9 de dezembro de 2024

Lideranças mundiais destacam potencial da agricultura brasileira

O estande do do Brasil na 27ª COP (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), recebeu ontem, Rattan Lal, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2007. Professor Universitário de Ciência do Solo e diretor do Centro de Gerenciamento e Sequestro de Baixo Carbono da Universidade Estadual de Ohio, o especialista indiano foi também vencedor do Prêmio Mundial da Alimentação, em 2020.

Segundo Lal, o exemplo da agricultura brasileira é uma história de sucesso. “Posso dizer que o processo de conservação na agricultura brasileira foi feito de uma maneira muito apropriada”, disse o indiano, durante painel com o tema Segurança Alimentar e Paz.

Rattan Lal falou sobre a primeira visita que fez ao Brasil, em 1975, e disse que, desde então, tem mantido relação próxima como país. “Testemunhei um milagre acontecendo no Brasil devido à excelência na ciência, à transformação da ciência em realidade e às boas políticas.”

“A ciência brasileira e suas informações são muito boas. Tenho muito orgulho, porque muitos dos meus estudantes são brasileiros”, acrescentou.

Durante a apresentação, o Nobel da Paz falou sobre técnicas e cuidados com o manejo sustentável do solo, fertilizantes, e sobre uso racional da água. Ele lembrou que 70% de toda a água utilizada pela população mundial tem como destino a agricultura.

Para Rattan Lal, o principal desafio global é o de garantir a segurança alimentar, a ser obtida por meio de uma produção que resulte em mais alimentos, fazendo uso de menores porções de terra, água e fertilizantes.

Na avaliação do especialista, o Brasil ocupa lugar de destaque na produção de alimentos, com alto nível científico nas questões de uso do solo e conhecimento aplicado à agricultura. A expectativa, segundo ele, é compartilhar esse conhecimento com a África.

“A revolução verde ainda não aconteceu lá e as colheitas são muito baixas. Se conseguirmos essa cooperação entre Brasil e os países da África Subsaariana, isso iria trazer uma revolução para a agricultura africana. Eles têm recursos naturais no que diz respeito à terra, água, chuva, clima e ecossistema. É só uma questão de vontade política para traduzir ciência em ação. Eu acho que o Brasil pode ajudar com essas políticas na África”, disse.

A terça-feira, no estande do Brasil na COP 27, teve ainda painéis sobre pecuária, segurança alimentar e segurança climática; ciência, tecnologia e inovação para sustentabilidade; mercado de carbono e ativos ambientais e políticas públicas para a promoção e adaptação nos trópicos.

Além disso, o Brasil tem promovido diversos painéis em que são discutidos temas relevantes da pauta do país para a COP 27, como a geração de energia limpa, o mercado de carbono e a força da agricultura sustentável no país, entre outros.

Nota abre Perfil

Agregando mais valor à floresta

Nove governadores da Amazônia assumiram o compromisso em defesa da rica biodiversidade da região. Ontem, eles definiram uma agenda comum durante a COP-27, conferência das Nações Unidas sobre o clima que está sendo realizado no Egito com a presença de pelo menos 45 chefes de Estado. Liderado pelo governador do Pará, Helder Barbalho, o grupo entregou uma carta ao presidente eleito Lula se comprometendo a desenvolver projetos sustentáveis, agregando mais valor aos insumos da floresta.

Diante de centenas de lideranças mundiais presentes no evento, os gestores estaduais ressaltaram querer somar forças para mostrar à comunidade internacional que o Brasil tem responsabilidade ambiental e com a pauta climática. Hoje, o mundo se volta para a Região Amazônica, demonstrando interesses na exploração de projetos sustentáveis que possam gerar mais empregos e renda.  São grandes potencialidades regionais.

Conferência

Ontem, o presidente eleito Lula pediu aos países ricos que reforcem ainda mais as medidas para defender a Amazônia.  E propôs que uma das conferências do clima, provavelmente em 2030, seja realizada na região. Manaus (AM) ou Belém (PA) estão cotadas para sediar o evento em 2030. Segundo Lula, só um esforço conjunto mundial poderá combater atividades ilegais que depredam a rica biodiversidade, tirando o sustento dos povos tradicionais. Ele prometeu reforçar ações contra irregularidades.

