Diante dos diversos casos de desnutrição e outros problemas de saúde enfrentados pelos indígenas na região de Surucucu-RR, o Ministério da Defesa (MD), em fevereiro deste ano, desencadeou a Operação Yanomami, com o objetivo de enfrentar emergências em saúde pública na Terra Indígena Yanomami (TIY), cuja extensão de 9,6 milhões de hectares equivale ao território de Portugal. A TIY abrange parte dos estados do Amazonas e Roraima e se estende pela fronteira entre o Brasil e a Venezuela, no norte da Floresta Amazônica, abrigando cerca de 27.398 integrantes dos povos Yanomami e Ye’kwana, distribuídos em 331 aldeias.
Para reforçar ainda mais a presença na região, o MD, por meio da portaria GM-MD nº 3.095, de 02 de junho de 2023, acionou o Comando Militar da Amazônia (CMA), ampliando o escopo da Operação Yanomami, ao incluir a participação das Forças Armadas (FA) no combate a crimes transfronteiriços e ambientais, inaugurando a Operação Ágata Fronteira Norte.
Durante a Operação Yanomami, as FA prestaram diversos atendimentos de saúde e distribuíram cestas básicas para as comunidades indígenas, além de fornecer apoio logístico e de inteligência às agências estatais, como a Polícia Federal (PF), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). A Operação Ágata Fronteira Norte diversificou a ação das Forças Armadas, estabelecendo posições estratégicas de vigilância e bloqueio de tráfego fluvial e rodoviário dentro da TIY, em conjunto com as diversas agências de repressão a crimes ambientais presentes na Amazônia.
A sinergia e a interoperabilidade entre as FA estão sendo o principal fator de sucesso nas operações contra os crimes ambientais. A Força Aérea Brasileira (FAB) controla o espaço aéreo da região e conduz o apoio permanente de lançamentos de suprimentos aos indígenas. A Marinha do Brasil (MB) patrulha ininterruptamente os rios da região, enquanto o Exército Brasileiro realiza ações de controle rodoviário, além de patrulhas fluviais e terrestres. Como resultado, os crimes ambientais na região praticamente zeraram no estado de Roraima. As tropas permanecem desdobradas na região 24 horas por dia e, sempre que possível, estão acompanhadas por representantes das agências federais.
Em termos humanitários, a operação continua fornecendo apoio às agências responsáveis pela saúde e proteção indígena. A Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), a Casa de Saúde Indígena (CASAI) e a FUNAI recebem suporte das unidades destacadas no estado de Roraima, pertencentes ao Comando de Fronteira/7º Batalhão de Infantaria de Selva, como os Pelotões Especiais de Fronteira (PEF), em especial o 4º PEF (Surucucu) e o 5º PEF (Auaris), levando a presença do Estado aos brasileiros que vivem no interior da Floresta Amazônica.
A Operação Ágata Fronteira Norte é mais uma das operações conduzidas na região da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (1ª Bda Inf Sl), sediada em Boa Vista (RR). A Brigada Lobo D’Almada é também responsável pela Operação Controle, que apoia a Operação Acolhida no patrulhamento e controle do fluxo migratório na fronteira norte do estado de Roraima. A operação humanitária ainda tem como responsabilidade abrigar e interiorizar os venezuelanos que migram para o Brasil devido à crise política, econômica e social que enfrentam desde março de 2018.
O Exército atua na Operação Ágata Fronteira Norte com sua força e apoio inabaláveis. As ações repressivas estão coibindo a presença de atividades ilícitas na TIY, enquanto as ações humanitárias estão apoiando a comunidade Yanomami.
Você sabia…
…que entre 21 de maio a 8 de junho de 2023, o Exército Brasileiro registrou a maior atividade de lançamento aéreo de suprimentos em toda a história? Os lançamentos foram realizados pelo Batalhão de Dobragem Manutenção de Paraquedas e Suprimento pelo Ar (Btl DOMPSA), representando a Brigada de Infantaria Paraquedista (Bda Inf Pqdt). A Força Terrestre alcançou números históricos ao lançar mais de 300 toneladas de carga, na região do 4º PEF.
Para alcançar esse feito, o Btl DOMPSA tem destacado periodicamente uma equipe chefiada por um oficial especialista. As cargas são preparadas na Base Aérea de Boa Vista por uma equipe composta por fiscais de preparação de cargas e montadores. Essas cargas são montadas segundo o método CDS (Container Delivery System, ou Sistema de Entrega em Contêiner), que incluem equipamentos e paraquedas. Cada contêiner pesa cerca de 560 kg e é projetado para ser lançado das aeronaves C-105 Amazonas ou KC-390 da FAB.