O governo federal trabalha para ser autossuficiente na produção de insumos para a rede de saúde pública. Medidas nessa direção já começam a ser elaboradas, gerando novas oportunidades para um abastecimento mais efetivo de hospitais mantidos por Estados e municípios, subsidiados pela União, na aquisição de equipamentos, remédios, entre outros itens e matérias-primas.
Ontem, o Ministério da Saúde anunciou a reestruturação do Geceis (Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde), que tem como objetivo estimular o sistema produtivo de bens e serviços ligados à saúde, como medicamentos, vacinas e equipamentos hospitalares. A meta do governo federal, segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, é produzir 70% das necessidades do SUS (Sistema Único de Saúde) do País em até dez anos.
“Nossa meta é atingir 70% de produção nacional dos insumos necessários para nossa saúde. Para isso precisaremos da inovação, além de reforçar o campo da regulação. Isso se fará numa visão voltada não só para o País, mas para nosso papel na região e na cooperação para uma saúde global efetiva”, declarou.
Segundo a ministra, a perspectiva é que em 30 dias cada um dos participantes do grupo executivo identifique e apresente propostas de estímulo ao setor. “Seja através de editais ou normativos que facilitem, por exemplo, as encomendas tecnológicas e outras medidas que possam favorecer a produção, a inovação e a reindustrialização no campo da saúde.”
O anúncio foi feito em cerimônia que contou com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, além da ministra Nísia Trindade. Na avaliação do governo, a dependência do Brasil para a aquisição de insumos torna o sistema de saúde público vulnerável ao mercado externo, suscetível às oscilações da economia mundial.
O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o momento é propício para uma reindustrialização, mas destacou que antes é necessário identificar as causas da desindustrialização. Citando o embaixador Rubens Ricupero, disse que apesar da pandemia, a globalização continua a pleno vapor, mas há um princípio novo: o da precaução. “Não posso depender tudo lá de fora. Não posso depender do fertilizante do Canadá ou Noruega; de moléculas da Índia; de equipamentos da China”, exemplificou Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.. Nesse contexto, reforçou a importância das universidades federais, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Butantan.
Simultaneamente ao evento, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou o decreto de criação do Geceis. Criado em 2008, durante o segundo mandato do presidente Lula, o colegiado foi extinto durante a gestão de Jair Bolsonaro. O complexo econômico reúne os setores industriais de base química e biotecnológica (fármacos, medicamentos, imunobiológicos, vacinas, hemoderivados e reagentes) e de base mecânica, eletrônica e de materiais (equipamentos mecânicos, eletrônicos, próteses, órteses e materiais).
Nota abre Perfil
Bolada generosa
Os deputados estaduais do Amazonas vão receber quase R$ 50 mil pelas verbas de gabinete, correspondentes a um aumento de 13%. São exatos R$ 49.849,85 (antes de R$ 44.114,74 mensais). O popular Cotão vale para a nova legislatura, uma bolada generosa que contempla os parlamentares da Assembleia Legislativa. O Brasil é o país dos paradoxos. Hoje, a população de menor poder aquisitivo usa de muita criatividade para sobreviver com um orçamento apertado por conta da disparada na inflação, diminuindo o poder de compra do consumidor. Enquanto outros setores da sociedade organizada não têm problema com dinheiro. Ao contrário, eles sobram.
Aliás, ser político no Brasil é um grande negócio. E muitos fizeram do cargo uma profissão, sobrevivendo às custas do erário público, sem praticamente dar a contrapartida aos eleitores que lhes confiaram o seu voto. Claro, não vamos generalizar. Ainda temos dignos representantes que fazem de sua militância um sacerdócio. Mas conta-se nos dedos os que, realmente, internalizam esses reais objetivos, pensando sempre nos anseios do povo. Coisas da política brasileira.