Passando

A imprensa tem especulado muita coisa sobre o sumiço de Bolsonaro desde o desfecho das eleições no segundo turno. Agora, fala-se que o presidente está abatido. E que passou a bola da agenda do Planalto para o vice Hamilton Mourão, que se elegeu nas últimas eleições. Segundo ele, o chefe do Executivo nacional trata uma ferida na perna. E, por isso, teve que adiar compromissos. E aumentaram mais ainda as especulações sobre o seu abatimento pela ausência na COP-27, em realização no Egito.

Cotados

São muitas especulações sobre a possibilidade de políticos do Amazonas fazerem parte do governo Lula. Os deputados federais Marcelo Ramos (PSD-AM) e Bosco Saraiva (Solidariedade) estão cotados para a superintendência da Suframa, algo que não agrada à maioria do empresariado local, segundo fontes consultadas. O viés esquerdista dos dois parlamentares não tem boa receptividade no meio empresarial. As expectativas é que a escolha recaia sobre um nome com formação técnica.

Cotados 2

Outros nomes muito conhecidos no cenário político local também estão cotados para um cargo no governo Lula, que assume em janeiro de 2023. Eron Bezerra, Vanessa Grazziotin, que perdeu as últimas eleições, e João Pedro também estariam no páreo. Porém, são apenas especulações. Mas é certo que o senador Eduardo Braga (MDB-AM), afilhado do presidente eleito na disputa ao governo do Amazonas, e Omar Aziz (PSD-AM) deverão ocupar um lugar de destaque na próxima equipe governamental.

Gás

O gás natural extraído do Complexo do Azulão, no município de Silves (distante 204 quilômetros de Manaus), traz ainda mais receita para o Amazonas, segundo ressaltou ontem o governador Wilson Lima (UB). Ele disse que o avanço das atividades possibilita mais geração de empregos e renda. Lima esteve com a direção da empresa responsável pela exploração do mineral, a Eneva. Em quatro anos, devem ser gerados pelo menos mais 2.500 postos de trabalho. Os investimentos chegam a R$ 5,8 bilhões.

Iluminação

O avanço tecnológico chegou ao povo indígena de Belém do Solimões, em Tabatinga, município que faz parte da tríplice fronteira junto com Benjamin Constant (Brasil), Petrópolis e Islândia (Peru) e Letícia (Colômbia). Lá, a etnia recebeu iluminação de LED, que foi implantada em 340 pontos da comunidade. O projeto foi viabilizado pelo programa Ilumina+ Amazonas, executado pela UGPE (Unidade Gestora de Projetos Especiais). O governo do Estado estenderá os benefícios para outas regiões.

Acampados

Até a tarde de ontem, agentes policiais tentavam convencer que manifestantes desocupassem as adjacências do quartel do CMA, na Ponta Negra, zona centro-oeste de Manaus, cumprindo determinação judicial. O local foi ocupado há vários dias em protesto ao resultado das urnas eletrônicas. São apoiadores de Bolsonaro que não aceitam a derrota do presidente na corrida eleitoral pela Presidência da República. E pedem uma intervenção militar. As manifestações ainda repercutem no País.

Morte

O Brasil foi sacudido, ontem, pela morte de mais uma celebridade. Morreu, aos 62 anos, Isabel Salgado, que fez fama no vôlei brasileiro. Nos últimos dias, a ex-atleta recebeu avalanche de notícias positivas. No domingo, como mãe, ela festejou que os filhos Pedro e Carol voltaram a dividir um pódio de etapa importante do Circuito Mundial de Vôlei de Praia. E, na segunda, como profissional respeitada, teve seu nome anunciado no grupo de esporte na equipe de transição do governo Lula.

FRASES

“Estou muito feliz pelo avanço das atividades”.

Wilson Lima (UB), governador, sobre a exploração do gás natural em Silves.

“Precisamos uma ação global contra a fome”.

Lula (PT), presidente eleito, durante discurso na COP-27, no Egito.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.

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