11 de dezembro de 2024

Tiros de guerra: pilares do patriotismo e da comunidade

Os Tiros de Guerra (TG) são unidades do Exército Brasileiro encarregadas de formar cidadãos para compor a reserva mobilizável. Eles são instalados em cidades que não possuem quartéis convencionais, e são mantidos por meio de um convênio entre o Exército e a prefeitura local.  Os atiradores, como são chamados os jovens que prestam o serviço militar no TG, recebem instrução básica militar, incluindo treinamento em armamento e tiro, ordem unida, primeiros socorros, e atividades físicas. O curso tem duração de 6 meses, e é realizado nos períodos matutino e vespertino, com carga horária de 24 horas semanais.

Além da formação militar, os Tiros de Guerra também promovem atividades cívicas e de cidadania, como palestras, cursos e campanhas de conscientização. O objetivo é formar cidadãos conscientes dos seus deveres e direitos, e comprometidos com o desenvolvimento do país. Além disso, os TG permitem que jovens prestem o Serviço Militar em suas próprias cidades, possibilitando uma conciliação eficiente com os estudos e o trabalho.

Os TG representam um exemplo notável de cooperação entre o Exército Brasileiro e as Prefeituras Municipais. Enquanto as prefeituras fornecem as instalações, manutenção e funcionários de apoio, o Exército disponibiliza instrutores qualificados, uniformes para os atiradores (recrutas) e todos os materiais de natureza militar necessários. Atualmente, existem mais de 180 TG em todo o Brasil, o que possibilita a incorporação de cerca de 10.000 jovens no Exército Brasileiro a cada ano.

Os TG desempenham um papel multifacetado na sociedade brasileira. Eles atuam como Órgãos de Formação da Reserva (OFR), onde jovens de 19 anos prestam o Serviço Militar Inicial de forma voluntária e não remunerada em suas próprias cidades. O ano de instrução nos TG geralmente se estende de março a novembro, com atividades realizadas pela manhã, de segunda a sábado. Isso permite que os jovens conciliem a instrução militar com suas responsabilidades de estudo e trabalho.

Além de preparar reservistas da 2ª categoria (Combatentes Básicos), os TG têm uma série de outros objetivos importantes:

1. contribuir para a fixação do jovem em seu município de origem, reduzindo o êxodo rural;

2. servir como polos de difusão do civismo, cidadania e patriotismo;

3. preparar os jovens para enfrentar os desafios locais, estimulando seu envolvimento nas aspirações e realizações de suas comunidades;

4. formar futuros líderes comunitários;

5. capacitar cidadãos para melhorar a qualidade de vida de suas famílias e comunidades;

6. preparar um contingente apto a atuar em situações de desastres naturais ou provocados pelo homem;

7. treinar reservistas para desempenhar tarefas de defesa territorial, ação comunitária e defesa civil;

8. colaborar na formação de mão de obra em regiões com forte presença cultural extrativista; e

9. dispor de contingentes mobilizáveis em áreas estrategicamente importantes da Amazônia.

Na Amazônia Ocidental, é a 12ª Região Militar quem coordena o apoio logístico para 64 Organizações Militares na Amazônia Ocidental, que inclui os estados do Amazonas, Roraima, Acre e Rondônia. Além disso, supervisiona as atividades dos quatro Tiros de Guerra da Amazônia Ocidental, que são:

  • TG 12-001 em Colorado do Oeste-RO: conhecido como o “Pioneiro da Amazônia Ocidental”, desempenha um papel vital na comunidade local. Além de suas atividades de formação militar, o TG oferece apoio em campanhas de saúde, doações de sangue e eventos comunitários. Também colabora com o funcionamento do Hospital de Amor de Ji-Paraná-RO, que fornece exames importantes para a saúde das mulheres.
  • TG 12-002 em Manicoré-AM: apelidado de “Sentinela da Calha do Rio Madeira”, tem características únicas, incluindo a presença de oficiais do Quadro Auxiliar de Oficiais e profissionais de saúde, como médicos e dentistas. Além de apoiar os atiradores, esses profissionais prestam serviços valiosos à comunidade local, incluindo saúde bucal nas escolas e projetos de educação no trânsito. O TG também se destacou ao apoiar operações de busca aos irmãos Glauco e Gleison,  perdidos há 27 dias na Floresta Amazônica em uma situação crítica na Floresta Amazônica.
  • TG 12-008 em Vilhena-RO: conhecido como a “Sentinela do Portal da Amazônia”, está estrategicamente localizado na BR 364, desempenhando um papel essencial no apoio a comboios militares que transitam pela região. Além disso, o TG está profundamente integrado à comunidade local, auxiliando em atividades e eventos de diversas Secretarias Municipais e entidades civis. As instalações do TG também são usadas para eventos e cursos abertos à comunidade.
  • TG 12-014 em Carauari-AM: situado em uma área remota às margens do Rio Juruá, a 700 km de distância da capital amazonense, acessível apenas por meio fluvial ou aéreo. Além de sua função principal de formar a reserva mobilizável, o TG de Carauari destaca-se em diversas ações sociais, como o ensino de línguas estrangeiras (espanhol e inglês) para os atiradores, visando concursos públicos e o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). O TG também apoia o Projeto “Pelotão de Atiradores Mirins”, que oferece apoio a crianças de 8 a 12 anos, provendo uniformes, reforço escolar e valores cívicos.

Enfim, os Tiros de Guerra são muito mais do que centros de formação militar. Mais do que vetores de cidadania e civismo, eles são o cimento social que fortalece o orgulho de pertencimento à comunidade, promovendo o patriotismo e a coesão social. O Exército Brasileiro, por meio de seus TG, mantém a confiança e o apoio da sociedade brasileira, desempenhando papel crucial na formação de líderes cívicos e no desenvolvimento de comunidades em todo o país, em especial na Amazônia.

Você sabia…

…que a história dos TG remonta a 1902, quando Antônio Carlos Lopes fundou uma sociedade de tiro ao alvo com a finalidade de defesa territorial na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Esse evento marcou o início dos Tiros de Guerra no Brasil. Em 1910, o Brasil já contava com um contingente de 10.000 atiradores disponíveis para o Exército Brasileiro, e a partir de 1916, o movimento foi impulsionado pelo fervor patriótico de Olavo Bilac, que se tornou o Patrono do Serviço Militar Brasileiro.

CMA CMA

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