Eles não pensam no consumidor. Em geral, só priorizam amealhar mais lucros, causando uma reação em cadeia no mercado. O segmento de revenda de combustíveis dribla determinações do governo federal, cobrando além do que deve pelo valor da gasolina, do etanol e do diesel.
Os cartéis estão sempre vigilantes para surrupiar, lesando a população. O governo deu cinco dias para empresas do setor justificarem o reajuste indevido dos combustíveis que impactaram negativamente no bolso dos brasileiros. O ultimato passou a contar desde essa quinta-feira (02).
Um dia antes da reoneração de preços anunciada pela nova equipe econômica, sob os comandos do atual ministro Fernando Haddad, empresários já cobravam a mais pelos combustíveis em Manaus.
Redes das bandeiras Atem e Shell se anteciparam às medidas, segundo consumidores, cobrando a mais pela revenda. A Petrobras reduziu o preço para distribuidoras, tanto da gasolina, álcool e diesel, o que não resultaria em reajustes para o consumidor final, segundo o Planalto.
Em Manaus e, provavelmente, no resto do País, os protestos são visíveis, em especial na classe dos condutores de aplicativos, que a duras penas tentam angariar algum rendimento para continuar sobrevivendo. Os impactos são como pedras de dominó, causando um rolo compressor em todos os setores.
Aumentam os combustíveis, tudo fica mais dispendioso. Os alimentos estão cada vez mais caros. Ir aos supermercados e a outros estabelecimentos do varejo de gêneros alimentícios se tornou um tormento para grande parte da população brasileira.
Durante as compras, a reclamação é geral. Empreendedores do ramo de bufês, restaurantes, mercadinhos, entre outros que atendem populações de menor poder aquisitivo, já sentem impactos nos negócios. Os clientes, antes mais presentes, estão mais escassos. Quando muito, levam apenas o básico para abastecer a casa.
O governo Lula critica a política adotada pela Petrobras. E argumenta que não há razão para acompanhar a cotação do barril do petróleo no mercado internacional, algo que causa uma escalada nos preços dos combustíveis no Brasil.
A Petrobras registrou um lucro de quase R$ 100 bilhões recentemente. Os combustíveis fósseis continuam rendendo bilhões de reais e dólares, massacrando as economias mais vulneráveis.
Aliás, o mercado é orientado pelas oscilações nos preços da gasolina, do álcool e do diesel. Um eventual aumento tem reflexo imediato em todos os atores das atividades econômicas, ao contrário do registrado em outras décadas. É uma máquina de fazer dinheiro em operação constante, impactante, beneficiando a poucos.
Não basta só a Petrobras diminuir preços para as redes distribuidoras. O governo precisa, realmente, fiscalizar quem obedece regras e punir severamente os transgressores das medidas.
Mas moramos em um país chamado Brasil. Onde tudo é permitido. Enquanto formos condescendentes com o crime, jamais as instituições terão o respeito que merecem.
Nota abre Perfil
Medidores rendem mais tretas
Mais um capítulo na novela envolvendo os medidores elétricos. A população de pelo menos seis bairros de Manaus fará, nesta sexta-feira (03), protestos contra a instalação dos aparelhos na cidade, apesar de o Supremo Tribunal Federal ter sido favorável à ação da Amazonas Energia, abrindo caminho para dar continuidade à operacionalização do novo sistema. As pendengas resultaram em vários embates na Justiça. E, mesmo assim, os ministros do STF deram ganho de causa à empresa.
A maior reclamação dos usuários é de que o preço das tarifas aumentou de forma absurda desde o início da nova forma de medição do consumo. Outro problema é que os dispositivos são fixados no alto dos postes, impossibilitando conferir o consumo mensal. Milhares de famílias dizem estar com o orçamento sufocado. A questiúncula ainda vai render muitas tretas. E com o risco iminente de uma tragédia. Vale alertar.
