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“A criação de ZPEs é essencial para desenvolver os Estados da Amazônia”

Jornal do Commercio – Como o senhor observa o início das operações das ALCs (Áreas de Livre Comércio) na região?

Haroldo Amóras – Entendo que tanto as ALCs, quanto as ZPEs vão fomentar o crescimento econômico dos Estados amazônicos, bem como ajudar a diminuir desigualdades regionais, que impedem o desenvolvimento da Amazônia de forma sustentável. Isso porque esses modelos [ALCs e ZPEs] tornam competitiva a produção industrial e a capacidade de efetuar novos negócios entre os Estados.

JC – Mas existe viabilidade para esses modelos econômicos no Norte?

Haroldo Amóras – Ao contrário do que muitos políticos do Sul e do Sudeste acreditam, a criação de ZPEs e ALCs com a finalidade de desenvolver a indústria e o comércio dos Estados amazônicos é essencial para a população dos sete estados.

JC – Se as ALCs são modelos tão bons, porque tanta demora em aprovar a implantação desses modelos de desenvolvimento?

Haroldo Amóras – Eu já me fiz essa pergunta várias vezes, mas não encontro respostas lógicas do porquê de as ZPEs ainda não terem servido de ferramenta de promoção econômica para a Amazônia Ocidental. O problema é que existe um discurso de pressão divulgado amplamente na mídia por aqueles que não querem que Estados menos desenvolvidos superem suas dificuldades e passem também a competir com seus produtos e serviços. Pior é saber que muitas entidades e políticos embarcam nessa história e acabam fazendo lobby contra a implantação.

JC – Em que esses modelos irão impactar no
desenvolvimento da economia da região Norte?

Haroldo Amóras – A formatação desses modelos na Amazônia Ocidental tem perfil diferenciado. No caso das que se restringem a ser apenas áreas de benefício para o comércio, eu diria que como instrumento de promoção, elas têm alcance muito restrito, embora tenham certo grau de importância para os Estados. No caso de Boa Vista, a ALC, por exemplo, servirá de incremento nas vendas de insumos de matérias-primas regionais para o PIM (Polo Industrial de Manaus).

JC – O senhor criticou em sua palestra a existência de ALCs e ZPEs informais. Onde elas estão localizadas?

Haroldo Amóras – De fato, sempre critico a postura do governo em relação à existência dessas áreas. Em São Paulo, existe a rua 25 de Maio; em Brasília, a Feira do Paraguai. Também existe uma em Goiânia, outra em Feira de Santana (BA) e não podemos esquecer de Foz do Iguaçu, onde a coisa é mais escancarada.

JC – E qual a saída para esse problema?

Haroldo Amóras – Em vez de fechar o olho para o mercado informal, acho que o governo deveria oficializar a implantação das ZPEs nessas áreas e nas regiões fronteiriças do Norte com regras iguais e políticas isonômicas. Todos ganhariam e acabaria com essa questão da ilegalidade.

JC – Quais os resultados esperados para o Amazonas da implantação de uma ALCs em Roraima?

Haroldo Amóras – Ela servirá de instrumento de promoção comercial para Roraima e de fornecedora para as regiões do entorno, incluindo Manaus. Neste sentido, a projeção de alcance gira em torno de um mercado amplo de indústria e principalmente comércio. Além disso, o advento de ALCs e ZPEs trará fortalecimento político à ZFM (Zona Franca de Manaus) e à Amazônia Ocidental, que ganha importantes aliados.

JC – Muito se comenta de um provável impacto negativo que uma ALCs teria sobre os negócio do PIM. Esse medo tem fundamento?

Haroldo Amóras – Definitivamente não. As ALCs nos moldes de Roraima e Acre não vão impactar nos negócios da indústria no Amazonas, já que os mecanismos que elas têm só valem para o mercado interno. Boa Vista, por exemplo, tem cerca de 160 mil habitantes, então as isenções para o comércio ficam restritas a essa população dentro dessa área. Para vender para fora, entra a questão do regime de cotas, que se não me engano é de até US$ 2.000. Acontece que hoje ninguém mais sai de Manaus com destino a Roraima ou Acre para comprar eletroeletrônicos com uma cota dessas, porque se pode adquirir o dobro de objetos em uma 25 de Março ou em Foz do Iguaçu, onde impera o contrabando e os mecanismos da lei fecham o olho para o mercado informal.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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