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‘Mais segurança para navegação regional’

O mais novo navio da Marinha do Brasil, AvHoFlu (Aviso Hidroceanográfico Fluvial) Rio Negro é o 4º da Classe Tocantins, de um total de quatro navios, construídos na Inace (Indústria Naval do Ceará), sediada na cidade de Fortaleza. O valor do contrato é de aproximadamente R$ 27 milhões para os quatro Avisos. Cada navio possui tripulação de até 14 militares e sua construção gerou aproximadamente 200 empregos indiretos. Com o propósito de cobrir vazios cartográficos da região amazônica, o AvHoFlu Rio Negro tem a missão de executar os levantamentos Hidroceanográficos em águas interiores na Bacia Amazônica.
Seguindo a tradição naval, os navios da Classe Tocantins recebem nomes de importantes rios brasileiros e o Rio Negro foi escolhido por ser um símbolo da diversidade biológica e cultural brasileira. No dia 15 de agosto, às 11h, no Cais da Estação Naval do Rio Negro, em Manaus, será o Batismo, Mostra de Armamento e Transferência para o Setor Operativo do AvHoFlu Rio Negro.
Agora, vamos saber mais sobre as ações da Marinha do Brasil em entrevista exclusiva com o Vice-Almirante, Domingos Sávio:

Jornal do Commercio – Qual o significado do Batismo, Mostra de Armamento e Transferência para o Setor Operativo do Aviso Hidroceanográfico Fluvial Rio Negro?

Domingos Sávio – O navio tem sua vida marcada por fases. O primeiro evento dessa vida é o batimento da quilha, uma cerimônia no estaleiro, na qual a primeira peça estrutural que integrará o navio é posicionada no local da construção. Quando o navio está com o casco pronto, na carreira do estaleiro, ele é lançado ao mar em cerimônia chamada lançamento. Nesta ocasião é batizado por sua madrinha e recebe o nome oficial. Construído e pronto, o navio é, então, incorporado a uma esquadra, força naval, companhia de navegação ou a quem vá ser responsável pelo seu funcionamento.
A cerimônia correspondente é a incorporação, da qual faz parte a mostra de armamento. Armamento nada tem a ver com armas e sim com armação. Essa mostra, feita pelos construtores e recebedores, se constitui em uma inspeção do navio para ver se está tudo em ordem, de acordo com a encomenda. Na ocasião, é lavrado um termo, onde se faz constar a entrega, a incorporação e tudo o que há a bordo. A vida do navio passa, então, a ser registrada em um livro: o Livro do Navio, que somente será fechado quando ele for desincorporado.

JC – Porque essa tradição naval é mantida?

DS – Reza a tradição naval que todo navio é batizado por uma madrinha, ocasião em que recebe seu nome oficial, sendo este costume marcado com a quebra em seu costado de uma garrafa de champanhe, que representa sorte à vida do navio.

JC – Qual a importância do Navio para o Plano Cartográfico da Marinha na Amazônia?

DS – O propósito principal consiste na atualização contínua da cartografia náutica das principais hidrovias da região amazônica. A fim de viabilizar a sua consecução, foi necessário construir novos meios que executassem os levantamentos hidrográficos indispensáveis à manutenção das cartas náuticas da região, considerando a dinâmica dos rios amazônicos, o que impõe o conhecimento preciso e atualizado do canal de navegação dos mesmos, possibilitando, dessa forma, melhoria na segurança da navegação.

JC – Em escala geral, de que forma a população manauara, amazonense e brasileira vai se beneficiar com o Plano Cartográfico da Marinha na Amazônia, onde está inserido o projeto AvHoFlu?