Reajuste
Ano passado, a Assembleia Legislativa aprovou um reajuste de 35% do Cotão, que chegou a ficar suspenso pela Justiça do Amazonas, mas passou a valer em 2022, quando os deputados passaram a receber mais de R$ 44 mil para custear suas atividades. Este ano, a Casa seguiu a Câmara dos Deputados, que reajustou em aproximadamente 13% a tabela dos valores pagos aos deputados federais, chegando aos atuais quase R$ 50 mil como ajuda na atuação parlamentar.
Potássio
O governo Lula se volta para as potencialidades do potássio no Amazonas. Em Brasília, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) recebeu o prefeito de Autazes, Andreson Cavalcante, ocasião em que sinalizou a possibilidade de extração sustentável das jazidas do minério no município amazonenses, hoje uma das maiores do mundo, segundo geólogos que estudam o potencial mineral no Estado. Consolidada a exploração, o Brasil tem grandes chances de ser autossuficiente em fertilizantes.
Subterfúgios
Foi bem-sucedida a ação dos vereadores em aprovar uma lei que proibiu a instalação dos medidores aéreos, apesar da decisão favorável do STF autorizando a Amazonas Energia a dar continuidade à operacionalização do novo sistema. A prefeitura ratificou a medida dos parlamentares da Câmara, mas uma nova contraofensiva está sendo elaborada pela concessionária. O legislativo alegou que o emaranhado de fios dá um visual negativo à cidade. Porém, permite outros intrincados na fiação elétrica.
Estranhamento
E vêm mais tretas. A Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica anunciou que estranha o fato de a proibição alcançar apenas a distribuidora do setor. Segundo a entidade, a legislação brasileira “proíbe discriminação ou revanchismos de qualquer natureza”, ou seja, a lei deveria valer para todos que utilizam o espaço, como telecomunicações, TV, telefonia e internet. “A lei tem que tratar a sociedade de forma isonômica”, argumenta a notificação. Com certeza, essa pendenga ainda vai longe.
Mira
O governo Lula está na mira dos jogos eletrônicos de apostas online. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a taxação dessas atividades pode gerar uma arrecadação de até R$ 15 bilhões. O anúncio já causou uma reação em cadeia de grandes investidores, que amealham lucro fácil. Hoje, são milhões de apostadores que mantêm a vã esperança de vencer as partidas. Tal como as loterias da Caixa Econômica, quem mais ganha é o governo federal. Negócio bom para poucos.
Enchente
Óbvio, as intensas chuvas desta época não serão suficientes para o Amazonas registrar grandes enchentes, como aconteceu nos dois últimos anos. No entanto, cidades ribeirinhas já enfrentam dificuldades com a subida das águas, impactando na produção rural, gerando prejuízos a agricultores familiares, principalmente. O governo do Estado montou uma equipe reunindo várias secretárias para auxiliar as populações mais vulneráveis às cheias, tanto m Manaus como no interior. É um fenômeno recorrente.
Grilagem
O crime se adapta à modernização. A grilagem de terras avança agora de forma digital na Amazônia. Criado a pretexto de centralizar informações sobre a vegetação nativa, o Cadastro Ambiental Rural permitiu um “vale tudo” na internet e virou uma ferramenta para tomada de florestas e invasão de territórios indígenas e da União. Nos últimos dez anos, entretanto, o CAR, que é autodeclaratório, se transformou numa máquina rápida de produzir documentos oficiais que ligam grileiros a uma propriedade.
Preocupante
O crime prolifera em Manaus, onde quase ninguém está protegido, tanto na área central como na periferia da cidade. E não é à toa a capital do Amazonas constar no ranking mundial como uma das regiões mais violentas do mundo, segundo um estudo desenvolvido por pesquisadores de uma universidade mexicana. Os bandidos estão à solta e esperam o melhor momento para atacar. Diariamente, são encontrados corpos desovados com os piores requintes de crueldade. Somos sempre reféns do crime.
FRASES
“Nunca vi tanto interesse do governo federal pelo potássio do Amazonas”.
Andresson Cavalcante, prefeito de Autazes, sobre ricas jazidas na região.
“ZFM enfrenta guerra de comunicação”.
Saullo Vianna (UB), deputado, sobre impressão da população brasileira em relação ao modelo.