa geringonça de um tablet com controle remoto. A MP assegurou que só Manaus vai garantir tablet com controle remoto, eu quero saber em que lugar do mundo se produz esse produto com controle remoto. O tablet é algo que cabe na mão, você vai ter controle remoto para quê? Isso não existe. Eu lamento profundamente que o ex-governador e agora senador da República tenha embarcado nessa canoa. O que ele deveria ter reivindicado era energia elétrica, que há vinte anos está sob controle do senador Sarney, e há vinte anos que sofremos com crise de energia elétrica em Manaus.

JC- Mediante a atual economia globalizada, o modelo de incentivos da Zona Franca de Manaus já não teria ficado ultrapassado?
SC – Acredito que temos cinco grandes problemas antes de chegar nesse ponto. O primeiro é sem dúvida o de distribuição de energia elétrica. Ontem, na minha casa, a energia foi e voltou cinco vezes, isso em uma fábrica é um terror. Segundo: internet Banda Larga. A nossa Banda em Manaus é a mais estreita do Brasil. Terceiro: portos. Precisamos ter portos competitivos, ágeis. Quarto: aeroporto. Nosso aeroporto possui cargas em armazém de lona, e o quinto ponto são as tão sonhadas estradas, elas nos servem de alternativa para sairmos de dueto, avião e balsas. Se não solucionarmos esses cinco problemas nem subiremos na escala para alcançar a defasagem.

JC- Em recente entrevista a revista Veja, o senador do DEM/Goiás Demóstenes Torres, citou a formulação de MP (Medida Provisória) como a única forma encontrada pelo governo Dilma Rousseff (PT) de se relacionar com o parlamento. O que acha disso?
SC – Lamentavelmente é isso, não existe mais diálogo. O governo baixa MP e manda para o Congresso, cozinha na Câmara e manda para o Senado, que não tem tempo de discutir. O resultado é a aprovação das Medidas de qualquer jeito.

JC- Fala-se muito em produção de tablets e pouco da mão de obra que irá produzi-lo. O senhor acha que os profissionais do PIM (Polo Industrial de Manaus) estão preparados para operar essa nova tecnologia?
SC – O Brasil e o Amazonas lamentavelmente não possuem recursos humanos suficientes para suprir a demanda que é necessária para a produção em grande escala. Isso é fato e precisa ser modificado de forma rápida, sob pena de não conseguirmos dar conta do mercado nacional, tampouco internacional.

JC- Em sua opinião, a população amazonense pode sonhar até 2014 com uma efetiva indústria de tablets em Manaus?
SC – Com certeza, não!

JC- A bancada federal do Amazonas em Brasília foi amplamente criticada pela postura com relação à MP dos tablets. Qual sua avaliação sobre essa questão?
SC – Nossa bancada em Brasília tem medo do governo federal, não tem atitude e é totalmente dependente das ações do governo. Não faço críticas, apenas constato os fatos que diariamente a mídia divulga. O deputado ou senador tem que chegar a presidente Dilma e falar “não dá”. Qual o motivo de tanto medo? Eles precisam elencar os problemas que são de responsabilidade do governo federal e que até hoje não foram resolvidos no Estado: energia, Banda Larga, porto, aeroporto e estrada.

JC- A política industrial aplicada pela presidente Dilma Rousseff lhe agrada?
SC – Existem pontos positivos, mas eles ainda são muito tímidos em relação ao país como um todo. Ela precisa se municionar e arriscar mais.

JC- É possível que se realize uma aliança do PSB com o PSDB para os próximos pleitos?
SC – Vamos conversar sobre essa possibilidade em 2012. O Arthur Virgílio e eu somos amigos, tive o prazer de estar presente na cerimônia que lhe concedeu Medalha de Ouro na Câmara Municipal de Manaus, a política é dinâmica, não existe nada que impeça essa aliança.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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