DS – Os AvHoFlu serão empregados na coleta de dados hidroceanográficos e em atividades inerentes à segurança da navegação fluvial. Adicionalmente, poderão ser empregados na formação e adestramento do pessoal, nas ações de presença em função de necessidades da política interna e externa brasileira, na coleta de dados ambientais em apoio ao planejamento e à execução de operações ribeirinhas e em missões de esclarecimento. Também poderão realizar, adicionalmente e de maneira limitada, socorro e obtenção de informações operacionais, em apoio aos órgãos governamentais, na defesa civil, nas ações cívico-sociais e na preservação do meio ambiente. O Aviso Hidrográfico tem então a missão de executar os levantamentos Hidroceanográficos em águas interiores na Bacia Amazônica, sob a responsabilidade da DHN (Diretoria de Hidrografia e Navegação), com a finalidade da atualização contínua da cartografia náutica das principais hidrovias na região, sendo de fundamental importância o conhecimento preciso e atualizado do canal de navegação dos rios amazônicos o que possibilitará melhorias na segurança da navegação.

JC – Quais as principais atividades da Marinha do Brasil no Estado do Amazonas e na Amazônia?

DS – A Marinha do Brasil efetua ações de Patrulha e Inspeção Naval e promove Assistência Hospitalar às populações ribeirinhas da Bacia Amazônica, a fim de contribuir para a manutenção e consolidação da integridade territorial, manutenção da ordem, integração e desenvolvimento socioeconômico da região amazônica. Realiza Inspeção Naval e fiscalização do cumprimento de leis afetas à Segurança do Tráfego Aquaviário, salvaguarda da vida humana no mar, bem como prevenção contra qualquer atividade que possa contribuir para a poluição hídrica dos rios da região amazônica. Além de colaborar com outros órgãos governamentais na fiscalização da legislação em vigor (IBAMA, Polícia Federal, Receita Federal, etc).

JC – Como surgiu o projeto AvHoFlu?

DS – O Projeto Cartografia da Amazônia foi instituído no âmbito do GSI/PR (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), por intermédio da portaria nº 7, de 9 de junho de 2005, para elaborar proposta para o Levantamento Estratégico Integrado para a Amazônia, com o propósito de cobrir vazios cartográficos da região amazônica.O projeto é coordenado pelo CenSiPAm (Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia). Compõem-se de três subprojetos: Cartografia Terrestre, Cartografia Geológica e Cartografia Náutica, realizados em parceria com a MB (Marinha do Brasil), EB (Exército Brasileiro), FAB (Força Aérea Brasileira) e CPRM (Serviço Geológico do Brasil).
O Projeto Cartografia da Amazônia tem dimensão estratégica e sua realização permitirá o aprofundamento do conhecimento sobre a Amazônia brasileira, bem como o suporte a projetos de infraestrutura a serem implantados na região. Além do desenvolvimento regional, o projeto prevê a geração de informações estratégicas para monitoramento regional, segurança e defesa nacional, com especial ênfase às áreas de fronteira. O CEMA (Chefe do Estado-Maior da Armada) solicitou ao CM (Comandante da Marinha) autorização para o início do processo de obtenção de um NHoFlu (Navio Hidroceanográfico Fluvial) e de quatro AvHoFlu (Avisos Hidroceanográficos Fluviais), previstos a fim de operacionalizar o referido projeto.

JC – Qual o valor financeiro investido no projeto e quantos profissionais estão atuando (militares e civis)?

DS – Os AvHoFlu foram construídos na INACE (Indústria Naval do Ceará), sediada na cidade de Fortaleza. O valor do contrato é de aproximadamente R$ 27 milhões para os quatro AvHoFlu. Cada AvHoFlu possui uma tripulação de até 14 militares e sua construção gerou aproximadamente 200 empregos indiretos.

JC – Qual é a principal missão da Marinha do Brasil?

DS – A Missão precípua da Marinha do Brasil é: “Preparar e empregar o Poder Naval, a fim de contribuir para a Defesa da Pátria. Estar pronta para atuar na garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem; atuar em ações sob a égide de organismos internacionais e em apoio à política externa do país; e cumprir as atribuições subsidiárias previstas em Lei, com ênfase naquelas relacionadas à Autoridade Marítima, a fim de contribuir para a salvaguarda dos interesses nacionais”. E é justamente nessa última parte da missão da Instituição, que se pode contribuir muito com o desenvolvimento da Amazônia Ocidental, com as seguintes ações: Promover a segurança da navegação aquaviária, implementar e fiscalizar o cumprimento e de leis e regulamentos na águas interiores; além de executar a prevenção da poluição do mar, rios e lagoas.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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