“A instalação de uma indústria de semicondutores em Manaus representaria uma oportunidade inovadora e única para a Amazônia receber de volta a compensação justa e inteligente de seus serviços ambientais para a humanidade.”
Por RILDO SILVA – presidente do SINAEES e membro da Comissão ESG do CIEAM
A recuperação e expansão da indústria de semicondutores na Amazônia, especialmente em Manaus, podem ser comparadas ao sucesso da Malásia. Este país asiático, historicamente conhecido por abrigar a produção de borracha da Amazônia, conseguiu transformar suas atividades de montagem e testagem em uma robusta indústria de design e fabricação de semicondutores, atraindo bilhões em investimentos estrangeiros. Manaus, com sua infraestrutura industrial e experiência como Zona Franca, está bem posicionada para seguir um caminho similar, emergindo como um polo tecnológico de referência na América do Sul.
Inovação, Bioeconomia e Nanotecnologia
A integração da bioeconomia com a nanotecnologia, como é feito na Embrapa Instrumentação de São Carlos-SP, abre possibilidades únicas para a Amazônia. A criação de semicondutores utilizando materiais e processos sustentáveis pode colocar Manaus na vanguarda da inovação tecnológica global. Esta abordagem não só contribuiria para a diversificação econômica da região, mas também para a preservação ambiental, alinhando-se aos princípios do desenvolvimento que mantém a floresta em pé.
Diversificação e Especialização Industrial
A trajetória da Malásia na indústria de semicondutores oferece lições valiosas. Inicialmente focada em atividades de menor valor agregado, a Malásia evoluiu para uma potência tecnológica, atraindo investimentos de empresas globais. Este modelo pode ser replicado em Manaus para atender demandas europeias e no continente americano. Técnicos do polo industrial relatam experiências com grandes fabricantes de eletrônicos como Nokia, LG e Samsung, atestando a capacidade técnica e inovadora da região.
Políticas Públicas e Incentivos
A aprovação do Plano Brasil de Semicondutores (Brasil Semicon) é um passo decisivo e promissor. Com incentivos fiscais estendidos a toda a cadeia produtiva e desburocratização dos processos, o Brasil está se posicionando para atrair investimentos significativos no setor. Este plano, alinhado às diretrizes da nova política industrial do governo, tem o potencial de transformar a Zona Franca de Manaus em um hub tecnológico de semicondutores, fortalecendo a economia local e nacional.
Formação e Qualificação
A sustentação e expansão da indústria de semicondutores na Amazônia exigem uma mão de obra altamente qualificada. Investimentos em educação e treinamento são essenciais para desenvolver profissionais capazes de operar e inovar neste setor de alta tecnologia. Instituições acadêmicas e de pesquisa, como o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), terão um papel fundamental neste processo, criando uma sinergia entre conhecimento e prática industrial.
Sustentabilidade e Inovação
A proposta de Manaus se tornar um centro de semicondutores sustentável é ambiciosa e é viável. É imperativo integrar este projeto com a bioeconomia local, utilizando recursos naturais de forma criativa e inovadora, atraindo parceiros dos países desenvolvidos. Esta abordagem atenderia às demandas globais por tecnologias mais sustentáveis, além de promover a conservação da floresta.
Integração, Tecnologia e Diplomacia
A Amazônia abre suas fronteiras do melhor jeito, na contramão da biopirataria disfarçada que corre solta. É uma escolha de Nação para as Nações interessadas em relações construtivas e pacíficas. Diríamos ao mundo que na Amazônia a proteção será possível como celebração mundial de uma nova revolução tecnológica. Com políticas públicas adequadas, investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e formação de mão de obra qualificada, Manaus pode se transformar no maior Polo Tecnológico EletroBioEletrônico da América do Sul, dando ao Brasil a liderança de uma nova era de inovação e desenvolvimento sustentável, a melhor estratégia de recuperação do planeta. Insistimos,
a instalação de uma indústria de semicondutores em Manaus representaria uma oportunidade inovadora e única para a Amazônia receber de volta a compensação justa e inteligente de seus serviços ambientais para a humanidade.
(*) Rildo Silva é administrador de empresas, empresário e presidente do SINAEES – Sindicato da Indústria de Aparelhos EletroEletrônicos e Similares e membro da Comissão ESG do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.