Reação
Já existe outro movimento na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal para barrar a instalação dos medidores elétricos em Manaus. Na semana passada, o deputado estadual Sinésio Campos (PT) propôs a formação de uma frente parlamentar para derrubar a decisão do STF. Ele argumenta que o Estado tem atribuição para deliberar sobre o assunto, o que é questionado pelos ministros da mais alta Corte de Justiça do País. Na CMM, tramita um projeto de lei pedindo obstar o novo sistema.
Prejuízos
Segundo a Amazonas Energia, os novos medidores são cruciais para combater as ligações clandestinas, que geram um prejuízo de aproximadamente R$ 1 bilhão por mês, comprometendo a evolução do sistema e ainda causando constantes panes nos serviços. A CPI instalada na Assembleia Legislativa apresentou um relatório apontando muitas irregularidades por parte da companhia, inclusive cobrança de tarifas abusivas, sem ainda cumprir regularmente as regras de concessão, como exige o governo.
Infraestrutura
Existem hoje aproximadamente 95 mil novos medidores elétricos já em operação em Manaus, segundo a Amazonas Energia. E, até 2030, a meta é chegar a um número de 500 mil aparelhos. Os serviços para montar a nova infraestrutura motivam reações violentas em bairros. Moradores têm bloqueado ruas na tentativa de impedir a instalação dos equipamentos. O clima é muito tenso, ameaçando até acabar em morte. Recentemente, um funcionário da empresa agrediu fisicamente uma moradora.
ZFM
O senador Omar Aziz (PSD-AM) anunciou uma nova ação em defesa da Zona Franca de Manaus. Ele está reunindo toda a bancada amazonense para definir novas estratégias na contraofensiva à reforma tributária. Os oitos deputados federais e os três senadores reúnem esforços para a preservação dos benefícios fiscais que alimentam a cadeia produtiva industrial do Amazonas. Porém, representantes de outros Estados continuam protestando contra o tratamento diferenciado proporcionado ao modelo.
Superintendente
A bancada amazonense fechou questão em torno do nome do ex-deputado federal Bosco Saraiva para comandar a Suframa, que ora está sendo administrada por um superintendente interino. Políticos do arco de alianças do senador Omar Aziz argumentam que Saraiva é o que mais tem afinidade com as propostas econômicas do governo Lula. E ainda possui articulação para fazer valer medidas em defesa da Zona Franca, principalmente agora em que tramita a reforma tributária no Congresso.
Sessão
Tantos os deputados estaduais e federais, e ainda vereadores, estão propondo que os membros da reforma tributária venham a Manaus para ver de perto as peculiaridades da ZFM, que gera empregos, renda e mantém a floresta em pé. O problema é que muita gente critica o modelo sem conhecer a realidade de uma região continental, extremante distante do resto do País. Não se deve tratar o Estado com os mesmos olhos do Sul e Sudeste. O então governador Gilberto Mestrinho já alertava para isso.
Operação
A PF realiza operação contra fraudes durante a pandemia no Amazonas. Esquema em Eirunepé (AM) teria desviado pelo menos R$ 10 milhões para suposta compra de máscaras e outros itens de prevenção à Covid-19. Investigações apontam que recursos federais foram manipulados indevidamente. Agentes federais cumpriram vários mandados de busca e apreensão. O resultado das ações deve ser divulgado ainda nesta sexta-feira, inclusive com prisão de suspeitos de participar das irregularidades.
Instabilidade
Ninguém está mais seguro em Manaus. A polícia aumentou o efetivo no centro da cidade para combater assaltos que proliferam na área. A onda de violência deixa a população em pânico. A ação de facções em guerra por territórios espalha também o terror. Estudo divulgado recentemente aponta que a capital do Amazonas ocupa o 21º lugar no ranking das cidades mais violentas do mundo. A pesquisa foi feita por especialistas mexicanos que investigam o setor de segurança. Triste constatação.
FRASES
“Não sou negacionista. Vou votar todas as matérias boas para o Brasil”
Silas Câmara (Republicanos-AM), deputado federal, sobre ações do novo governo.
“Basta andar e verificar a diferença de preços”.
Flávio Dino, ministro da Justiça, criticando reajuste indevido nos combustíveis.