Eles estão de volta, desta vez mais aguerridos ainda. É a bola da vez dos bumbás Caprichoso e Garantido, incrustados com toda a alegria das toadas, muitas cores de suas alegorias, fantasias, enfim, do mais belo que a arte cabocla pode proporcionar aos seus aficionados.
Depois de tantos impasses envolvendo questionamento sobre subsídios governamentais para a festa, o evento está preparado para atingir o seu ápice. Durante três dias, as agremiações prometem repetir as magias de cores, repertório, regado a belas ninfetas caracterizadas com indumentárias da floresta, na nova edição do Festival Folclórico de Parintins. Para lá, convergem turistas brasileiros e do exterior.
Uma invasão de dólares, euros e até dos minguados reais, que não se comparam ao potencial de seus similares em termos de valorização de moedas. Claro, aqui o objetivo não é desprezar a nossa moeda, mas sim ressaltar o quanto o festival pode corroborar para a economia de um município encravado no meio da floresta amazônica.
É de tanta magnitude que causa uma reação em cadeia, corroborando para movimentar os mais diversos negócios, motivados por um know-how artístico que faz fama na comunidade internacional.
Quem assiste ao festival, fica saudoso de voltar. Isso está muito mais do que transparente entre os visitantes, que a cada ano invadem a terra dos espetáculos. É como diz o velho bordão de nós caboclos, amazonenses que somos, tão acostumados a comer jacuba, chibé – quem come jaraqui, não sai mais daqui.
O amazonense é extremamente criativo. Por aqui, moureja a arte produzida à base dos insumos regionais, que alcançam o ponto alto das apresentações no bumbódromo. Herança de nossos ancestrais. Tão belos espetáculos reverberam em todo o mundo.
Pena que o turismo ainda engatinha em termos de projetos para alavancar o desenvolvimento regional, focado na rica biodiversidade amazônica, com suas culturas peculiares e esplendorosas, oferecendo toda a sua inigualável gastronomia.
Preparado por mãos prodigiosas, o saboroso tambaqui encanta o turista, sem falar no tucunaré, matrinxã e pirarucu. Delícias que o mundo quer vir para provar. E quem visita Parintins, nesta época, tem a oportunidade de degustar vários pratos, preparados com temperos que não se comparam a culinárias de outras regiões.
Somos diferenciados. Reunimos tecnologia de ponta, a vasta floresta tropical não tem similar no mundo. As nossas riquezas são capazes de sustentar toda a economia mundial. Daí advém tanta preocupação das nações mais ricas em preservar esse gigantesco bioma, que ainda suscita muitas investigações na superfície e no seu solo que esconde grandes potencialidades minerais.
Os mais ricos lutam pela preservação da floresta, mas não por serem bonzinhos. Incentivam a intocabilidade da Região Amazônica por uma estratégia para um futuro com mais prosperidade. Precisamos barganhar para proteger esse rico ambiente, gerando empregos, renda, explorando projetos autossustentáveis. Será um novo dia.
Nota abre Perfil
AM mostra protagonismo
Ainda na corda bamba por conta da reforma tributária, o Amazonas tem bom álibi para mostrar a importância da preservação da ZFM. Gera pelo menos 300 mil empregos diretos e indiretos a partir de seu parque industrial, onde a tecnologia de ponta avança diariamente, reunindo mão de obra tão qualificada quanto a de países de primeiro mundo. Divulgados ontem, os dados do censo do IBGE sinalizam o quanto a capital do Estado agrega hoje em densidade populacional – é a sétima mais populosa do País, superando inclusive outros da Região Norte.
Ninguém migra para localidades onde não existe praticamente boas expectativas de vida. Por aqui, convergem investimentos bilionários, principalmente em parafernálias eletroeletrônicas, exportadas para o mercado nacional e para o exterior. Os últimos números da Suframa, relativos ao primeiro quadrimestre deste ano, apontam um crescimento de 3,8% no faturamento da Zona Franca, totalizando R$ 55,74 bilhões. Existe melhor justificativa para a manutenção do modelo de desenvolvimento mais bem-sucedido do Brasil? Porém, forças tenebrosas tramam no Congresso contra uma cadeia produtiva extremamente importante para manter a floresta em pé.
Avanços
Hoje, vivemos outra realidade. O IBGE aponta que o Brasil chegou a 203,1 milhões de habitantes e o Amazonas a 3.941.175 milhões, um crescimento de 457.190 em relação ao último Censo, realizado em 2010. Manaus atingiu 2.066.547 de pessoas, concentrando 56% da população do Estado. Segundo o Censo 2022, a cidade foi a capital que mais cresceu no período, com 14,51%. As mais de 500 fábricas que operam na região motivam interesses dos que buscam melhores oportunidades de negócios.
Repasses
O deputado estadual Roberto Cidade (UB), presidente da Assembleia, chamou a atenção para um dado importante sobre os impactos do Censo 2022. Na sessão plenária de ontem, ele alertou que é preciso manter a vigilância quanto a possíveis perdas de receita e também sobre a necessidade de se traçar um olhar macro em relação ao desenvolvimento dos municípios. “Manaus foi a cidade que mais cresceu. Fiquei feliz e assustado. Vamos nos debruçar para ver se podemos ser prejudicados”, disse.
Bolada
A prefeitura de Manaus terá um orçamento de R$ 8,7 bilhões para 2024. A bolada foi aprovada, ontem, pela Câmara Municipal. A aprovação do projeto da LDO em votação extraordinária foi por unanimidade. Segundo dados divulgados pela Semef, o montante é 11,79% superior ao valor deste ano, de R$ 7,8 bilhões. Os vereadores aprovaram também as emendas parlamentares que vão orientar a aplicação do dinheiro do orçamento. Itens especificados terão recursos prioritários, disse a CMM.
Negacionismo
O Brasil convive ainda com situações de negacionismo em relação às vacinas contra a Covid-19. Ontem, o deputado estadual Wilker Barreto (Cidadania), voz isolada da oposição na Assembleia Legislativa, foi submetido a uma saraivada de críticas por parte de seus pares ao afirmar, em alto e bom som, que não irá mais tomar os imunizantes e nem seus familiares também. Exibiu o mesmo argumento de negacionistas que questionam a segurança das doses, tumultuando o plenário.
Negacionismo 2
O massacre foi bombástico no plenário da Assembleia. Enquanto o deputado Roberto Cidade alertava sobre a necessidade de incentivar a continuidade da vacinação contra a Covid-19, Wilker interveio nas declarações do colega, dizendo que tomou apenas duas doses das vacinas, mas jamais cumprirá o esquema de imunização contra o coronavírus por “episódios familiares de trombose”, que ele relaciona à vacina Astrazeneca. Cidade replicou. “Cada ser humano reage de uma forma”. Pertinente.
Agressão
Cresce o número de agressões contra entregadores no Brasil. Ontem, o vereador Sassá da Construção (PT) manifestou solidariedade a um trabalhador que foi agredido em Manaus. Ele pediu que a Delegacia Regional do Trabalho e Emprego do Amazonas reforce as fiscalizações para combater a prática. Diariamente, a mídia nacional veicula com destaque matérias envolvendo episódios violentos contra a categoria. Recentemente, uma esportista famosa foi condenada por esbofetear um entregador.
Ultimato
Mais pressão contra dinastia de ex-prefeito de Coari. A corregedora regional eleitoral, desembargadora Carla Maria dos Reis, deu dez dias de prazo para a empresa aérea R C J Serviços de Fretamento apresentar todos os dados referentes a viagens feitas por uma de suas aeronaves durante a campanha eleitoral do ano passado. A decisão ocorre em um processo que pede a cassação do mandato do deputado federal Adail Filho (Republicanos) por suposta prática de abuso de poder econômico e político, movido pelo União, partido do governador Wilson Lima.
Estratégia
Aliados trabalham nos bastidores ações para livrar Bolsonaro de possível inelegibilidade. O STF ainda submete a julgamento acusações sobre questionamentos à lisura das urnas eletrônicas, além de supostos incentivos aos atos violentos que culminaram com a depredação de prédios públicos em Brasília, no fatídico 8 de janeiro. Apontado como o maior aliado do ex-presidente no TSE, Kassio Nunes Marques estaria disposto a tentar estratégia para amenizar o tombo do ex-presidente.
FRASES
“Sou a favor de tomar a vacina”.
Roberto Cidade (UB), deputado, criticando negacionismo do colega Wilker Barreto (Cidadania).
“É fundamental que seja celebrado um acordo”.
Marcelo Rebelo de Souza, presidente de Portugal, sobre aproximação com Mercosul.